Bitcoin e as principais criptomoedas podem sofrer quedas com aumento na taxa de juros dos EUA (Reprodução/Unsplash)
Movimentando cerca de US$ 68 bilhões nas últimas 24 horas, o mercado de criptomoedas segue “andando de lado” enquanto aguarda pelas decisões do banco central norte-americano quanto à inflação recorde no país. Sua capitalização continua abaixo de US$ 1 trilhão, atualmente em US$ 975 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.
Cotado a US$ 19.253, o bitcoin sobe 1,43% nesta quarta-feira, 21, de acordo com dados do CoinMarketCap. Perdendo 3,45% em volume de negociação, a principal criptomoeda ainda cai 5,43% no cenário semanal.
Por outro lado o ether, passada a euforia da atualização da rede Ethereum na última semana, volta a responder por influências macroeconômicas assim como o bitcoin. No aguardo pela decisão do Fed, a criptomoeda nativa do blockchain Ethereum é cotada a US$ 1.351 e sobe 1,17% nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Historicamente negativos para ativos de risco como as criptomoedas, aumentos na taxa de juros dos Estados Unidos surgem em momentos de hiperinflação e risco de recessão econômica. Só em 2022, uma série de aumentos foram realizados pelo Fed, o banco central norte-americano. Segundo o presidente da instituição, controlar a inflação é sua maior prioridade.
Chamada de “superquarta”, está agendada para esta quarta-feira, 21, uma reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) que irá definir se haverá ou não um novo aumento na taxa de juros dos EUA. Especialistas e economistas de todo o mundo esperam que um aumento de 0,75% seja anunciado pelo presidente do Fed, mantendo sua postura agressiva contra a inflação no país.
No entanto, ainda existe uma parcela de nomes importantes para o mercado financeiro que acreditam que o aumento pode ser ainda maior, de 1%. Ainda que sejam apenas 16% contra 84%, segundo informações do CME Group, entre eles estaria o megainvestidor Warren Buffet.
“Quanto as repercussões imediatas da elevação, a maior parte da reação do mercado geralmente ocorre após o discurso de Powell, observando o tom e indicativos de como o FED deve agir nos próximos encontros. Apesar disso, o fato do mercado já ter entrado num consenso quanto a elevação de 0,75% faz com que, se esse for mesmo o percentual de elevação, devemos ver um pessimismo moderado nas classes de ativos de risco, principalmente os digitais”, afirmou Thiago Rigo, da Titanium Asset Management.
No entanto, caso o aumento chegue a 1%, o cenário pode mudar, pegando muitos investidores de surpresa e gerando alarde sobre uma possível recessão nos Estados Unidos. O país entrou em estado de recessão técnica recentemente, a partir dos resultados do PIB do segundo trimestre. No entanto, a indicativa não significa necessariamente uma recessão na prática, conforme explicaram economistas do BTG Pactual na época.
“Caso ocorra um aumento de 1%, é esperado que as cotações das principais criptomoedas caiam vertiginosamente, com os investidores buscando se livrar de suas posições mais arriscadas. Um movimento como esse faria com que uma possível recessão seja dada como certa, com o Fed indo até as últimas consequências para tentar destruir a resiliência do mercado de trabalho e trazer a inflação aos patamares esperados no menor espaço de tempo possível”, acrescentou Thiago.
Por isso, a data de hoje é de extrema importância tanto para o mercado de criptomoedas quanto para a economia global, que costuma ser muito afetada pelos desdobramentos que ocorrem nos Estados Unidos. De acordo com Thiago, o bitcoin e as principais criptomoedas sofrerão um teste de resistência nesta quarta-feira, 21, que pode continuar à medida que o ciclo de aperto monetário do Fed se intensifica.
“Nesse cenário, a recomendação é que o investidor em criptoativos sempre pondere os fatores macroeconômicos ao compor sua carteira, tentando se posicionar para possíveis novas quedas enquanto atravessamos este inverno cripto”, conclui o analista da Titanium Asset Management.
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