Javier Milei foi eleito presidente da Argentina com pouco mais de 55% dos votos válidos (AFP/AFP)
Repórter do Future of Money
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 13h26.
Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 09h51.
O Criptodólar, uma criptomoeda pareada ao dólar, registra uma forte valorização em relação ao peso nesta segunda-feira, 20. O movimento da stablecoin - como esse tipo de criptoativo é conhecido - ocorre após a vitória do candidato libertário Javier Milei na disputa pela presidência da Argentina, derrotando o candidato governista Sergio Massa.
Dados da empresa de tecnologia blockchain Ripio apontam que o Criptodólar valorizou mais de 5% em relação ao peso nas últimas 24 horas. No último domingo, 19, quando o resultado da eleição ainda não havia sido divulgado, a stablecoin estava cotada a 957 pesos argentinos. Já nesta segunda-feira, o seu preço é de 1.023 pesos argentinos.
As stablecoins se tornaram uma alternativa popular na Argentina como forma de ter exposição ao dólar por meio de uma opção de investimento mais prática e acessível, facilitando operações de compras e venda. No caso do Criptodólar, o ativo é pareado à moeda norte-americana, o que significa que 1 Criptodólar equivale a US$ 1.
Ao mesmo tempo, a desvalorização do peso em relação à stablecoin não representa um recorde. No final do mês de outubro, o ativo chegou a atingir um valor de 1.200 pesos, refletindo uma vitória surpresa de Milei nas chamadas prévias oficiais da eleição. Nas semanas seguintes, o peso voltou a ganhar espaço, com a stablecoin operando abaixo dos 1.000 pesos.
Por isso, na prática, a valorização do Criptodólar em relação ao peso argentino representa na verdade uma desvalorização da moeda oficial da Argentina em relação ao próprio dólar. Atualmente, o país possui diversos tipos diferentes de câmbios entre as duas moedas, mas a cotação oficial tem leve estabilidade, com 1 peso equivalendo a US$ 0,00283.
Já em relação ao real, o peso argentino opera em queda de 1,41%, com 1 peso equivalendo a R$ 0,013. A perda de valor da moeda da Argentina reflete uma apreensão do mercado em torno das ideias defendidas por Milei durante a campanha eleitoral, incluindo o fechamento do banco central argentino e uma dolarização da economia.
Nesta manhã, o presidente eleito do país disse que levará tempo para conseguir conter a alta inflação no país e para fazer mudanças nas regras cambiais. "Se você cortar hoje a emissão monetária, demora entre 18 e 24 meses para levar [a inflação] aos níveis mais baixos internacionais", destacou em uma entrevista.
Milei também reafirmou que pretende acabar com o banco central e dolarizar a economia: "Fechar o Banco Central é uma obrigação moral. Dolarizar é para se tirar de cima do Banco Central. Propomos que a moeda seja a que os indivíduos escolham". O novo presidente defende abandonar o peso e liberar as regras da economia para que qualquer moeda possa ser utilizada nas transações.
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