Os tokens não fungíveis funcionam como registros digitais (Getty Images/Reprodução)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 17 de agosto de 2022 às 14h41.
Última atualização em 17 de agosto de 2022 às 14h55.
Os tokens não fungíveis (NFTs) conquistaram uma fatia bilionária de mercado nos últimos anos. Uma realidade cujos desdobramentos podem ser imprevisíveis, ou não, uma vez que as grandes empresas começam cada vez mais desembarcar no metaverso, na esteira do empoderamento que a Web3 promete aos usuários deste formato mais descentralizado de internet, universo que também já come a receber os grandes bancos, de olho na custódia dos patrimônios digitais criados e mantidos pelas pessoas neste novo mundo.
Este possível encontro foi um dos assuntos debatidos no painel “NFTs, tokenização de ativos e economia criativa”, realizado no último dia 11, no encerramento do Febraban Tech 2022. O debate, mediado pela jornalista Claudia Mancini, contou com a presença do head of Innovation do Bradesco, Fernando Freitas, do diretor de Estratégia de Cripto na fintech de consultoria 11:FS, Mauricio Magaldi, e do diretor de projetos da Lightfarm Studios, Uno de Oliveira, que na ocasião também explicaram as oportunidades e as mudanças de cultura que nascem a partir dos NFTs.
“Foi disruptivo o momento em que eu entendi que, com a minha arte, eu poderia gerar NFTs e comercializar em cripto. A ‘ficha caiu’ quando eu vendi meu primeiro NFT e o valor em Ethereum caiu direto na minha wallet, como mágica. Quando eu comecei a entrar nas plataformas internacionais, eu entendi que tinha uma comunidade enorme à qual eu não tinha acesso, que me foi aberta. O NFT é uma realidade e eu falo isso do ponto de vista de quem está praticando e experimentando esse universo.
Eu me lembro quando, há dez anos, vi um QR Code pela primeira vez e aquilo era um mistério. A gente ainda não tinha um celular na mão nem entendia a mecânica do uso. Hoje o NFT está no mesmo espaço: só vamos ter a noção do benefício quando comprarmos um NFT sem pensar que é um NFT”, disse Uno de Oliveira.
O diretor do Bradesco admitiu que atualmente o mercado de criptomoedas, incluindo o segmento de finanças descentralizadas (DeFi) já abarca os NFTs, sem intermediação bancária, mas ponderou que a Web3 pode requerer um novo tipo de infraestrutura.
“O mundo dos NFTs já tem seus serviços financeiros no mundo cripto e não necessariamente precisa de um banco. Mas estamos convergindo muito rapidamente para esse mundo da Web3, como uma nova forma de experiência e uma nova infraestrutura. Precisamos entender se os bancos vão querer entrar e popularizar o NFT da mesma forma que o QRCode se popularizou com o uso do Pix.
Estamos desenhando os próximos dez anos com conceitos que confrontam os pilares dos últimos 15 anos. Os casos de uso de vencedores e perdedores da Web2 levaram mais de uma década para se consolidar, e agora as pessoas querem respostas de uma coisa que ainda está em formação. Nós temos um time dedicado olhar a tokenização pela perspectiva de ativo e passivo do cliente e há inúmeros casos em que a tokenizacao pode trazer uma maior eficiência do mercado e destravar valor de diferentes setores”, avaliou Fernando Freitas.
Falando de Londres, Mauricio Magaldi definiu o metaverso e e Web 3 como um mundo “bankless” [sem banco], mas também avaliou outras questões que podem propiciar espaço às instituições bancárias junto aos NFTs e outros incumbentes ao argumentar que:
“Estamos falando que é possível viver sem os bancos, mas nem todo mundo domina os processos e plataformas desse mercado descentralizado e há um fator que pode fazer toda a diferença: a segurança. Nesse caso, os bancos oferecerem serviços de custódia e de conversão de cripto para fiat pode fazer sentido. Hoje temos portais dedicados a NFTs de música, de jogos, de fotografia, de arte… O que temos de pensar é quanto ‘mais aberto’ pode ser esse conceito de open finance e open banking para abraçar essas novas transações.”
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