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Reservas de criptomoedas em empresas são a nova tendência do mercado; qual o impacto nos preços?

Apesar de existir há quase cinco anos, uso de criptomoedas como reserva por empresas ganhou tração apenas nos últimos meses, beneficiando diversos ativos

Criptomoedas: criação de reservas corporativas com cripto ganhou força (Reprodução/Reprodução)

Criptomoedas: criação de reservas corporativas com cripto ganhou força (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 16h03.

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Em 2020, a MicroStrategy, empresa sobrevivente da Bolha da Internet mas com pouca relevância desde então, surpreendeu o mercado ao anunciar que passaria a comprar unidades de bitcoin para criar reservas corporativas da criptomoeda. Anos depois, diversas empresas entraram nessa onda, que agora é a grande novidade do mercado financeiro.

Apesar da Strategy, como a empresa é conhecida agora, ter sido alvo de críticas e dúvidas sobre a eficácia da estratégia, a aposta acabou dando certo: cinco anos depois, os papéis da companhia dispararam e bateram recorde, e a antiga fama foi recuperada. Agora, outras empresas buscam replicar o movimento, em busca do mesmo sucesso.

Além disso, o bitcoin deixou de ser a única criptomoeda usada como reserva. Ether, Solana e BNB estão entre os ativos escolhidos, mas algumas empresas até anunciaram a compra de criptomoedas meme para uso como reserva. Mas qual é o impacto efetivo desse movimento para o mercado cripto?

As tesourarias corporativas de bitcoin

Matheus Parizotto, analista da Mynt, a plataforma cripto do BTG Pactual, explica que o "experimento" iniciado pela Strategy "deu tão certo e ganhou escala tão rápido que acabou virando um manual de tesouraria. Converter caixa em cripto, emitir ações e dívida para comprar mais e reportar indicadores próprios, como o bitcoin yield".

"A virada veio no 4º trimestre de 2024, quando a MicroStrategy intensificou compras, quase dobrando sua posição de 226.500 bitcoins para 446.400 em apenas três meses, além de passar a comunicar esses indicadores nos resultados. Hoje, a empresa já possui mais de 636 mil unidades do criptoativo, avaliados em cerca de US$ 70 bilhões", explica.

No caso do bitcoin, o crescimento da prática tem gerado bons resultados. "Essas aquisições retiram oferta de circulação e criam um comprador estrutural. Isso mexe na liquidez, dá suporte aos preços e influencia o sentimento de mercado", comenta o analista.

Além disso, Parizotto ressalta que a Strategy conseguiu um "retorno muito superior aos principais índices americanos desde 2020 e atraiu investidores de peso", mostrando o quão impactante a estratégia pode ser para outras companhias.

A expansão para outras criptomoedas

Segundo Parizotto, o sucesso do uso do bitcoin como ativo de reserva gerou um alastramento para outras criptomoedas. O principal destaque é o ether, que ganhou suas primeiras reservas corporativas neste ano. Apesar do ativo ser diferente, o "manual" seguido é o mesmo da Strategy, mas com um diferencial.

"É o rendimento via staking. Enquanto ETFs de ether ainda não oferecem staking, essas empresas conseguem capturar esse rendimento em blockchain e comunicar ao mercado, reforçando a ideia de 'capital produtivo'", comenta. O staking é uma prática de bloqueio de unidades da criptomoeda em blockchain, com recebimento de receita periódica.

Outro ativo de destaque para reservas corporativas é a Solana. "Se o bitcoin consolidou o modelo e o ether sofisticou, a Solana parece ser a próxima", avalia o analista. Com o surgimento das primeiras reservas da criptomoeda, Parizotto diz que "ainda é cedo, mas a lógica do comprador permanente tende a alcançar outros líderes do mercado".

Efeitos nas empresas

Apesar das reservas corporativas trazerem bons ganhos para as criptomoedas adotadas, os impactos nas empresas são ainda mais profundos, assim como os riscos. O analista da Mynt destaca que "a estratégia funciona melhor quando há acesso recorrente e barato a capital e comunicação disciplinada com investidores".

Ao mesmo tempo, o risco é conhecido: "Volatilidade no resultado e diluição dos investidores se a execução for mal calibrada". "Um ponto contábil ajuda nos EUA: a nova regra do FASB permite marcar cripto a mercado no resultado, o que simplifica a vida de CFOs. Fora dos EUA, sob normas que ainda tratam cripto como intangível, o incentivo é menor, o que cria vantagem competitiva para companhias americanas."

Parizotto também alerta que a disseminação das reservas para outros criptoativos exige cautela dos investidores, já que a maioria dessas criptomoedas "não tem liquidez suficiente e contam com uma governança mais frágil e menor previsibilidade regulatória e contábil".

"Muitos 'rendimentos' dependem de emissões de tokens que se diluem com o tempo, em uma dinâmica altamente inflacionária. Para uma tesouraria de companhia aberta, que precisa de execução garantida, auditoria tranquila e comunicação simples, esse universo, pelo menos por enquanto, parece mais um campo de experimentos do que uma alternativa para alocação de capital a longo prazo", ressalta.

Não à toa, empresas que adotaram criptomoedas meme como ativos de reserva viram suas ações despencarem, indicando que o mercado ainda não está convencido do potencial e das vantagens desses ativos para as reservas corporativas.

A visão do analista é que "o bitcoin consolidou o modelo, o ether adiciona produtividade e a Solana desponta como próxima fronteira, mas o resto [das criptomoedas] ainda precisa provar que tem profundidade, regras e escala para ocupar este mesmo espaço".

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