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SEC hackeada? Invasão de um dos maiores reguladores do mercado será investigada pelo FBI

Perfil do regulador no X, antigo Twitter, chegou a compartilhar falsa aprovação de pedidos de ETFs de bitcoin

SEC teve conta em rede social invadida, com publicação falsa sobre ETF de bitcoin (Getty/Getty Images)

SEC teve conta em rede social invadida, com publicação falsa sobre ETF de bitcoin (Getty/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 13h55.

Última atualização em 10 de janeiro de 2024 às 16h53.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, é considerada um dos mais importantes reguladores do mercado financeiro mundial, responsável por supervisionar as bolsas de valores da maior economia do mundo. Entretanto, na última terça-feira, 9, a autarquia foi alvo de uma invasão em sua conta no X, antigo Twitter, que expôs falhas de segurança e será investigada pelo FBI.

O caso teve uma repercussão ainda maior por envolver um evento aguardado há anos por muitos investidores do mercado de criptomoedas: a possível aprovação de ETFs de bitcoin. Pedidos de lançamento do fundo estão atualmente em análise pelo regulador, com uma aprovação sendo quase consenso entre especialistas.

Agora, porém, a SEC precisará lidar também com as consequências do episódio, que deve se desdobrar em investigações e novidades nos próximos dias.

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Conta da SEC invadida

O caso começou por volta das 18h da última terça-feira, 9, quando o mercado foi pego de surpresa por uma publicação na conta da SEC no X, afirmando que o regulador teria aprovado diversos pedidos de lançamento de ETFs de bitcoin e trazendo uma declaração do presidente da autarquia, Gary Gensler, sobre a decisão.

O mercado esperava que a aprovação ocorresse apenas na quarta-feira, 10, mas imediatamente começou a reagir à notícia positiva. O bitcoin chegou a iniciar um movimento de alta, superando os US$ 47 mil. Minutos depois, porém, Gary Gensler usou seu perfil pessoal para revelar que a conta da SEC na rede social tinha sido "comprometida".

"A conta da SEC foi comprometida e e um tweet não autorizado foi postado. A SEC não aprovou a listagem e negociação de produtos negociados em bolsa de bitcoin à vista", disse. A publicação foi deletada pouco tempo depois e a SEC retomou o controle da conta, confirmando que ela havia sido invadida.

O estrago, porém, já estava feito. O bitcoin reverteu seu movimento de alta e entrou em queda até a manhã desta quarta-feira, operando atualmente com um preço pouco acima dos US$ 45 mil. Também nesta quarta-feira, o X confirmou que a conta do regulador foi realmente invadida, encerrando especulações de que a informação poderia ser uma mentira do regulador para esconder um erro que levou à publicação.

Em um comunicado, o X disse que realizou uma "investigação preliminar". "Com base na nossa investigação, o comprometimento não ocorreu devido a qualquer violação dos sistemas do X, mas sim ao fato de um indivíduo não identificado ter obtido controlo sobre um número de telefone associado à conta através de um terceiro", ressaltou.

"Também podemos confirmar que a conta não tinha a autenticação de dois fatores habilitada no momento em que a conta foi comprometida. Encorajamos todos os usuários a ativar esta camada extra de segurança", afirmou a rede social.

Investigação do FBI

Após o caso, a SEC já afirmou que pretende investigar a invasão e cooperar com outras autoridades, mas não deu detalhes sobre o escopo das apurações e quanto tempo elas deverão durar. Posteriormente, no entanto, a autarquia anunciou o envolvimento do FBI nas investigações do caso.

À Fox Business, especialistas afirmaram que o regulador pode ser obrigado a não apenas investigar o caso, mas também compartilhar detalhes sobre o ocorrido.

Um advogado disse que a variação significativa no preço do bitcoin pode exigir uma investigação sobre possível manipulação de mercado por meio da invasão, algo "com certeza" ocorreria se a situação envolvesse uma empresa privada ao invés da SEC. Na prática, ele acredita que a autarquia "violou suas próprias regras de cibersegurança".

Especialistas apontam ainda que a própria SEC aprovou em julho regras de gerenciamento de risco de cibersegurança que obrigam entidades reguladas a "divulgar materiais sobre qualquer incidente de cibersegurança, além de informações sobre gerenciamento de risco e governança".

Nesse sentido, o próprio regulador pode ser obrigado a apurar todo o caso, incluindo possíveis falhas na sua política de segurança digital. Ao mesmo tempo, deputados e senadores da oposição nos Estados Unidos compartilharam críticas ao regulador e também exigiram mais explicações sobre o caso, o que pode resultar em uma audiência pública no Congresso do país.

Apesar de ainda ser cedo para prever todos os desdobramentos da invasão, a investigação deverá ser aberta e possíveis punições não são descartadas. Já Gensler deve continuar a ser criticado por congressistas, com mais um motivo para justificar pedidos de renúncia do regulador que se acumularam ao longo de 2023.

No momento, a SEC ainda não forneceu nenhuma informação sobre a possível causa para a invasão. Nas redes sociais, especialistas disseram que o caso pode ter sido um ataque de SIM Swap, prática que tem ganhado popularidade entre hackers e já fez vítimas famosas, como o criador da Ethereum Vitalik Buterin.

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ETFs de bitcoin vão ser aprovados?

Eric Balchunas, analista de ETFs da Bloomberg, afirmou que a invasão não deve afetar o atual cronograma da SEC, que envolveria a aprovação dos fundos ainda nesta quarta-feira, 10. A data é o prazo limite para a análise do pedido da Ark Invest, mas outras solicitações também devem ser liberadas.

"Mesmo após o incidente de ontem, o mercado segue na expectativa de uma aprovação hoje, data final para a decisão da SEC. O mais plausível é que a decisão seja divulgada após o fechamento do pregão norte-americano”, avalia João Galhardo, analista de research da Mynt, plataforma de criptoativos do BTG Pactual.

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