Poder computacional do bitcoin está próximo de seu nível mais alto (SOPA Images/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 4 de outubro de 2021 às 18h58.
Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 19h27.
Cerca de três meses depois que a China proibiu a mineração de bitcoin, o poder computacional do principal blockchain do mundo está perto de atingir um novo recorde. O dado aponta que a pressão do governo chinês contra a atividade não afetou a rede Bitcoin como muitos imaginavam que aconteceria — e a alta do poder computacional do bitcoin pode ter impacto direto no seu preço.
O poder computacional da rede, medido por uma taxa chamada "hashrate", é um indicador que aponta quantidade de cálculos, verificações e validações que as máquinas conectadas ao blockchain conseguem processar por segundo na rede Bitcoin. Quanto maior a hashrate, maior o número de computadores conectados à rede e, portanto, maior sua descentralização, sua segurança e também a velocidade das transações.
Além de ser uma importante medida para a "saúde" da rede, a hashrate também é um importante indicativo da atividade de mineração de bitcoin — e, não por acaso, o número despencou quando a China proibiu a atividade, já que o país era responsável pela maioria do poder computacional na rede Bitcoin.
No entanto, com uma migração rápida para outros países, a hashrate do bitcoin já voltou aos patamares de antes da proibição e, agora, está a caminho de quebrar o recorde registrado em abril, quando chegou a 198 hexahashes por segundo (EH/s). No último final de semana, o número chegou a 181 EH/s, depois de atingir a mínima do ano de 61 EH/s em julho — os dados são da Glassnode.
Assim, a alta das últimas semanas mostra que a rede Bitcoin passou imune à pressão do governo chinês e já se adaptou à uma nova realidade, com mineradores de bitcoin baseados em outras regiões. Mas, além da "saúde" do blockchain, o aumento da hashrate também pode indicar uma possível alta no preço da criptomoeda.
Quando sobrepostos, os gráficos do preço e da hashrate do bitcoin são muito parecidos (veja abaixo). A correlação entre ambos é indiscutível, mas suas causas — ou se de fato existem alguma causa — ainda não são totalmente claras.
A explicação mais óbvia se apoia no fato de que, quando o preço da criptomoeda sobe, a mineração é mais lucrativa e, como consequência, mais poder computacional entra na briga por uma fatia do bolo. Quando o preço cai, a atividade fica menos rentável e alguns mineradores passam a concentrar esforços em outros ativos digitais ou simplesmente desligam parte da operação para reduzir custos.
No entanto, nem sempre este é o fator preponderante, e muitos especialistas afirmam que são necessários mais alguns anos de análise dos dados até uma resposta definitiva.
Há quem diga, por exemplo, que se a hashrate está subindo e o preço do bitcoin também, isso pode significar que os mineradores estão se antecipando ao movimento de alta para continuarem operando e estão emitindo criptomoedas para se beneficiar nas faixas de preço mais altas.
Se relação entre preço e hasrate do bitcoin ainda é uma adaptação do debate sobre o ovo e a galinha no universo dos criptoativos, o fato é que o poder computacional da rede bitcoin se aproxima de um novo recorde, e é importante estar atento para possíveis impactos de preço nos próximos dias.
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