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R$ 103 bilhões roubados: Brasil é o 2º país que mais sofre crimes cibernéticos na América Latina

Golpes cibernéticos têm se tornado uma ameaça cada vez mais preocupante para empresas e indivíduos em todo o mundo

 (Oi/Divulgação)

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Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 11 de julho de 2023 às 10h37.

Golpes cibernéticos têm se tornado uma ameaça cada vez mais preocupante para empresas e indivíduos em todo o mundo. Com o avanço da tecnologia e a crescente dependência da internet, criminosos virtuais têm aproveitado as vulnerabilidades para realizar ataques cada vez mais sofisticados e difíceis de serem combatidos.

Entre os anos de 2021, 2022 e o primeiro trimestre de 2023, os golpes cibernéticos vêm atingindo níveis cada vez mais alarmantes e o mundo digital passou a testemunhar uma série de ataques em massa, com destaque ransomwares, ataques de phishing e vazamentos de dados. Muitos deles focados em investidores de Bitcoin e criptomoedas.

A contadora pública, Melisa Murialdo, destaca que diante deste cenário, o Brasil é um dos países mais visados quando o assunto é ataques online. De acordo com a pesquisa realizada pela empresa de segurança Fortinet, o Brasil registrou, em 2022, cerca de 103,1 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos.

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Este número representa um crescimento de 16% nos ataques deste tipo se comparado com o ano anterior, 2021, quando foram registrados 88,5 bilhões de ataques cibernéticos no período de 12 meses.

"Este número crescente de investidas digitais sofridas faz do país um dos principais alvos de ciberataques no mundo e o principal na América do Sul, ficando na frente de países como a Colômbia (20 bilhões) e Peru (15,4 bilhões). Na América Latina, o Brasil é o segundo país com maior número de tentativas de ataques cibernéticos em 2022, superado apenas pelo México, que registrou cerca de 187 bilhões no período", disse.

Brasil é líder em golpes financeiros

Segundo Muriado, com o avanço da tecnologia e a popularização dos serviços bancários pela internet e celular, além do avanço na adoção das criptomoedas, a segurança dos dados tornou-se uma preocupação ainda maior.

"Infelizmente, os criminosos também evoluíram e encontraram maneiras sofisticadas de obter informações pessoais e financeiras das vítimas, como senhas, números de cartão de crédito e dados bancários. Apesar de ter sido o segundo maior alvo de ataques cibernéticos na América Latina em 2022, o Brasil surpreendeu ao liderar o ranking entre os países com mais ataques de trojans bancários, malware e phishing", destacou.

Um relatório recente da Kaspersky, o Brasil é o país mais afetado por golpes financeiros (trojans bancários) na região, seguido por México, Peru e Colômbia. Entre as 12 famílias de golpes financeiros mais comuns, destacam-se sete de origem brasileira.

O Brasil também se destaca como o que mais sofre ataques de malware, com 1.554 tentativas por minuto ou 65% de todos os bloqueios na região. Novamente, o Brasil é o país mais atacado por “phishing” na América Latina, seguido pelo Equador — ambos estão na lista mundial dos 10 países mais atacados por phishing e ocupam, respectivamente, a 6º e 8º posições.

Ainda segundo ela, os tipos de fraude mais comuns incluem phishing, skimming, vishing e roubo de identidade. Os criminosos também usam malware e outras ferramentas para se infiltrar nos sistemas bancários e roubar informações sensíveis. O mesmo ocorre com carteiras e serviços de criptomoedas, como exchanges.

Os ransomwares se destacaram como uma das principais ameaças, com malwares que criptografam os arquivos das vítimas, exigindo o pagamento de um resgate para a liberação. Os prejuízos financeiros e de reputação podem ser enormes.

