Os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, durante visita do então líder brasileiro aos EUA, em 2019 (Alan Santos/PR/Agência Brasil)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 15 de julho de 2025 às 14h49.
Última atualização em 15 de julho de 2025 às 15h07.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a falar sobre o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, 15. Ele disse que não o vê como um amigo, mas como alguém que conhece e que é honesto.
"O presidente Bolsonaro é um bom homem. Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo brasileiro. Ele lutou muito pelo povo brasileiro. Ele negociou acordos comerciais contra mim em nome do povo brasileiro. Ele foi muito duro, porque queria fazer um bom negócio para o seu país", disse a repórteres, na saída da Casa Branca, ao ser perguntado sobre o tema.
"Olha, ele não é como se fosse um amigo meu. Ele é alguém que eu conheço, e eu o conheço como representante de milhões de pessoas, os brasileiros. Eles são ótimas pessoas, ele ama o país, e ele lutou muito por essas pessoas, e eles querem colocá-lo na cadeia", afirmou.
"Isso é uma caça às bruxas. Eu acho muito lamentável, ninguém está feliz com o que o Brasil está fazendo, porque Bolsonaro era um presidente muito respeitado", concluiu.
Trump também questionou à repórter que perguntou sobre o Brasil se o julgamento de Bolsonaro havia começado e como estava o andamento do processo contra ele.
Em 9 de julho, Trump anunciou uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros. Ele disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas.
A medida entraria em vigor em 1º de agosto, mas ainda não foi oficializada por uma ordem executiva. Assim, o governo brasileiro busca negociar formas de evitar que a nova taxa entre em vigor.
Nesta terça-feira, 15, estão sendo realizadas reuniões entre empresários e ministros para coordenar a estratégia de negociação do Brasil.
No tarifaço anunciado em abril, o Brasil havia ficado na categoria mais baixa, de 10% de taxas extras. Os EUA possuem superávit comercial com o Brasil. Ou seja: vendem mais produtos para cá do que os brasileiros enviam para os americanos.
No primeiro trimestre de 2025, os dois países trocaram US$ 20 bilhões em mercadorias, sendo que os EUA tiveram superavit de US$ 653 milhões, segundo dados da plataforma Comexstat, do governo brasileiro.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial brasileiro, atrás da China. O Brasil é um grande exportador de aço, café, carne, suco de laranja e outros produtos aos americanos.
Desde que tomou posse, em janeiro, Trump passou a aumentar tarifas de importação sobre outros países, sob argumento de que eles estariam trazendo problemas aos EUA.
Trump quer que as empresas voltem a produzir nos Estados Unidos, em vez de ter fábricas no exterior, como fazem há décadas para cortar custos. Assim, ao encarecer as exportações por meio de novas taxas, ele espera que mais indústrias se mudem para os EUA e gerem empregos no país.
Além disso, Trump reclama do déficit comercial dos EUA com os outros países, e usa as tarifas como meio de pressionar os parceiros a comprarem mais itens americanos. Em vários casos, houve acordos nesse sentido: um compromisso de maiores compras ou abertura de mercados a produtos dos EUA em troca de Trump desistir de novas taxas.
Assim, analistas apontam que Trump usa as novas taxas como um elemento de pressão. Ele cria um problema que não existia antes, as novas taxas, e exige que os outros países mudem de postura para não implantá-las.
Em abril, Trump anunciou uma tarifa geral de 10% extras a quase todos os países do mundo e outra taxa extra, que variava entre os países de acordo com o déficit que os EUA tinham com cada um.
Na época, houve uma crise nos mercados e o líder americano adiou as novas taxas por país até 9 de julho, sob o argumento de que daria tempo para negociações.
Na semana passada, ele adiou novamente o prazo, para 1º de agosto, e passou a anunciar novos percentuais de taxas para alguns países, que poderão ser negociados até o final de julho. A tarifa geral de 10% segue em vigor, além de outras taxas para países específicos, como China, Canadá e México, e para produtos, como aço e alumínio.