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Volume transacionado com bitcoin é o menor desde junho de 2020; acumuladores batem recorde

Para especialista, movimento reflete busca por redes alternativas ao blockchain; ao mesmo tempo, acumuladores atingiram recorde

Blockchain do bitcoin tem perdido espaço como rede para transações (Reprodução/Reprodução)

Blockchain do bitcoin tem perdido espaço como rede para transações (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 24 de abril de 2023 às 14h15.

Última atualização em 25 de abril de 2023 às 09h45.

O bitcoin registrou no último domingo, 23, dois recordes importantes para o futuro da criptomoeda e do seu blockchain. Segundo dados da plataforma Glassnode, a rede em que a moeda digital foi criada atingiu o menor volume transacionado desde junho de 2020. Ao mesmo tempo, os chamados "acumuladores" do ativo chegaram ao maior número da história.

Os dados da plataforma apontam que o volume transacionado usando a criptomoeda na rede blockchain caiu para 486.690 bitcoins, mantendo uma trajetória de queda iniciada a partir de novembro de 2022, mesmo mês em que a falência da corretora de criptomoedas FTX levou a uma nova crise no setor.

O número é o menor desde 14 de junho de 2020, quando o bitcoin teve um volume transacionado de 470 mil bitcoins. Entretanto, ele está longe de ser o menor da série histórica, já que, entre 2008 e 2010, o blockchain ainda tinha pouca adesão e chegava a ter dias sem movimentações.

Apesar do baixo volume ter sido registrado no mesmo período em que a criptomoeda teve uma desvalorização, saindo da casa dos US$ 30 mil, o analista do BTG Pactual João Galhardo acredita que o movimento tende a continuar e tem mais a ver com uma saída de usuários para redes mais eficientes.

"Dadas as soluções mais eficientes para transferência de valores on-chain disponíveis hoje, muito mais rápidas e ocasionalmente mais baratas, não é de se espantar que a utilização da rede Bitcoin esteja diminuindo", afirma. Ele cita alternativas como a Ethereum e blockchains baseados nela, caso do Optimism e da Arbitrum.

Nesse sentido, o blockchain da maior criptomoeda do mercado tem se mostrado mais ineficiente e lento. Para Galhador, conforme os investidores percebem essa desvantagem - algo que começou há meses - a tendência é que o volume de transações caia cada vez mais.

Futuro do preço do bitcoin

Por outro lado, o analista vê o aumento de acumuladores da criptomoeda como positivo. A Glassnode classifica um endereço de blockchain como acumulador quando ele possui pelo menos duas transações de depósito e nunca gastou esses fundos, mas manteve-se ativo por até sete anos. O valor tem subido dia após dia em 2023, batendo recordes consecutivamente.

Foi o caso do último domingo, quando o número chegou a 812.401 endereços acumuladores. E a alta tem ocorrido mesmo com desvalorizações no preço do bitcoin, como a que ocorreu no mesmo fim de semana. Além disso, analistas seguem apostando em uma valorização da criptomoeda e de outros ativos do mercado no médio prazo.

Galhardo avalia que o recorde "indica uma aposta no bitcoin sendo uma espécie de proteção contra a economia tradicional, que aparentemente é mais frágil do que se imaginava". Por isso, o movimento tende a ser positivo para o preço do ativo no curto prazo.

A visão do analista converge com a de outros especialistas do mercado cripto, que têm visto a criptomoeda como uma espécie de "ouro digital", ou seja, um ativo de proteção financeira e reserva de valor que tende a ter um ganho de preço em momentos de crise financeira.

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