Conta em dia

Adolescentes nordestinos criam evento geek que hoje fatura R$ 5,5 milhões por ano

A paixão por filmes, séries e quadrinhos motivou 15 amigos a montarem a empresa, 22 anos atrás. Hoje, cinco deles permanecem no negócio

Sócios há 22 anos: Marcio Nazareth Filho, Ricardo Sá Busgaib, Rafael Sampaio Rocha, Igor Macedo de Lucena, Daniel Alexandre Braga e Carlos Eduardo Cavalcanti Teixeira (da esquerda para direita) (Sana/Divulgação)

Sócios há 22 anos: Marcio Nazareth Filho, Ricardo Sá Busgaib, Rafael Sampaio Rocha, Igor Macedo de Lucena, Daniel Alexandre Braga e Carlos Eduardo Cavalcanti Teixeira (da esquerda para direita) (Sana/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2023 às 07h30.

Talvez o mais antigo evento de cultura pop e geek em atividade no Brasil, com 22 anos de história, e um dos maiores do Nordeste do país, o Sana - Super Amostra Nacional de Animes foi criado a partir da reunião de 15 amigos adolescentes e o gosto comum por games, filmes e a cultura nerd. 

Realizando duas edições por ano da feira geek atualmente, a empresa por trás do evento faturou R$ 5,5 milhões em 2022, com a venda de ingressos, área de alimentação e bebidas, “naming rights” de arenas e atividades, patrocínios institucionais e apoios de leis de incentivos à cultura, “que também ajudam a deduzir impostos, além de injetar dinheiro através de instituições”, explica Ricardo Busgaib, diretor do Sana. A receita foi 38% superior à de 2021.

Como manter uma sociedade de longo prazo

Dos 15 amigos que começaram a empreitada, somente cinco permanecem: Marcio Bertrand Diniz Nazareth Filho (diretor financeiro), Ricardo Sá Busgaib Junior (diretor presidente), Rafael Sampaio Rocha (diretor comercial), Igor Macedo de Lucena (diretor de relações institucionais), Daniel Alexandre Braga (diretor cultural) e Carlos Eduardo Cavalcanti Teixeira (diretor vice-presidente). “Ao longo do tempo, algumas pessoas foram se desligando, umas por acharem que o projeto demorou muito tempo para engajar financeiramente, outras por perda de interesse”, comenta Busgaib. Para ele, a sociedade entre os cinco remanescentes tem um segredo para se manter por tanto tempo: “transparência, e fazer uma boa divisão de atividades. Apesar de a amizade existir, cada um tem a sua responsabilidade”.

Quando tudo começou, e os 15 adolescentes conseguiram colocar o evento de pé, logo viram que tinham atacado um mercado promissor. “Na nossa primeira edição, em 2001, conseguimos a participação de 250 pessoas”, conta Busgaib. “Na época, esse era considerado um número bem interessante, já que não contávamos com as redes sociais para divulgação.” 

Hoje, ele diz, o Sana é considerado a maior feira multi-temática de cultura pop e geek do Norte e Nordeste, com mais de 70 mil visitantes em cada edição. São fãs de quadrinhos, de séries, videogames, mangás, dubladores, k-pop, cultura oriental, música pop e cosplayers que frequentam o evento. “O Sana acaba atraindo vários públicos. Como já estamos há muitos anos no mercado, hoje tem frequentadores das primeiras edições que vão com seus filhos”, diz.

Segredo para o sucesso do negócio

O empreendedor acredita que o sucesso do negócio se dá porque os idealizadores não são apenas empresários, são fãs. “E, na verdade, não só nós, os organizadores, somos fãs, mas toda a equipe que trabalha é jovem e gosta dessa cultura pop e geek”, afirma. 

A última edição contou com atrações como as bandas Angra e Snowkel, da abertura do Naruto; painéis com Walter Jones, primeiro intérprete do ranger preto; e Manolo Rey, dublador do Sonic. “Sempre estamos atentos às novidades.”

Nas duas últimas edições foi montada uma arena da série sul-coreana Round 6, que foi febre na Netflix. No espaço, conta Busgaib, tinha uma réplica gigante da boneca Younghee, com três metros de altura e cabeça giratória, além de vários campeonatos de batatinha frita, em alusão ao jogo “Batatinha Frita 1, 2, 3” da série. “Por isso o Sana nunca fica um evento velho. Tem de tudo, desde o que é nostálgico, até o que é novo e conquista novos públicos.”

Fluxo de caixa saudável

Todo o investimento feito na empresa, para montar cada evento, é retirado da receita de eventos anteriores. “O Sana tem o seu caixa próprio, que retroalimenta outros eventos, nenhum dos sócios investe mais diretamente no Sana”, explica Busgaib.

Em 22 anos de história, o Sana já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e gerou, em média, 200 empregos diretos e 2 mil empregos indiretos por ano, segundo o empreendedor. Ele ressalta que, entre os empregos, diretos ou indiretos gerados pelo projeto, 50% são ocupados por minorias: mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTQIA+.

Viés social

Busgaib diz que um dos objetivos do Sana é proporcionar ao público do Nordeste a mesma experiência de eventos do segmento que acontecem na região Sudeste. “Devido à realidade da nossa região, realizamos o evento com preços bem mais módicos. Temos ainda o objetivo de seguir proporcionando acessibilidade, por meio de parcerias com projetos sociais, dando oportunidade para que jovens em situação de vulnerabilidade possam também participar do Sana.”

Na última edição, o festival arrecadou cerca de 12 toneladas de alimentos não perecíveis por meio do ingresso social. Desde 2017 a organização disponibiliza entradas gratuitas para alunos de escolas públicas. No último evento foram 8 mil ingressos para esse público, sendo 5 mil para estudantes de Fortaleza e 3 mil para alunos de Maracanaú, cidade da Região Metropolitana.

Acompanhe tudo sobre:Pan-Planejar

Mais de Conta em dia

Prédio no Brás em São Paulo pega fogo e corre risco de desabar

Os 5 terremotos mais devastadores da história; veja os países atingidos

Como saber meu score Serasa? Saiba no que a pontuação influencia

Das menores às maiores: o desafio da diversidade nas empresas brasileiras – e na EXAME