A "The Economist" já criticou criptomoedas anteriormente (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 17 de maio de 2023 às 16h40.
Última atualização em 17 de maio de 2023 às 16h50.
A revista The Economist, uma das mais lidas e famosas do mercado financeiro, publicou um artigo na última segunda-feira, 15, em que afirma que o setor de criptomoedas "não cumpriu sua promessa" de revolucionar o mercado financeiro e tem enfrentado dificuldades para ampliar sua adoção, mesmo tendo tido uma recuperação parcial em 2023.
No artigo, a publicação afirma que "as atitudes em relação ao setor cripto se tornaram polarizadas", com alguns acreditando que a "promessa" do segmento de revolucionar o mundo das finanças "foi quebrada" conforme o próprio mercado financeiro adota novas tecnologias para se modernizar.
Um dos exemplos citados pela revista para simbolizar os problemas do setor foi a decisão por Singapura, até então um hub de criptomoedas, de obrigar uma pausa nas operações da exchange Binance em dezembro de 2022. Ao mesmo tempo, a revista acredita que "bolsões de esperança ainda existem".
Um deles é a valorização de mais de 60% do bitcoin em 2023, impulsionada especialmente pelo colapso de bancos nos Estados Unidos, incluindo o Silicion Valley Bank". "Existem algumas evidências que sugerem que as criptomoedas conquistam mais adeptos em países afetados por alta inflação ou desvalorização da moeda, como Argentina e Nigéria", pontua a publicação.
Nesse sentido, a "The Economist" defende que "os argumentos mais fortes a favor da adoção das criptomoedas sempre existiram onde as alternativas eram piores". Porém, na visão da revista, esse não é mais o caso para o uso de cripto como meio de pagamento. Citando meios de pagamento instantâneo como o UPI da Índia e o Pix do Brasil, a publicação crê que as criptos perderam vantagem, sendo mais caras que essas ferramentas.
O texto também cita os problemas regulatórios que o setor tem enfrentado. Na visão da "The Economist", a confiança em empresas é um fator essencial para uma adoção maior das criptomoedas, mesmo que o setor tenha surgido inicialmente com o argumento de não demandar nenhuma confiança de seus usuários.
"Os defensores das criptomoedas agora afirmam querer regulamentação para reduzir a incerteza e reconquistar a confiança dos consumidores. Mas os reguladores têm ido muito além do esperado", destaca o texto, citando em especial as ações recentes de reguladores dos Estados Unidos.
Na visão da "The Economist", a tendência é que as ações dos reguladores tornem as transações com criptomoedas mais caras, desencorajando sua adoção para esse uso. Ao mesmo tempo, ela acredita que "uma regulação amigável pode ajudar a indústria", citando o exemplo de Dubai como um local que soube usar a regulação para atrair empresas do setor.
"A questão então é: se cripto enfrentar a mesma regulamentação que as fintechs, ela oferece algo de valor exclusivo?", questiona a publicação. Para a revista, o setor ainda teria aplicações e alguns casos potenciais de adoção em larga escala. Uma delas seria o refúgio para investidores em momentos de alta inflação ou depreciação de moedas, surgindo como uma alternativa.
Haveria, ainda, o seu uso para a realização de pagamentos transfronteiriços, reduzindo custos e trazendo mais agilidade para as operações. Entretanto, ela acredita que o segmento pode enfrentar competição de fintechs nessa área, conforme outras tecnologias são usadas.
Sem se aprofundar sobre o potencial das criptomoedas, em especial o bitcoin como reserva de valor — um uso que tem ganhado espaço entre investidores — a "The Economist" acredita que "as criptomoedas não vão refazer o sistema financeiro global porque não se provaram eficientes ou imunes à regulação".
Ao invés disso, a revista, que já havia criticado anteriormente os criptoativos, acredita que a digitalização da economia e uso de novas tecnologias poderá ser bem-sucedida por meio da ação de bancos centrais, sugerindo que projetos como o Real Digital poderão ser os verdadeiros responsáveis por remodelar o sistema financeiro mundial.
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