(Cristiano Mariz/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 09h38.
Detentora da maioria esmagadora da produção nacional, a agricultura familiar brasileira se encontra muito distante quando o assunto é representatividade no mercado de capitais. Lacuna que também é percebida pelos investidores de varejo dessas commodities, mas que começa a apresentar mudança através da tokenização, que é o uso da tecnologia blockchain em diversos segmentos de negociação.
O que representa dizer que a entrada do setor “excluído” pode representar um divisor de águas para o crescimento do mercado brasileiro. Isso porque, agricultura familiar no Brasil alcançou 77% de toda a produção nacional segundo o Anuário Estatístico Familiar 2023, divulgado em julho do ano passado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese).
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entre 2020 e 2022, os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) saíram de zero para 7.265 emissões em um intervalo de dois anos. Esse crescimento é praticamente o inverso das ações das companhias negociadas em bolsa, que atingiram um pico de quase oito mil em 2021 e caíram a zero emissões no ano seguinte.
No caminho da democratização de investimentos no setor, a Liqi, empresa especializada em soluções de infraestrutura blockchain, fechou uma parceria no final do ano passado com a Nagro, fintech especializada em crédito rural, voltada à tokenização de cédulas de crédito bancário (CCBs) de financiamento de produtores rurais. Atualmente, a empresa acumula mais de R$ 100 milhões em tokenização, em diversos setores.
“A tokenização é mais um caso de uso interessante, que a gente já vem fazendo junto com a Nagro e vem olhando outros parceiros do mercado agro, para que a gente possa dar instrumentos de captação mais eficientes para o mercado. É um setor estratégico para o Brasil, para o mercado de capitais, então a tokenização é mais um veículo, além dos que já existem, para ajudar o produtor rural, as empresas desse setor, a terem outras opções de capitação”, explicou o CEO da Liqi, Daniel Coquieri.
A proposta é uma alternativa ao produtor rural voltada ao financiamento de suas atividades por meio do aporte fracionado peos investidores, já que o token custa R$ 25 enquanto o recebimento comporta a quitação dos criptoativos somado a recebimento de uma porcentagem de rendimento e isenção de imposto de renda.
Por outro lado, os CCBs representam apenas uma das diversas possibilidades voltadas à tokenização agropecuária inclusiva aos pequenos investidores. No rol das alternativas ainda estão os tokens lastreados em produção, no caso os tokens de Cédulas do Produto Rural (CPRs) e tokens de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), criptoativos já disponíveis no mercado.
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