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Vice-presidente do PayPal: "Criptomoedas são o futuro dos pagamentos”

A empresa já possui diversas iniciativas no setor e pretende trabalhar para construir um sistema de pagamentos mais moderno, rápido e seguro com as criptomoedas

Os pagamentos seriam o setor mais promissor das criptomoedas, segundo Fernandez da Ponte (24K-Production/Getty Images)

Os pagamentos seriam o setor mais promissor das criptomoedas, segundo Fernandez da Ponte (24K-Production/Getty Images)

Os pagamentos em criptomoedas sofreram um grande aumento em sua adoção nos últimos anos, e empresas como a PayPal, Visa e Mastercard direcionaram seus esforços e pesquisas para o setor. O modelo promete modernizar o sistema de pagamentos atual, trazendo as vantagens do blockchain para facilitar transações mais baratas, rápidas e seguras.

O vice-presidente sênior de blockchain, criptomoedas e moedas digitais do PayPal falou sobre o assunto e a abordagem da empresa à Coindesk nesta segunda-feira, 25. Para José Fernandez da Ponte, os pagamentos são uma das maiores promessas do universo das criptomoedas, e estaríamos nos aproximando de uma combinação de tecnologias para atingir todo o seu potencial.

Para isso, o executivo citou algumas condições necessárias para criar o ambiente ideal onde um novo e mais moderno sistema de pagamentos poderia surgir: a adoção em massa das criptomoedas e a compreensão do sistema de pagamentos e tudo que ele engloba.

Segundo Fernandez da Ponte, “um pagamento é mais do que apenas uma transação”. O executivo contou ao Coindesk que cada pagamento pode envolver uma série de processos, como o gerenciamento de disputas e reconciliações de transações, detecção de fraudes, prevenção de atividades ilegais, processamento de estornos e reversões bancárias, integração com sistemas contábeis e tratamento de impostos e relatórios financeiros.

(Mynt/Divulgação)

Tais processos precisariam ser simplificados para o cliente, ainda mais durante a transição para um modelo que utiliza a tecnologia blockchain como base. “Os consumidores e empresas exigem interfaces diretas, modelos familiares, mecanismos de feedback e analogias com os instrumentos que conhecem”, disse.

Essa também foi citada como uma das razões pelas quais as criptomoedas ainda não conquistaram o mundo. A forma como elas funcionam e a interface das principais plataformas é bem diferente do que estamos acostumados a fazer na internet e seus aplicativos, o que pode gerar certo atrito para novos entrantes. Por isso, Fernandez da Ponte sugeriu que a experiência do usuário (UX) no universo cripto fosse redesenhada pensando nos modelos mais usados atualmente.

“Para permitir a ampla adoção de pagamentos criptográficos, o objetivo é criar uma experiência de usuário semelhante às soluções que eles conhecem hoje, mas ampliada para implantar as vantagens exclusivas que os blockchains oferecem em termos de velocidade, custo, segurança, privacidade, programabilidade, e resiliência”, explicou, acrescentando que “A complexidade de calcular taxas de gás, abrir carteiras, lembrar senhas, esperar que os tokens sejam recarregados e gerenciar a custódia de ativos é uma barreira significativa à entrada de não especialistas. Combinar a segurança necessária com uma interface simples e fácil de usar será um fator determinante de sucesso para carteiras de pagamento cripto”.

A contratação de mais desenvolvedores para tornar as redes blockchain mais robustas e capazes de comportar bilhões de pessoas e o investimento em segurança cibernética também seriam extremamente necessários, segundo o vice-presidente sênior.

Para a segurança, Fernandez da Ponte sugeriu a criação de mecanismos de transação auditáveis e atestados de identidade compatíveis com um ambiente descentralizado, por exemplo. “A camada de pagamento também deve fornecer mecanismos de transação auditáveis que mantenham a privacidade de comerciantes e consumidores, evitando atividades ilegais na rede, e há a necessidade de atestados de identidade que sejam compatíveis com um ambiente descentralizado que forneçam provas adequadas na rede”, disse.

Outras três condições foram citadas pelo executivo como as responsáveis pela adoção mundial das criptomoedas, como melhorias nos mecanismos de custódia e um maior uso das stablecoins e das moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), cujo valor possui estabilidade e é atrelado à outros ativos.

Por fim, a última delas e talvez a mais importante é a necessidade de uma regulação amigável ao setor nos países de todo o mundo. “Precisamos de um ambiente regulatório com requisitos claros que sejam proporcionais às atividades reguladas e projetadas para proteger os consumidores, manter a estabilidade financeira e promover a inovação”, disse.

Fernandez da Ponte citou a ordem executiva assinada pelo presidente Joe Biden nos Estados Unidos como um dos maiores exemplos que temos na atualidade. “O processo iniciado nos Estados Unidos com a recente ordem executiva do presidente Joe Biden sobre ativos digitais é um passo bem-vindo na direção de fornecer uma abordagem de todo o governo – uma abordagem que considera os riscos que devem ser gerenciados junto com as fontes fundamentais de valor ao consumidor e inovação que a tecnologia pode trazer”, elogiou.

O vice-presidente sênior de blockchain do PayPal ainda se demonstrou animado com o que está por vir na integração da tecnologia ao sistema de pagamentos e suas peculiaridades. Agora é a hora de permitir que os indivíduos experimentem moedas digitais em um cenário que coloca a experiência e a proteção do consumidor em primeiro lugar”, disse, acrescentando que cada país terá o seu próprio jeito de trabalhar a inovação.

“Saber que o que funciona no Vale do Silício ou Berlim não funcionará em São Paulo, Cingapura ou em qualquer outro lugar é emocionante. Variações nas moedas locais, regulamentações locais, redes de distribuição locais, preferências dos comerciantes ou questões de negócios e políticas são oportunidades para inovar. É um momento emocionante fazer parte desse progresso”, afirmou.

O PayPal é uma das empresas que mais aposta na tecnologia blockchain e nos criptoativos. O cofundador da empresa chegou a investir na rede Ethereum, que abriga a segunda maior criptomoeda do mundo, logo em seu início. Dentro da gigante dos pagamentos, diversas iniciativas envolvendo o setor foram feitas, como a oferta de serviços com criptomoedas no Reino Unido e o desenvolvimento de uma criptomoeda própria.

“À medida que construímos o futuro dos serviços financeiros – e especificamente o uso de criptomoedas – é crucial que todo o ecossistema permaneça comprometido com a inovação responsável à medida que o futuro dos pagamentos é moldado e que trabalhemos coletivamente para construir uma transição inclusiva para o digital economia”, disse Fernandez da Ponte à Coindesk sobre os esforços do PayPal para com as criptomoedas.

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