ESG

A Renault quer fazer carros a partir de outros carros e vai investir 500 milhões de euros nisso

Grupo francês lança a The Future is Neutral, empresa que vai atuar junto a desmanches e oficinas para coletar materiais recicláveis e reinserir na cadeia de produção. IPO está a caminho

The Future Is NEUTRAL: nova unidade de negócios da Renault espera atingir um faturamento superior a 2,3 bilhões de euros até 2030 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

The Future Is NEUTRAL: nova unidade de negócios da Renault espera atingir um faturamento superior a 2,3 bilhões de euros até 2030 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Um carro novo tem apenas 20% a 30% de materiais reciclados. Porém, esse mesmo veículo é composto por 85% de materiais recicláveis. Ou seja, o potencial da economia circular na indústria automotiva ainda é pouco explorado. Por conta disso, o Grupo Renault anunciou, nesta quinta-feira, 13, a criação de uma unidade de negócios voltada para economia circular: a The Future Is NEUTRAL. A nova empresa irá atuar em toda a cadeia produtiva do setor automotivo, com o objetivo de desenvolver soluções tecnológicas e industriais.

A unidade de negócios quer mobilizar uma rede de subsidiárias e parceiros para coletar peças, materiais e baterias provenientes de desmanches de veículos, refugos industriais e oficinas, durante todo o ciclo de vida do automóvel. A ambição é atingir um faturamento superior a 2,3 bilhões de euros e uma margem operacional superior a 10% até 2030.

Para isso, a Renault irá investir 500 milhões de euros na criação da subsidiária e, para dar conta do volume investido, abrirá uma parcela minoritária de seu capital para investidores externos.

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“Estamos acelerando a economia circular", afirma Luca de Meo, CEO do Renault Group. "A missão da The Future is Neutral é expandir suas atividades com planos estratégicos ambiciosos e novas perspectivas de mercado, oferecendo  soluções de reciclagem em ciclo fechado, ou seja, do automóvel para o automóvel.”

O CEO ressaltou que a a indústria automotiva que tem enfrentado desafios climáticos, novas exigências regulamentares e tensões cada vez maiores em relação aos recursos naturais. “A nossa ambição é fazer com que a reciclagem entre em uma nova era, para nos tornarmos o líder europeu da economia circular na indústria automotiva”, disse De Meo.

Manter o valor dos materiais

A The Future Is NEUTRAL quer manter o valor das peças e materiais pelo maior tempo possível, para que, em longo prazo, as montadoras de automóveis aumentem o uso de materiais reciclados provenientes da indústria automotiva para a produção de novos veículos

“No setor automotivo, o primeiro recurso subexplorado é o próprio carro, que é composto de mais de 85% de metais e plásticos”, ressalta Jean-Philippe Bahuaud, CEO da The Future is NEUTRAL. “Nossa empresa conta com o know-how para converter este potencial em novas alavancas de crescimento e encaminhar a indústria automotiva para a neutralidade de recursos, extraindo a maior quantidade possível de materiais de cada veículo para produzir um novo modelo.”

Organização interna

A unidade The Future Is NEUTRAL se baseia na subsidiária Gaia, empresa que atua com reparação de baterias, coleta e reutilização de peças e reciclagem de materiais provenientes de veículos em fim de vida (VFV), na cidade francesa de Flins. Junto com a Suez, seu parceiro de referência, esta unidade também controla duas empresas: a Indra, líder em tratamento de VFV na França, que conta com mais de 370 centros conveniados, e a Boone Comenor, especialista em reciclagem de refugo de metais provenientes da indústria.

A The Future Is NEUTRAL também oferece uma solução de consultoria na área automotiva, como treinamentos dedicados à economia circular, com o suporte do campus da Indústria Circular da Mobilidade (ICM) em Flins, dentro do projeto da universidade da empresa do grupo, a ReKnow University.

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