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Presidência de Galípolo no BC pode afetar criação do Drex? Veja análises de especialistas

Atual diretor de Política Monetária do regulador foi indicado pelo presidente Lula para suceder Roberto Campos Neto a partir de 2025

Drex está em desenvolvimento pelo BC (Banco Central/Divulgação/Divulgação)

Drex está em desenvolvimento pelo BC (Banco Central/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 29 de agosto de 2024 às 17h56.

Última atualização em 29 de agosto de 2024 às 18h11.

A indicação de Gabriel Galípolo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central a partir de 2025 indica que, caso o nome seja aprovado pelo Senado Federal, a palavra final sobre a agenda de inovação da autarquia será dada por uma nova figura após cinco anos.

Essa agenda, que envolve o Pix e o Open Finance, também é composta pelo desenvolvimento do Drex, que está em testes desde 2023 e pode começar a ser lançado para a população em 2025, dependendo da evolução do projeto.

Campos Neto ficou conhecido por ser um defensor da criação de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). Por outro lado, Gabriel Galípolo — que é o atual diretor de Política Monetária da instituição — possui poucas declarações públicas sobre o projeto. Mas sua chegada à presidência do BC poderia afetar o andamento da versão digital do real?

A visão dos participantes do piloto

À EXAME, instituições financeiras que participam dos testes com o piloto do Drex manifestaram confiança de que a troca na presidência do Banco Central não deverá impactar negativamente o projeto.

André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, avalia que "o Drex é um projeto com grande potencial para inovar o mercado financeiro e a economia brasileira como um todo. Ele integra a agenda de longo prazo do Banco Central, ao lado de iniciativas como o Pix e o Open Finance, indo além, portanto, de ações específicas de um presidente do BC".

"Acreditamos que o futuro presidente do Banco Central dará continuidade a esse projeto, tendo em vista a importância dele para o desenvolvimento e a evolução do mercado brasileiro", destacou o executivo.

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Já Bruno Salles, head de produto da Evertec + Sinqia, afirma que "nossa principal expectativa é que seja retomada a velocidade e a cadência nos projetos Pix e Drex. Nos últimos tempos, ambos os projetos foram prejudicados em termos de foco e entregas".

"O Drex não apresentou grandes avanços com os pilotos, apesar de entrar na segunda fase. Gostaríamos de avançar ainda mais nesse sentido, nos aspectos junto ao BC. A parceria público-privada pactuada no mandato atual deve ser mantida no próximo, já que é um fator crítico de sucesso para continuar posicionando o BC no pódio entre os melhores bancos centrais do mundo", diz.

Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, afirma que, com a nomeação, "é evidente que surjam questões sobre continuidade ou mudança em relação a outros temas da gestão anterior. Roberto Campos Neto foi uma figura chave no campo da inovação, impulsionando iniciativas como o Drex e sendo muito vocal quanto à tokenização, que podem posicionar o Brasil na vanguarda da modernização financeira global".

"A inovação no Banco Central, contudo, é uma política de Estado, e a expectativa é que Galípolo dê continuidade a essa agenda com a mesma firmeza. Embora tenha sido feito com muito entusiasmo e resultados práticos, o trabalho de modernizar o sistema financeiro não foi inventado por Campos Neto", diz.

Para o executivo, "a prioridade da próxima gestão deve ser de manter o Brasil como líder em inovação financeira, enfrentando os desafios futuros com o mesmo compromisso e visão estratégica que a gestão anterior".

A visão é semelhante à de Ricardo Dantas, CEO da Foxbit, que destaca o potencial do projeto de "impulsionar a próxima grande revolução tecnológica financeira, similar ao impacto transformador que o Pix teve no sistema de pagamentos do Brasil".

"Confiamos na capacidade do Banco Central, como uma instituição independente e comprometida com a inovação, para continuar liderando o desenvolvimento do mercado, independentemente das mudanças na sua presidência", ressalta.

André Carneiro, CEO BBChain, pontua que "a indicação de Gabriel Galípolo para o Banco Central representa um passo significativo no fortalecimento da inovação financeira no Brasil, especialmente no que diz respeito ao Drex. Com uma vasta experiência no setor financeiro, Galípolo traz uma bagagem robusta que pode impulsionar a implementação e a gestão eficaz do Drex".

Na visão do executivo, "a liderança de Galípolo é vista como essencial para garantir que o Drex não apenas atenda às expectativas regulatórias mas também se torne um pilar de eficiência e segurança no sistema financeiro nacional. Sua compreensão das dinâmicas econômicas e sua habilidade em navegar por complexos ambientes financeiros são qualidades que podem posicionar o Drex como uma moeda digital de referência".

"Em um cenário onde a inovação é crucial, a presença de uma liderança forte e visionária como a de Galípolo é fundamental. Ele pode liderar iniciativas que promovam a confiança e a adoção do Drex, assegurando que o Brasil continue a avançar em direção a um futuro financeiro mais digital e inclusivo. Nesse contexto, sua nomeação é uma demonstração clara de que o Banco Central está comprometido com o progresso e a transformação digital", afirma.

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