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Venda de terrenos virtuais e preço dos tokens despencam: é o fim dos metaversos?

The Sandbox e Decentraland, os dois principais metaversos em blockchain do mundo, registram quedas gigantescas de atividade e acendem sinal de alerta em investidores

Metaversos em blockchain, como o Decentraland, tiveram números ruins ao longo de maio (Decentraland/Divulgação)

Metaversos em blockchain, como o Decentraland, tiveram números ruins ao longo de maio (Decentraland/Divulgação)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 31 de maio de 2022 às 11h47.

Última atualização em 31 de maio de 2022 às 12h01.

Depois de se tornar um dos dos setores mais movimentados e comentados do mercado cripto em 2021, o interesse pelo metaverso pode estar diminuindo entre os investidores. E os números das plataformas The Sandbox e Decentraland em maio soam como um alerta.

(Mynt/Divulgação)

The Sandbox e Decentraland são os dois principais metaversos em blockchain do mundo, com valores de mercado de 1,75 e 1,55 bilhão de dólares, respectivamente. Ambos têm parcerias com grandes marcas, celebridades, e ganharam os holofotes do mundo cripto com o aumento do interesse das pessoas por metaverso após o Facebook mudar o seu nome para Meta e revelar planos ambiciosos para esse modelo de plataforma.

No entanto, os últimos meses não foram bons nem para The Sandbox, nem para Decentraland, segundo dados do Dune Analytics. O primeiro registrou a negociação de apenas 1.090 terrenos virtuais em maio, o menor número dos últimos dois anos, quando o tema metaverso ainda não estava na moda e apenas 797 terrenos foram vendidos, em maio de 2020. Como referência, em janeiro de 2022 foram 16.511 terrenos vendidos em The Sandbox.

(Dune Analytics/Reprodução)

O valor médio de cada terreno também despencou, de quase 7.000 dólares no início do ano para 2.957 dólares atualmente. Apesar da queda, o valor ainda é muito maior do que os 300 dólares de maio de 2020 e até do que os 2.046 dólares de um ano atrás.

Mesmo assim, o total movimentado na venda de terrenos por mês despencou. Em maio, foram 5,7 milhões de dólares, muito menos do que os 12,7 milhões em abril de 2021, valor que se repetiu em julho e que atingiu o recorde de 75 milhões de dólares em novembro. Desde então, a queda vem se acentuando: dezembro (44 milhões de dólares), janeiro (48,7 milhões), fevereiro (27,4 milhões), março (15,3 milhões) e abril (10,5 milhões) já mostravam um cenário preocupante, agravado agora em maio de 2022.

(Dune Analytics/Reprodução)

No caso do Decentraland, a situação não é tão crítica, mas ainda assim é preocupante para os investidores. O número de terrenos virtuais vendidos por mês, que atingiu o pico de 1.551 em novembro do ano passado, agora caiu quase pela metade, totalizando 847 negociações.

O total movimentado nas vendas de terrenos virtuais também seguiu o mesmo caminho. Em novembro de 2021, foram 7,7 milhões de dólares, valor que subiu para 8 milhões em dezembro e registrou recorde em janeiro de 2022, de 8,9 milhões de dólares. Agora em maio, o total foi de 1,9 milhão.

(Dune Analytics/Reprodução)

O reflexo do mau desempenho das plataformas, claro, também aparece no preço das criptomoedas nativas das plataformas. O token SAND, do The Sandbox, que chegou a US$ 8,40 em novembro de 2021, agora é negociado a US$ 1,41, uma queda de 83%. Já o MANA, de Decentraland, cuja máxima também é de novembro de 2021, a US$ 5,85, hoje vale US$ 1,06, ou 81,5% menos.

Nos dois casos, a queda no valor de mercado das plataformas desde as máximas de novembro de 2021 são gigantescas. De quase 7 bilhões de dólares para 1,65 bilhão no caso do Decentraland e de 6,8 bilhões para 1,77 bilhão no caso do The Sandbox.

Existe luz no fim do túnel?

Os metaversos são um conceito ainda bastante novo, cuja adoção está em estágios iniciais. Ainda é cedo para afirmar se esse modelo de realidade virtual em plataformas descentralizadas e baseada em NFTs vai ou não prosperar.

O fato é que, para terem sucesso, dependem de adoção massiva das pessoas, ou seja, que o número de usuários das plataformas cresça consideravelmente e que não seja um espaço apenas para especular com terrenos virtuais e outros NFTs, mas sim que se torne um espaço de convivência no ambiente digital - seja para jogar, se divertir, fazer reuniões do trabalho, substituir as redes sociais ou quaisquer outras coisas.

E, apesar dos números negativos em relação ao total de negociações de terrenos e de volume de dinheiro movimentado, os dois metaversos têm registrado aumento no número de usuários que possuem terrenos. No Decentraland, são atualmente 4.875 pessoas, o recorde da plataforma. No The Sandbox, 16.268, ainda um pouco abaixo dos 18.924 no final de janeiro, mas com aumento nas últimas semanas.

Além disso, as iniciativas para atrair novos usuários pode mudar completamente o panorama para essas plataformas. No caso do The Sandbox, por exemplo, que já tem parcerias com marcas como a Adidas e celebridades como Snoop Dogg, em breve os usuários poderão utilizar avatares licenciados de Elvis Presley.

Com esse tipo de ação e envolvimento de grandes empresas, comunidades de fãs engajadas, entre outras possibilidade, existe a chance dos metaversos mais populares do mundo evitarem o esquecimento e, enfim, se tornarem algo popular e comparável às maiores redes sociais da atualidade. Esse momento, entretanto, ainda parece um cenário bastante distante.

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