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União Europeia divulga projeto de lei para criação do Euro Digital

Projeto do bloco tem como foco a utilização da moeda digital na área de pagamentos e busca preservar o papel da moeda fiduciária

União Europeia estuda criar uma versão digital do euro (Silas Stein/picture alliance/Getty Images)

União Europeia estuda criar uma versão digital do euro (Silas Stein/picture alliance/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 28 de junho de 2023 às 13h31.

Última atualização em 28 de junho de 2023 às 14h55.

A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, divulgou nesta quarta-feira, 28, dois projetos de lei que permitirão a criação do Euro Digital, uma versão digital da moeda fiduciária atualmente em uso no bloco. Ao mesmo tempo, as propostas buscam preservar o papel da moeda na economia europeia.

Em um comunicado sobre os projetos, a Comissão explicou que eles têm como objetivo "garantir que os cidadãos e as empresas possam continuar acessar e pagar com notas e moedas de euro em toda a zona do euro e estabelecer um quadro para uma possível nova forma digital do euro que o Banco Central Europeu poderá emitir no futuro, como complemento para o dinheiro".

Especificamente no caso do Euro Digital, o projeto de lei estabelece que a moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) seria um complemento para as notas de dinheiro e moeda, com foco no segmento de pagamentos. A ideia é que ela seja válida em todos os países que adotam o euro como moeda.

Para a Comissão Europeia, a CBDC "garantiria que pessoas e empresas tivessem uma escolha adicional ⏤ além das opções privadas atuais ⏤ que lhes permitisse pagar digitalmente com uma forma de dinheiro público amplamente aceita, barata, segura e resiliente em toda a zona do euro".

A proposta destaca que cria apenas uma base legal que possibilita o lançamento do Euro Digital. Em última instância, porém, é o Banco Central Europeu (BCE) que vai decidir se a CBDC será ou não criada. Atualmente, a autarquia tem trabalhado nesse desenvolvimento, mas ainda longe de uma fase de piloto.

A expectativa do bloco é que a moeda digital "esteja disponível para pagamentos online e offline, ou seja, os pagamentos poderiam ser feitos de dispositivo para dispositivo sem conexão com a internet, de uma área remota ou de um estacionamento subterrâneo. Embora as transações online ofereçam o mesmo nível de privacidade de dados que os meios de pagamento digitais existentes, os pagamentos offline garantiriam um alto grau de privacidade e proteção de dados para os usuários".

"Os bancos e outros prestadores de serviços de pagamento em toda a UE distribuiriam o Euro Digital a pessoas e empresas. Os serviços digitais básicos do euro seriam fornecidos gratuitamente aos indivíduos. Para promover a inclusão financeira, os indivíduos que não possuem conta em banco poderiam abrir e manter uma conta nos correios ou outra entidade pública, como uma autarquia local. Também precisará ser fácil de usar, inclusive para pessoas com deficiência", destaca a proposta.

O projeto afirma ainda que "comerciantes em toda a área do euro seriam obrigados a aceitar o Euro Digital, exceto comerciantes muito pequenos que optam por não aceitar pagamentos digitais (uma vez que o custo para configurar uma nova infraestrutura para aceitar pagamentos em euro digital seria desproporcional). O Euro Digital também pode ser uma base sólida para mais inovação, permitindo que os bancos forneçam soluções inovadoras para seus clientes, por exemplo".

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Real Digital no Brasil

O Brasil também está trabalhando na criação de uma CBDC própria, o Real Digital. O projeto brasileiro, porém, está mais avançado. O Banco Central iniciou no primeiro semestre deste ano a segunda fase de desenvolvimento da moeda digital, os testes com uma versão piloto para criar e testar a infraestrutura base do Real Digital. A expectativa é que ele seja lançado ao público até o fim de 2024.

Outra diferença em relação à União Europeia é no foco de uso. Como o Brasil já resolveu a questão de digitalizar pagamentos no varejo graças ao Pix, o projeto da CBDC brasileira tem como foco transações no atacado e em incentivar a tokenização de produtos e serviços, em especial os financeiros, como forma de facilitar o acesso a eles, reduzir custos e trazer mais eficiência ao segmento.

Em abril, o Banco Central também realizou um evento em que os participantes da primeira fase de desenvolvimento do Real Digital apresentaram possíveis casos de uso para a CBDC que foram estudados. Entre as aplicações, estão trocas de remessas internacionais, compra de imóveis e carros e acesso ao crédito.

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