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fed (Joshua Roberts/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 6 de abril de 2025 às 11h00.
Mesmo que criptomoedas como o bitcoin tenham sido criadas para funcionar independentes de um governo ou organização centralizada, o mercado de criptoativos está longe de ser um sistema isolado. Na verdade, ele se encontra entrelaçado a eventos macroeconômicos que impactam o futuro do dinheiro, seja ele digital ou não.
Na última semana, as decisões tomadas pelo Federal Reserve sobre as taxas de juros americanas repercutiram diretamente no comportamento dos investidores, e consequentemente na valorização dos criptoativos.
Conhecido como Fed, o Federal Reserve é o banco central dos Estados Unidos e tem como responsabilidade principal conduzir a política monetária do país.
Sua missão é garantir a estabilidade dos preços e o pleno emprego, utilizando para isso instrumentos como o controle da taxa de juros e a regulação da oferta de moeda. Suas decisões influenciam não apenas a economia americana, mas também os mercados globais, incluindo o de criptomoedas.
Na última reunião do FOMC (Federal Open Market Committee), o Fed decidiu por manter as taxas de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, conforme esperado. Isso porque seu plano inclui avaliar o impacto das políticas monetárias anteriores, além de monitorar indicadores econômicos antes de realizar novos ajustes.
Após a decisão, o bitcoin e outras altcoins registraram a maior alta dos últimos dias, em um mercado que seguia em constante lateralização desde a posse do presidente Donald Trump nos EUA.
Isto mostra que, quando as taxas de juros aumentam, aplicações tradicionais como títulos do governo e renda fixa oferecem retornos mais altos, tornando-se mais atrativas para os investidores, e consequentemente reduzindo o fluxo de capital para ativos mais arriscados, como as criptomoedas.
Isso acontece porque com a possibilidade de ganhos mais altos em mercados de menos riscos, os investidores não enchem os olhos com mercados mais voláteis.
Por outro lado, quando o Fed reduz ou mantém as taxas baixas, esses investimentos conservadores consequentemente passam a oferecer rendimentos menores, estimulando os investidores a buscar alternativas com um potencial maior de valorização, como ações de empresas e criptomoedas. É essa migração de capital que aumenta a demanda por criptoativos e que pode impulsionar seus preços.
Após a decisão, o bitcoin registrou uma alta, saltando de US$83.500 para mais de US$87.400, enquanto o Ethereum subiu 7,3%, alcançando US$2.040. A reação positiva não é o suficiente para despontar a volta do ciclo de alta mas já indica a pretensão de compra do ativo por parte dos investidores.
O Fed também sinalizou a possibilidade de mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas até o final deste ano, a depender de alguns aspectos. Se a economia americana mostrar sinais de desaceleração ou a inflação permanecer sob controle, a redução nas taxas pode ser uma medida para estimular o crescimento.
No entanto, caso a inflação volte a subir, é esperado que o Fed reavalie sua estratégia e postergue os cortes esperados. O Fed tem como meta inflação em 2%.
A próxima reunião do FOMC (Federal Open Market Committee) do Federal Reserve acontece na primeira semana de maio. Caso os cortes de juros se concretizem, a tendência é que o mercado cripto continue atraindo mais investidores, caso isso não aconteça é importante que o mercado esteja atento e preparado.
*Vinicius Bellezzo é Business Development Manager da Bybit.
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