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Temporada de alta à vista em cripto? Entenda como funcionam os ciclos de mercado

"Compre ao som dos canhões e venda ao som das trombetas". Se você não capturou o sentido da frase, a hora é essa: entenda como funcionam os ciclos de mercado cripto e como se beneficiar

Stock market analysis on digital tablet (leungchopan/Envato/Reprodução)

Stock market analysis on digital tablet (leungchopan/Envato/Reprodução)

FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 10h00.

Os investidores comemoraram da melhor forma a vitória da gestora Grayscale em processo contra a Comissão de Valores Mobiliários americana: comprando criptomoeda, claro. Depois de um período meio borocoxô, o bitcoin protagonizou um rali que entusiasmou o mercado no início desta semana. O bom humor, porém, não durou.

Mesmo com a nova sentença, que obriga a SEC a revisar o pedido da Grayscale para transformar seu fundo de bitcoin em ETF, a agência reguladora não deve ceder tão facilmente. Na quarta (30), o banco alemão Berenberg alertou que a vinculação do fundo à Coinbase (que está sendo processada pela reguladora) na futura oferta de ETF pode minguar nossas expectativas de aprovação.

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Ainda que a SEC encontre novos argumentos, o triunfo da Grayscale é uma enorme conquista e tem tudo para mudar a cena cripto.

Com isso, podemos vislumbrar, em um horizonte próximo, a gestora e todas as outras alinhadas na fila de pedidos de ETFs de bitcoin à vista estabelecerem um novo marco para os ativos digitais.

E por que esses ETFs são assim tão importantes?

Porque podem funcionar não só como propulsores de um novo ciclo de alta, mas também abrir as portas para uma adoção em massa. Vamos aprofundar.

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Imagine:você é um investidor de varejo e, como tal, está livre para escolher uma corretora, abrir uma conta e comprar bitcoin. Relativamente rápido e fácil, certo?

Agora, para os investidores institucionais (aqueles que trazem o capital pesado ao mercado) terem exposição a cripto, o processo não é tão simples assim. Existe uma série de regras e obstáculos, como questões de custódia, oferta e, claro, regulamentação, que exige dos institucionais um caminho diferente para investir em ativos digitais.

É aqui que entram os ETFs ou Exchange Traded Funds em inglês. Eles são instrumentos regulados e negociados na bolsa de valores, o que garante mais liquidez e segurança para as instituições (empresas, bancos, fundos de pensão, seguradoras, etc.) que desejam embarcar na criptoesfera.

Portanto, caso sejam aprovados ETFs de bitcoin à vista nos EUA, veremos uma enxurrada de capital institucional sendo injetado em cripto. Aliás, na Europa, o primeiro ETF do tipo acaba de ser listado pela Jacobi Asset Management na Euronext, em Amsterdã.

Só o impacto que a Grayscale pode causar, sendo hoje a controladora do maior fundo de bitcoin do mundo, é bastante significativo, já que detém mais de 620 mil bitcoins, ou seja, uma boa porcentagem do fornecimento limite de 21 milhões de unidades da moeda.

Pensem ainda que gigantes como BlackRock e Fidelity também estão no páreo. Eu não tenho receio de dizer para vocês: no meu ponto de vista, a aprovação desses ETFs será um grande catalisador do próximo ciclo de alta.

Agora, vamos em frente. Após entendermos a importância dos ETFs, vamos nos inteirar um pouco mais sobre os ciclos de mercado.

Ciclos de mercado

Os ciclos de mercado são padrões de comportamento nos mercados financeiros que se repetem ao longo do tempo. Eles podem variar em duração e intensidade, seja por influência de eventos intrínsecos a um ativo, como seus fundamentos, ou externos, como os cenários
macroeconômico e político, incluindo o geopolítico, como vivenciamos hoje no caso da guerra Rússia-Ucrânia.

Embora sejam impactados por esses fatores, os ciclos geralmente passam por algumas fases básicas, como vocês podem ver a seguir:

Acumulação

Anterior ao início de um novo ciclo de alta. A fase é geralmente marcada por uma estabilidade dos preços, ou lateralização, que pode acontecer na sequência de um ciclo de baixa ou correção após uma alta significativa. A acumulação ocorre à medida que os investidores mais experientes passam a acumular criptos a preços mais baixos.

Alta

Os ativos começam a ganhar força e os preços sobem. Nessa fase, a demanda supera a oferta, levando a ganhos substanciais em um curto período. O hype não demora a dar as caras e, com o empurrãozinho de uma cobertura intensa da mídia, cada vez mais investidores são atraídos para as compras, o que contribui para a elevação dos preços.

Euforia

Os preços atingem níveis excepcionalmente altos e os investidores desavisados têm a ilusão de que os ganhos serão contínuos e ilimitados. A atividade de negociação no mercado atinge o auge. A fase, porém, costuma ser seguida por uma correção significativa de preços, por conta da realização de lucros, levando a uma reversão de tendência.

Correção

A euforia é interrompida pela correção de preços com a realização dos lucros. Os preços começam a ceder, com a possibilidade de quedas acentuadas e intensas. A incerteza se instala no mercado, assustando os menos experientes, que muitas vezes se deixam levar pelo pânico e vendem seus ativos. Já os mais experientes aproveitam os descontos para comprar novamente.

Pânico

Desespero e pessimismo são duas palavras que descrevem bem o período. Os preços despencam e narrativas como “O bitcoin morreu” voltam às manchetes. No entanto, essa fase muitas vezes marca o ponto de virada do ciclo, pois os investidores mais experientes começam a enxergar oportunidades de compra a preços historicamente baixos.

Entendidas as fases, a próxima pergunta a ser respondida é: como podemos nos beneficiar com isso?

A primeira vantagem é aprender a identificar as fases de acumulação e correção, nas quais os preços dos ativos estão em geral mais baixos. Surgem daí excelentes oportunidades para aproveitar descontos e maximizar os ganhos no longo prazo.

A compreensão nos ajuda também a fazer uma gestão de risco mais apurada. Podemos ajustar as estratégias de alocação de ativos e posições com base nas diferentes fases do ciclo.

Além disso, ao observar os ciclos de mercado passados, temos uma visão mais ampla das tendências de longo prazo das criptos. Esse panorama pode nos ajudar a antecipar possíveis flutuações e cenários futuros, e assim ajustar as estratégias.

Quem conhece os ciclos ainda estará mais apto a lucrar com eventos típicos do mercado de criptomoedas, como o halving do bitcoin. Não entende direito o que é? Leia a minha coluna sobre o assunto.

O fenômeno acontece de quatro em quatro anos e, historicamente, abre uma temporada de alta no preço do bitcoin, que costuma se estender aos ativos digitais como um todo.

Os padrões no mercado funcionam como uma espécie de guia para os investidores, mas temos que deixar bem claro aqui: não há como prever com exatidão, nem perto disso, o que vai acontecer. Portanto, entenda o mecanismo como um todo, porque há mais elementos surpresas no mercado de criptoativos do que sonha a vã filosofia.

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