Melhorias em gráficos, jogabilidade e acessibilidade podem fazer com que os jogos em blockchain sejam mais acessados (iStock/GettyImages/Reprodução)
Os jogos play-to-earn ganharam muito sucesso em 2020 e 2021, conforme a pandemia do coronavírus transformou as interações ainda mais virtuais e removeu oportunidades de renda para muitos. Tratam-se de jogos online baseados em blockchain, que pagam recompensas em criptomoedas aos jogadores que passarem de nível ou cumprirem determinadas tarefas dentro do jogo.
Foi desta forma que jogos como Axie Infinity entraram para o time de gigantes responsáveis pelo maior número de vendas de NFTs da história. Isso porque a maioria dos itens nestes jogos é um NFT: personagens, armas, skins, terrenos virtuais, e por aí vai. Para começar a jogar, é necessário ter ao menos um NFT, que geralmente é do personagem. No caso de Axie Infinity, são necessários três “axies”, os monstrinhos do jogo. É com eles que os jogadores podem travar batalhas entre si e cumprir tarefas que vão lhes render algumas criptomoedas no fim do dia.
Apesar de terem virado uma fonte de renda para milhares de jogadores em todo o mundo e representado uma forma de sustento a habitantes de países subdesenvolvidos e que passam por crises econômicas, a maioria dos jogos ainda possui problemas gráficos e de acessibilidade que podem ser impeditivos para os jogadores mais casuais.
Por exemplo, muitos dos jogos são jogos de cartas, como o próprio Axie Infinity. O estilo pouco diverso pode não interessar a todos. Além disso, a necessidade de comprar por NFTs para jogar, mesmo que o lucro possa ser muito maior do que o valor investido, são fatores que tornam os jogos de gráficos pouco avançados um pouco desinteressantes aos olhos do jogador tradicional.
Estes problemas foram facilmente identificados por usuários e desenvolvedores, e assim surgiu o conceito “play-and-earn”. Ao invés de jogar apenas para ganhar as recompensas em criptomoedas, os jogadores poderiam usufruir de plataformas que combinam as duas coisas: recompensas em dinheiro e uma jogabilidade divertida e atrativa.
No mundo cada vez mais competitivo da internet, com uma nova plataforma ou serviço novo diferente todos os dias, o entretenimento virou a peça-chave que pode impulsionar a adoção dos jogos em blockchain. As recompensas em criptomoedas podem até ser – muito – importantes, mas não resumem o interesse de usuários pelos jogos do gênero, já que no universo dos criptoativos existem outras possibilidades de geração de renda, como as finanças descentralizadas (DeFi).
Assim surgiu uma nova fase do setor, que se aproxima cada vez mais dos ideais do mercado tradicional de videogames e investe em diversão. No entanto, agora os jogadores não vão mais precisar pagar caro para ter acesso a esse tipo de conteúdo como faziam antes com os jogos tradicionais, eles vão lucrar. Este fator pode ser crucial para trazer ainda mais pessoas ao universo das criptomoedas e dos jogos em blockchain, segundo Heloísa Passos, CEO da Sp4ce Games e criadora da maior comunidade de jogos play-to-earn do Brasil.
“Realmente, acho que o play-and-earn é o futuro e o presente do play-to-earn, porque as pessoas gastam para jogar, e se você tem um jogo legal e que você não precisa gastar, vai haver a adoção, não só entre as pessoas mais competitivas, mas até os jogadores mais casuais”, disse, em entrevista à EXAME.
A @YieldGuild já soma mais de 10.800 jogadores financiados! 📈
🚀O grupo continua a crescer em seu oferecimento de "bolsas" para jogar @AxieInfinity, um dos principais jogos onde é possível ganhar recompensas em #criptomoedas
— Future of Money (@futofmoney) March 9, 2022
Segundo ela, falta ainda um entendimento maior por parte do mercado cripto sobre o funcionamento do mercado de games. Os jogos play-to-earn surgiram, em maioria, por parte de inciativas de dentro do universo dos criptoativos, e a falta de conhecimento sobre os videogames e seu público fez com que os jogos se tornassem uma ferramenta de lucros, e não necessariamente de diversão. Por isso, uma aproximação entre as duas esferas poderia gerar benefícios aos usuários, e isso já está acontecendo. Grandes empresas do mercado de games como Ubisoft, Activision Blizzard e Sega não fecharam os olhos para este novo uso da tecnologia blockchain, e já dão início às suas primeiras iniciativas no setor.
“As pessoas que foram expostas aos blockchain games são pessoas nativas do mercado cripto. E elas vão ter que segurar um pouco a ansiedade e entender como que a indústria de games funciona”, disse Heloísa.
No entanto, esta não é a única barreira que os jogos em blockchain precisam ultrapassar para atingir a adoção em massa, segundo a especialista. “Acho que é uma das barreiras a serem retiradas, mas não a última. Temos muitas barreiras de educação, em relação à tecnologia, ao financeiro, à segurança que vem primeiro”, disse.
A educação seria a principal delas, diz Heloísa, pois faria com que outras barreiras forrem derrubadas mais facilmente. “Essa barreira só vai ser quebrada quando as pessoas entenderem como funciona o blockchain, quando tiverem mais acesso, que é um pouco do que a gente faz na Sp4ce”, conta.
A Sp4ce é uma desenvolvedora brasileira de jogos em blockchain liderada por Heloísa, cuja intenção é promover a acessibilidade e educação popular sobre a tecnologia blockchain, além de distribuir novos jogos utilizando o conceito play-and-earn. Para isso, a startup oferece conexão à internet de qualidade, cursos, palestras e “bolsas de estudos” para os jogadores de bairros de periferia. As “bolsas de estudos” funcionam como uma forma de novos jogadores aprenderem o conceito para que possam lucrar com os jogos em blockchain.
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