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Sem ‘Drex dos EUA’? Governo Trump vai priorizar stablecoins ao invés de CBDC

Criação de moeda digital de banco central foi alvo de críticas por membros do partido de Donald Trump e barrada pelo presidente

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 14h58.

Última atualização em 24 de janeiro de 2025 às 15h09.

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O decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última quinta-feira, 23, trouxe uma série de novidades para o mercado de criptomoedas. E, entre elas, está a ordem do político para barrar qualquer avanço no desenvolvimento de uma moeda digital de banco central (CBDC, em inglês), impedindo projetos como o Drex no Brasil.

Na ordem presidencial, o governo afirma que as CBDCs "ameaçam a estabilidade do sistema financeiro, a privacidade individual e a soberania dos Estados Unidos" e que, por isso, estaria proibido "o estabelecimento, emissão, circulação e uso" de CBDCs no território dos Estados Unidos.

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A decisão ocorre após meses de críticas por parte de membros do Partido Republicano, o mesmo de Trump, à possibilidade do país criar um "Dólar Digital". Em alguns estados, a emissão e circulação de uma CBDC já foi proibida. Em geral, os críticos alegam que o projeto traria riscos à liberdade individual e privacidade da população ao dar mais poder de monitoramento de informações para o governo.

Além disso, o decreto de Trump indica que sua administração vai priorizar a expansão de stablecoins, criptomoedas pareadas a outros ativos, em especial moedas fiduciárias. Na prática, portanto, os Estados Unidos devem seguir um caminho diferente da União Europeia e de países como Brasil, China, Índia.

Stablecoins ou CBDCs?

A principal diferença entre uma stablecoin de moeda fiduciária e uma CBDC é o emissor do ativo digital. Como o nome sugere, as CBDCs são emitidas pelos bancos centrais de cada país, que também são os responsáveis pela garantia de paridade do ativo. Por exemplo, 1 unidade de Drex sempre será equivalente a R$ 1.

Já no caso das stablecoins, a emissão e garantia de paridade fica sob responsabilidade de um ente privado. No momento, o mercado de stablecoins é dominado por duas empresas, a Tether e a Circle, ambas emissoras de stablecoins pareadas ao dólar, a USDT e a USDC. Com isso, as empresas emissoras de stablecoins devem ser as grandes beneficiadas da decisão de Trump.

Em entrevistas à EXAME, integrantes do mercado cripto afirmaram em diversas ocasiões que não esperam que o Drex substitua as criptomoedas privadas, incluindo stablecoins. A visão é que os dois segmentos poderão conviver juntos.

Críticas a CBDCs

Desde que o projeto do Drex foi anunciado no Brasil — e quando ele ainda se chamava Real Digital —, o Banco Central reconheceu que a inspiração para o desenvolvimento eram as stablecoins e sua rápida adoção no mercado. E que o objetivo era oferecer uma alternativa de ativo digital pareado ao real que fosse confiável, respaldado pelo próprio BC.

Por outro lado, há quem critique esse tipo de projeto. O principal ponto levantado é que o uso da tecnologia blockchain por entes estatais pode facilitar o monitoramento de informações da população, dando mais poder e possivelmente mais controle para o Estado e reduzindo a privacidade.

O Banco Central, porém, nega essas acusações. A autarquia destaca que a privacidade é uma parte essencial no desenvolvimento do Drex, com a obrigação de respeitar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e que essa preocupação tem feito parte dos testes da CBDC brasileira desde o início.

O BC informou ainda que a plataforma Drex também contará com a participação de agentes financeiros privados, impedindo uma centralização de poder e monitoramento em torno da autarquia. No momento, mais de 50 empresas participam dos testes com o piloto do Drex.

Também foi informado que o Drex contará com funções para congelamento de recursos de usuários, mas apenas quando houver ordem judicial correspondente, como já ocorre no sistema financeiro tradicional. O BC destacou ainda que o projeto respeitará o sigilo bancário, previsto em lei.

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