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World: governo suspende ‘incentivos’ com criptomoedas para registro de íris no Brasil

Projeto apoiado por Sam Altman, CEO da OpenAI, gerou polêmica após usuários compartilharem vídeos sobre a operação

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 19h11.

Última atualização em 24 de janeiro de 2025 às 19h25.

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A Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) anunciou nesta sexta-feira, 24, que decidiu suspender os "incentivos financeiros" dados pelo World para os usuários que registravam suas íris. O projeto tem chamado a atenção por oferecer criptomoedas após o registro dos olhos dos usuários.

De acordo com um comunicado da ANPD, a Tools for Humanity — empresa responsável pelo projeto e ligada a Sam Altman, CEO da OpenAI — precisará "suspender a oferta de criptomoeda ou de qualquer outra compensação financeira pela coleta de íris de titulares de dados no Brasil". A medida entra em vigor a partir do próximo sábado, 25.

A agência também determinou que o World "indique em seu site a identificação do encarregado pelo tratamento de dados pessoais". A ANPD instaurou um processo para fiscalizar o projeto em novembro de 2024, focado no tratamento de dados biométricos dos usuários.

"Em análise preventiva, a Coordenação-Geral de Fiscalização entendeu que a concessão de contrapartida pecuniária pela empresa, por meio da oferta de criptomoedas, pode prejudicar a obtenção do consentimento do titular de dados pessoais", explicou a ANPD.

O comunicado diz ainda que "nos termos da LGPD, o consentimento para o tratamento de dados pessoais sensíveis, como é o caso de dados biométricos, precisa ser livre, informado, inequívoco e fornecido de maneira específica e destacada, para finalidades específicas".

A agência avalia que a oferta de criptomoedas aos usuários "pode interferir na livre manifestação de vontade dos indivíduos, por influenciar na decisão quanto à disposição de seus dados biométricos, especialmente em casos nos quais potencial vulnerabilidade e hipossuficiência tornem ainda maior o peso do pagamento oferecido".

O processo também determinou que "o tratamento de dados pessoais realizado pela empresa se revelou particularmente grave, considerando o uso de dados pessoais sensíveis e a impossibilidade de excluir os dados biométricos coletados, além da irreversibilidade da revogação do consentimento".

O World chegou a ter suas operações suspensas em diversos países desde o lançamento, incluindo Espanha, Portugal e Coreia do Sul. Além disso, também foi alvo de multa na Argentina. Em geral, autoridades dos países apresentaram justificativas semelhantes ao do governo brasileiro.

Em comunicado enviado para a imprensa, o World afirma que "está em conformidade com todas as leis e regulamentos do Brasil. Relatos imprecisos recentes e atividades nas mídias sociais resultaram em informações falsas para a ANPD".

"Estamos em contato com a ANPD e confiantes de que podemos trabalhar com o órgão para garantir a capacidade contínua de todos os brasileiros de participarem totalmente da rede World. Estamos comprometidos em continuar a oferecer este importante serviço a todos os brasileiros", afirma.

Em entrevista exclusiva recente à EXAME, o responsável pelo projeto no Brasil também negou acusações de que o World envolve a "venda" da íris dos usuários e afirmou que o registro da íris é substituído por um código, evitando prejuízos para os usuários em caso de vazamentos.

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