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Um ano após Lei Bitcoin, só 2% das remessas internacionais usam a criptomoeda em El Salvador

Dados do banco central salvadorenho mostram que bitcoin tem sido pouco utilizado para remessas, que respondem por 23% do PIB local

El Salvador tornou o bitcoin uma moeda de curso forçado em setembro de 2021 (NurPhoto/Getty Images)

El Salvador tornou o bitcoin uma moeda de curso forçado em setembro de 2021 (NurPhoto/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 17 de agosto de 2022 às 14h18.

Um dos principais argumentos do governo de El Salvador para a criação da "Lei Bitcoin", que tornou a criptomoeda uma moeda de curso forçado no país e foi aprovada quase um ano atrás, em setembro de 2021, era de que o bitcoin poderia ser uma alternativa mais rápida e barata para envio de remessas internacionais - operação financeira que responde por 23% do PIB salvadorenho. Na prática, entretanto, pouquíssimas pessoas têm usado essa opção.

(Mynt)

É isso que mostra levantamento do jornal "El Diário de Hoy", um um dos mais importantes de El Salvador, citando dados do banco central local. De acordo com a publicação, entre setembro de 2021 e junho de 2022, apenas US$ 120,46 milhões (R$ 623 milhões) em criptomoedas entraram no país, o que representa menos de 2% do total de US$ 6,4 bilhões em remessas internacionais enviadas para salvadorenhos no período.

Em outubro do ano passado, um mês após a aprovação da lei, US$ 29,68 milhões em bitcoin foram enviados para carteiras de cidadãos salvadorenhos. Nos meses seguintes, entretanto, o número caiu consideravelmente, e não voltou a superar a marca de US$ 20 milhões mensais em nenhuma oportunidade - em alguns meses, inclusive, mal passou de US$ 10 milhões.

O banco central de El Salvador não confirma se os dados se referem apenas à carteira cripto oficial do governo de Nayib Bukele, chamada Chivo, que foi lançada juntamente com a aprovação da lei. No caso de incluir todas as carteiras cripto disponíveis, a leitura dos dados é ainda mais negativa.

O "Diário de Hoy" também afirma que, na capital San Salvador, os caixas eletrônicos da Chivo, onde os usuários podem conectar suas carteiras para comprar e vender bitcoin, "estão sempre vazios". A publicação também afirma que muitos comércios deixaram de exibir placas informando que o bitcoin é aceito como método de pagamento. Como a "Lei Bitcoin" obriga as empresas a aceitar a criptomoeda, é provável que a medida seja apenas uma forma dos comerciantes tentarem desestimular a sua utilização.

Alejandro Zelaya, ministro das Finanças de El Salvador, negou a situação, dizendo que os salvadorenhos "continuam usando bitcoin e a carteira cripto Chivo".

O volume de remessas internacionais para El Salvador é elevado porque muitos salvadorenhos deixam o país para buscar melhores oportunidades em outras regiões. Enquanto o país da América Central tem cerca de 6,5 milhões de habitantes, 3 milhões de salvadorenhos vivem em outros países. Essas pessoas enviam dinheiro para familiares e, assim, fazem com que as remessas internacionais representem um parte significativa do PIB local.

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