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Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 11h15.
A implementação do open banking no Brasil já está em andamento, com o início da Fase 1 do projeto do Banco Central em 1º de fevereiro, mas a população ainda está longe de entender o que isso significa. Segundo pesquisa, apenas 16% dos brasileiros das classes C, D e E já ouviu falar em open banking.
A pesquisa "Percepções sobre Open Banking", conduzida pelo Banco Pan em parceria com o Instituto Plano CDE, ouviu 1.524 pessoas, sendo 1.007 com renda familiar de até 5 mil reais mensais — valor que equivale a renda média dos brasileiros. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2,5%.
Apesar da falta de conhecimento sobre o assunto, a pesquisa mostrou também que o público mais jovem teve um entendimento rápido sobre o sistema quando explicado, e disse que autorizaria o compartilhamento de dados entre as instituições.
Por outro lado, o público com idade mais avançada se mostrou mais receoso e mostrou preocupação sobre eventuais taxas ou cobranças para a realização do compartilhamento de informações. Nesse grupo, o levantamento mostrou que existem dúvidas sobre o open banking ser uma empresa, aplicativo, plataforma, ferramenta ou até um banco, e não um sistema.
"A população ainda conhece pouco sobre o tema, mas quando o conceito é bem comunicado, já consegue perceber as vantagens que o Open Banking trará para sua vida financeira em termos de praticidade, autonomia e poder de escolha", explicou Luiz Krempel, superintendente do Banco Pan para Open Banking.
A pesquisa também mostrou que existe certa confusão em relação ao que é o open banking. Apesar de, após serem expostos a uma explicação, 49% dos entrevistados afirmarem que o sistema "funciona como uma portabilidade entre os bancos", muitos associam a novidade ao Pix, pelo fato de o sistema de pagamentos instantâneos também está vinculado a termos como "trnasação" e "transferência".
Quando a ideia de compartilhamento de dados é associada a benefícios para o consumidor, 60% dos entrevistados dizem aprovar o open banking. Para 64%, eles estão dispostos a compartilhar seus dados "se tiverem a possibilidade de melhores oportunidades de empréstimo e crédito", enquanto 60% responderam que fariam o compartilhamento "se isso ajudasse a conseguir um produto ou serviço melhor".
Por meio do open banking, os clientes terão o poder sobre as informações levantadas pelas instituições financeiras, como dados cadastrais e histórico de transações. De posse desses dados, os clientes poderão procurar outros bancos e incentivar a competição por serviços e crédito mais barato e de melhor qualidade.
A primeira fase do programa começaria a vigorar no fim de novembro, mas foi adiada para o início de fevereiro a pedido das instituições financeiras.
O cronograma de implementação do open banking tem quatro etapas. A segunda fase começa em 15 de julho, a terceira em 30 de agosto e a quarta e última fase em 15 de dezembro. Na etapa final, as instituições financeiras poderão trocar informações entre si para oferecer produtos personalizados a cada cliente.
Consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, Mardilson Fernandes Queiroz afirmou que o open banking mudará a lógica de funcionamento do sistema financeiro. Ele enumerou três vantagens do novo sistema, como a oferta de produtos com juros mais adequados a cada cliente, o aumento da concorrência e a inclusão de brasileiros no sistema bancário.
O open banking vai dar aos clientes das instituições financeiras do Brasil o controle sobre seus dados cadastrais e de transações. Isso tem como objetivo fomentar a concorrência e o acesso a serviços financeiros — atualmente, apenas os bancos e instituições nos quais o consumidor possui conta têm acesso a tais informações.
Caso o consumidor opte pelo compartilhamento dos seus dados — o que será opcional, gratuito e reversível —, ele poderá ter acesso a produtos e serviços de bancos e instituições financeiras das quais não é cliente e aos quais, consequentemente, não tem acesso atualmente.