ETF acompanhará índice nos Estados Unidos voltado para criptomoedas (Yuichiro Chino/Getty Images)
A iVi Technologies pretende lançar em 2023 o primeiro fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) quantitativo ligado a criptomoedas do Brasil. A ideia é que o produto seja negociado na bolsa brasileira, a B3, e acompanhe um índice que deve estrear na bolsa de Miami, nos Estados Unidos, ainda neste primeiro trimestre.
O ETF busca dar aos investidores interessados na área uma oportunidade menos volátil de investir no segmento, mas mantendo uma boa rentabilidade. Seguindo o padrão do mercado, ele possui um benchmark, um ativo de referência cujo rendimento ele buscará superar. No caso do fundo da iVi Technologies, esse ativo é o bitcoin.
Lendel Vaz Lucas, CEO da iVi Technologies, explica que a empresa tem foco o desenvolvimento de opções de investimento "100% quantitativas", ou seja, que não usam analistas para definir as decisões de investimento, mas sim uma "tecnologia com ênfase em inteligência artificial, machine learning".
Ele caracteriza o modelo como um "software inovador", e destaca que vê muito potencial para a área no Brasil. Se no mundo, oito dos dez maiores fundos de investimento são quantitativos, no Brasil eles representam cerca de 1% de todo o mercado financeiro. Além da tecnologia, a iVi Technologies também se debruçou nos últimos anos ao mundo das criptomoedas.
"Nosso foco inicial foi em ações brasileiras, que resultou em um fundo que completou seis meses – e nesse período ele ficou como o melhor fundo de renda variável. Eu sou um entusiasta do mundo cripto desde 2017, e já queria abrir um fundo quantitativo de cripto, mas para um algoritmo ser eficaz precisa de um histórico que vai usar, e de cripto, em especial as altcoins, ainda eram muito novas, com pouco histórico", conta Lucas.
Devido à falta de dados, a performance do fundo inicial de criptomoedas era pior que os de ações, mas a partir de 2019 a empresa começou a obter resultados melhores que os de outros fundos do segmento, levando então à decisão de lançar o produto nos Estados Unidos, que à época tinha uma "estrutura regulatória mais simples".
Com o tempo, o fundo conseguiu inclusive ter uma performance melhor que a do bitcoin. Isso levou a empresa a buscar parcerias, chegando ao acordo com a bolsa de Miami. A ideia é lançar um índice quantitativo, mas que seja menos volátil que o fundo já existente nos Estados Unidos.
"O fundo lá fora que está rodando há 2 anos, foi trazido em outubro para o Brasil, como um FIQ FIM. A diferença entre os dois é que o fundo usa as 50 maiores criptomoedas e no ETF queremos algo mais institucional, com menos risco e volatilidade, então deve usar o top 15", explica Lucas.
O índice que será lançado em Miami será também o primeiro do mundo com essas características: "o diferencial é que, em todos os ETFs de cripto no mundo, um analista define as proporções em que está investido, e não costuma mudar muito. O nosso terá um gerenciamento de ativos mais atuante, com rebalanceamento mensal".
Para Lucas, a iVi Technologies conseguiu com seus resultados "provar que os algoritmos são mais eficientes em encontrar a valorização desses ativos do que fundos com pessoas gerenciando. Lá fora já foi bem provado que esses algoritmos estão ficando tão eficientes e inteligentes, que estão conseguindo superar a análise humana".
Apesar dessa opção ainda não ser popular no Brasil, ele espera que ela ganhe espaço conforme os brasileiros entram cada vez no mercado financeiro, já que ela já teve sua eficiência comprovada. Além disso, ele observa que o país está "bem à frente" na regulação de fundos ligados a criptomoedas, o que facilita o lançamento de produtos como esse.
O ETF vai combinar análises estatísticas com fatores macroeconômicos, entendendo como determinadas criptomoedas se comportaram em momentos passados da economia mundial e, então, escolhendo a melhor composição de carteira para atingir o resultado esperado naquele mês.
Enquanto o índice será lançado nos Estados Unidos no primeiro trimestre, a previsão é que o ETF venha para o Brasil no segundo trimestre. Para isso, será preciso obter a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ter um ambiente econômico favorável.
"O sucesso da oferta do ETF depende de como vai estar o cenário do mercado no momento que vai fazer, como qualquer IPO. Esperamos um segundo trimestre com uma volta do bull market [mercado de alta] no mercado de criptomoedas, e se isso ocorrer, continuamos com essa data. Se mudar, aí pode atrasar", avalia Lucas.
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