O Pix é um dos maiores sucessos do Banco Central do Brasil (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)
O Pix, sistema de pagamentos do Banco Central, já apresentou diversas novidades desde o início de suas operações no fim de 2020, como o parcelamento e o saque. Porém uma das possibilidades mais atraentes para o mercado é o uso dos dados angariados pelo sistema para emissão de crédito. Em entrevista à EXAME, Flavia Janini, head de Produtos Transacionais do BTG Banking, explicou como o recurso pode facilitar a vida dos bancos e dos clientes.
“Para uma análise de crédito, acreditamos que quanto mais informações forem disponibilizadas, melhor será a análise. O Pix, assim como outras formas pelas quais o cliente pode transacionar com um banco, pode sim melhorar a acurácia de uma análise”, explica Flavia. “Principalmente no que diz respeito ao behvior score, que é um número atribuído para o cliente exclusivamente com base no seu histórico de transações. Com o acesso a cada vez mais informações, as análises preditivas se tornam cada vez mais complexas”, completa.
Segundo dados de um estudo do Instituto Locomotiva realizado em 2021, 10% dos brasileiros ainda não tinha conta no banco, enquanto outros 11% não faziam movimentações há mais de um ano. Essa parcela da população movimenta cerca de R$ 350 bilhões por ano, correspondente a 8% da renda do país. Segundo o Banco Central, mais de 50 milhões de pessoas já usaram o Pix, totalizando mais de R$ 600 milhões transacionados por mês. Junto com os bancos digitais, como o BTG Banking, a ferramenta é uma das mais atrativas para aqueles que entram no sistema bancário pela primeira vez.
“O Pix caiu no gosto dos brasileiros e hoje é a forma de pagamento mais utilizada no mercado, isso faz com que as informações que hoje são processadas por ele tenham uma relevância grande no conhecimento do comportamento transacional do cliente”, conta a especialista.
“Acredito que o serviço possa contribuir muito para a definição cada vez mais assertiva do estilo de vida do cliente. Hoje isso já é muito utilizado com transações realizadas com cartão de crédito para que seja possível conhecer seu comportamento e necessidades, oferecendo produtos e serviços de acordo com elas. Cada pessoa possui uma motivação para adquirir um serviço ou produto, e o Pix pode enriquecer ainda mais a assertividade dessa personalização”, diz Flavia.
Como parte do programa Open Finance do BC, o Pix foi um dos primeiros passos em direção a descentralização de somente uma instituição financeira, permitindo compartilhamento de dados financeiros entre elas. “O Open Finance abriu uma série de oportunidades. Antes, informações não eram cambiadas entre os bancos, agora que são, isso traz maior conhecimento e por consequência, maior assertividade na oferta de produtos”, complementa.
No entanto, ela adverte, essa possível nova feramenta de análise será complementar e não substituta de outras métricas já amplamente utilizadas. “As atuais ferramentas de crédito continuam sendo fundamentais para a melhor atribuição dele e devem continuar sendo utilizadas. Não acredito que o Pix venha substituir os modelos de score credit (nível de confiabilidade em que o usuário vai conseguir pagar), mas sim contribuir para a melhor apuração do comportamento do cliente”, finaliza.
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