"Não satisfeitos, os golpistas cibernéticos continuaram a evoluir as estratégias. Em 2022, foi observado um aumento significativo na utilização da engenharia social e do phishing para enganar as vítimas. Os ataques de phishing são uma das formas mais comuns de golpe digital bancário, com criminosos usando mensagens fraudulentas para enganar os usuários e obter informações confidenciais. Esses ataques são realizados por meio de mensagens enviadas por e-mail, SMS, redes sociais e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp", afirma.

Os criminosos enviavam mensagens falsas oferecendo vários serviços, incluindo empréstimo pessoal fácil e sem burocracia, com preço completamente abaixo de mercado. Muitas vezes, durante a ação criminosa, os golpistas se passavam por empresas conhecidas, com o objetivo ganhar a confiança da vítima para obter senhas, números de cartão de crédito e outros dados sensíveis.

Tentativas de fraude de identidade

Os brasileiros estão sofrendo cada vez mais tentativas de fraude de identidade. De acordo com Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, os brasileiros foram submetidos a quase 4 milhões de tentativas de fraude de identidade em 2022; resultando em uma vítima a cada 9 segundos. Embora haja uma queda de 7,3% em relação ao ano anterior, o número ainda é preocupante.

Murialdo aponta também que o Distrito Federal lidera o ranking pér cápita, com 2.175 tentativas a cada um milhão de habitantes, seguido por São Paulo, com 1.849 tentativas. Nove Estados estão com resultados acima da média nacional.

No total, o Brasil sofreu 3.879.869 ataques digitais de identidade em 2022. São Paulo é o estado que mais recebe tentativas de identidade em todo o país (1191275; 30,7%). Metade das tentativas de fraude ocorridas no Brasil em 2022 se concentrou em apenas três estados: São Paulo (31%); Rio de Janeiro (11%) e Minas Gerais (9%).

No ranking por estados, São Paulo liderou com 119.1275 tentativas em 2022. O Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com 416.839 casos, seguido por Minas Gerais, com 337.386. Já Roraima apresentou o menor índice de tentativas de fraude, com 7.382 registros.

Ataques a organizações crescem em 2023

Uma pesquisa da Check Point Research (CPR) mostra que a média global de ataques cibernéticos contra organizações teve um crescimento de 7% no primeiro trimestre de 2023, quando comparado com o mesmo período no ano passado. Enquanto cada organização recebeu 1.248 ataques semanais neste ano, os dados apontavam aproximadamente 1.160 investidas digitais entre janeiro e março de 2022.

Ainda segundo o levantamento, a Argentina registrou o maior aumento (22%) no número de ataques cibernéticos no primeiro tri de 2023 dentre os países “das Americas”. O país sul-americano apresentou 2.052 ataques semanais por cada organização, 22% a mais do que nos três primeiros meses do ano passado.

"O Brasil, apesar de ser um alvo constante dos hackers, praticamente manteve o número de organizações atacadas semanalmente. Foi apenas 1% de variação, aparecendo na lista com 1.593. Países como Colômbia (2.373) e México (1.607) registraram mais ataques deste tipo do que o país canarinho", afirma Murialdo.

Embora as táticas dos golpistas possam variar, é importante que as pessoas estejam cientes dos tipos de fraudes mais comuns e tomem medidas preventivas para proteger suas informações financeiras. Além disso, é importante que as autoridades regulatórias e as instituições financeiras trabalhem em conjunto para combater esses crimes e garantir a segurança dos clientes.

Para evitar cair nesses golpes, Melisa Murialdo, destaca que é importante que os clientes estejam atentos e sigam algumas medidas de segurança, como:

  • nunca compartilhar senhas e informações pessoais por e-mail, mensagem ou telefone;
  • verifique se a financeira é confiável e autorizada pelo Banco Central;
  • verificar a autenticidade das mensagens e chamadas, conferindo o número de telefone ou endereço de e-mail do remetente;
  • manter o software antivírus atualizado;
  • além disso, é importante não clicar em links suspeitos ou baixar arquivos de origem desconhecida

"A conscientização, a vigilância e a cooperação são fundamentais para reduzir o impacto das estafas bancárias em todo o mundo", finaliza.

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