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Vitalik Buterin: grandes redes devem mudar mecanismo de consenso para PoS

Criador da rede Ethereum diz que todo grande blockchain, exceto o bitcoin, planeja alterar mecanismo de consenso; ele também colabora com a transição da Dogecoin

Criador do Ethereum, Vitalik Buterin diz que todas os grandes blockchains têm planos para mudar seus mecanismos de consenso para PoS (Divulgação/Divulgação)

Criador do Ethereum, Vitalik Buterin diz que todas os grandes blockchains têm planos para mudar seus mecanismos de consenso para PoS (Divulgação/Divulgação)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 18h10.

Criador da rede Ethereum, que é o segundo blockchain mais popular do mundo, Vitalik Buterin afirmou em entrevista que a maioria das redes onde circulam criptomoedas deverá mudar o seu mecanismo de consenso em breve. Ele também afirmou que está trabalhando na transição que levará a Dogecoin por esse caminho.

Uma das principais características da tecnologia blockchain é a sua descentralização. Isso significa que, ao invés de uma única entidade ter controle das informações e atestar sua veracidade (como acontece, por exemplo, na rede de pagamentos da Visa ou da Mastercard), isso pode ser feito pode qualquer participante da rede. Esse sistema, no qual os participantes verificam e validam as informações que circulam no blockchain, é chamado de "mecanismo de consenso".

O bitcoin, primeira criptomoeda do mundo e, portanto, o projeto que criou a tecnologia blockchain, utiliza um mecanismo de consenso chamado "Proof-of-Work" (PoW), ou "prova de trabalho", no qual mineradores cedem poder computacional à rede, resolvendo problemas matemáticos para gerar blocos onde as informações são armazenadas - daí o nome de blockchain, que na tradução para o português significa "cadeia de blocos".

O PoW, entretanto, convive com duras críticas por exigir um alto consumo energético, já que exige que supercomputadores conectados à rede trabalhem incansavelmente para manter a rede ativa e segura. Além disso, o mecanismo de PoW também exige o interesse dos participantes em fazer a mineração em busca das recompensas financeiras, o que é atrativo no caso do bitcoin, que é uma criptomoeda valorizada e com liquidez, mas nem tanto para redes menores.

É por isso que muitos blockchains estão mudando o seu mecanismo de consenso. Segundo Vitalik, quase todas deverão seguir por este caminho: "Todas as principais criptomoedas, exceto por uma, tem um plano ativo para mudar [o mecanismo de consenso] para Proof-of-Stake. Acho que as discussões serão ainda mais fáceis de fazer quando você souber que a Ethereum é Proof-of-Stake e quando souber que os planos da Dogecoin estão avançados e os da Zcash ainda mais adiante", disse, em conversa no UpOnly.

O "Proof-of-Stake" (PoS), ou "prova de participação", não exige uso de hardware pelos participantes da rede interessados em atuar como verificadores e validadores. Ao invés de comprar supercomputadores, eles devem comprar a criptomoeda nativa da rede - como o ether, no caso da rede Ethereum - e bloquear esses ativos como forma de participação na rede (staking). Esse sistema usa um processo de escolha pseudo-aleatório para selecionar quem será o validador do próximo bloco, com base em uma combinação de fatores que incluem o tempo de participação, a quantidade em staking e, claro, a randomização.

Além do menor custo energético, o sistema PoS também faz com que menos criptomoedas precisem ser emitidas, já que os validadores recebem as taxas de transação como recompensa, sem necessidade de geração de novos ativos para este fim. As recompensas, claro, acabam sendo menores, mas o custo para a atividade também. Outra vantagem do sistema é que, por ser mais simples e baratos, permite maior participação de cidadão comuns como validadores, ao invés de apenas grandes empresas capazes de realizar grandes investimentos, como as mineradoras de bitcoin.

No caso da rede Ethereum, que ainda utiliza o sistema PoW, existe uma proposta já bastante antiga para que o mecanismo mude para PoS. Isso depende de acordos entre desenvolvedores, usuários e mineradores, e tem demorado mais do que o previsto. De qualquer forma, o mecanismo de consenso da rede está em transição e as últimas atualizações já colocam a Ethereum cada vez mais próxima do PoS.

Ao mesmo tempo em que trabalha pela alteração do sistema na rede que ele mesmo criou, Vitalik também atua como conselheiro na Dogecoin Foundation, que por sua vez reúne, entre outros, o criador da criptomoeda-meme, Billy Markus, e o conselheiro financeiro de Elon Musk, Jared Birchall. Em dezembro, a fundação já havia publicado artigo citando a colaboração de Vitalik para a criação de uma comunidade de staking na rede Dogecoin.

Já no caso da Ethereum, a expectativa é que a mudança no algoritmo de consenso ajude a controlar a emissão de novos tokens, eventualmente tornando a criptomoeda deflacionária. Além disso, o PoS pode ajudar a resolver problemas atualmente enfrentados pela rede, como a lentidão e os altos custos das transações.

Até o momento, entretanto, não há datas definidas para a mudança no mecanismo de consenso das redes, tampouco garantia de que isso de fato vá acontecer.

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