Perspectivas 2021

DeFi e security tokens vão crescer e se popularizar em 2021, diz Daniel Coquieri

Especialista no mercado de criptoativos brasileiro, Coquieri aponta otimismo com regulações e prevê crescimento para aplicações blockchain

 (Daniel Coquieri/Divulgação)

(Daniel Coquieri/Divulgação)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 28 de dezembro de 2020 às 13h06.

Empreendedor com experiência no setor de tecnologia, Daniel Coquieri é um nome conhecido da indústria de criptoativos e blockchain do Brasil. Ele é o COO da BitcoinTrade e já figurou na lista de 50 personalidades mais relevantes do mercado cripto brasileiro, do site especializado Cointelegraph.

Em entrevista à EXAME para o especial "Perspectivas 2021", Coquieri falou sobre a expectativa de consolidação do mercado cripto no ano que vem, mostrou otimismo com possíveis leis de regulação e apontou o crescimento dos projeto de finanças descentralizadas (DeFi) como razão para a valorização do ether, o criptoativo da rede Ethereum.

Confira a entrevista e as análises do especialista:

Future of Money: Qual é sua perspectiva para o mercado cripto em 2021?
Daniel Coquieri: 
Na minha visão, a perspectiva para o mercado cripto em 2021, é uma consolidação e crescimento comparado ao ano de 2020. Este crescimento não é só sobre preço e sim sobre cada vez mais players e empresas institucionais se conectando com o mercado cripto, seja como o Paypal permitindo que seus clientes possam comprar e vender criptomoedas, seja como meios de pagamentos, no caso a Visa e a Mastercard. Ou seja, empresas que têm uma certa sinergia com o mercado cripto e podem usufruir de toda a tecnologia que existe no mercado de criptomoedas em seus negócios. Então, acho que esta consolidação e crescimento vão continuar e, obviamente, isso vai impactar na liquidez do mercado e no preço dos ativos. Tudo isso terá um impacto positivo.

FoM: Qual será a altcoin de maior destaque em 2021? Por quê?
DC: 
Na minha visão, a altcoin com maior destaque em 2021 vai ser o ether, por um simples motivo: acredito muito nos projetos DeFis, no que está sendo construído em DeFis e em como estes protocolos DeFis vão se consolidar e crescer em 2021. Isso acabará potencializando a rede Ethereum, já que todos estes protocolos rodam dentro dela. Além disso, toda essa mudança de tecnologia para a Ethereum 2.0 vai impactar a infraestrutura e o ecossistema das altcoins, fazendo com que pra mim, a Ethereum seja a altcoin de maior destaque para 2021.

FoM: Qual a melhor notícia que pode surgir para o bitcoin e para as criptos de modo geral em 2021?
DC:
A melhor notícia que pode surgir para o bitcoin e para o mercado em geral em 2021 são as regulamentações continuarem acontecendo. Ou seja, regulamentações bem feitas darão segurança jurídica para que todos esses players do mercado financeiro e uma série de produtos que estão sendo construídos através das criptomoedas, possam chegar ao grande público, chegar ao chamado mainstream. Então, a evolução da regulamentação em vários países vai permitir que o nosso mercado cresça. Portanto, essa seria a melhor notícia.

FoM: Qual a pior notícia que pode surgir para o bitcoin e para as criptos de modo geral em 2021?
DC:
Já a pior notícia que pode surgir para o bitcoin e para o mercado em geral em 2021 talvez seria uma não-regulamentação, retrocesso ou uma regulamentação de forma negativa para o mercado, proibitiva, condenando as criptomoedas como algo ilegal, ilícito, ou de alguma forma proibindo este mercado, através dos governos ou de outros orgãos. Esta seria a pior notícia, um retrocesso neste sentido. Mas eu acredito que teremos é uma evolução nesta linha de regulamentação ao redor do mundo. E isso acontecendo, será a melhor notícia que o mercado poderá ter em 2021.

FoM: Qual aplicação em blockchain se tornará mais popular no ano que vem?
DC:
Na minha opinião, a aplicação em blockchain que se tornará mais popular no ano que vem são as aplicações de finanças descentralizadas (DeFi), que rodam dentro do blockchain do Ethereum, e devem se popularizar ainda mais em 2021. Vão crescer, ficar mais acessíveis às grandes massas e se tornarão mais fáceis de usar e entender. Além disso, acredito que o mercado de security tokens tende a começar a crescer também em 2021. É um conjunto entre a regulamentação do setor e o mercado de security tokens, que tende a crescer e se tornar mais popular no ano que vem.

FoM: Qual startup blockchain brasileira tem maior potencial de inovação e impacto no mercado para 2021?
DC:
Gosto muito da startup Purus, que está nascendo, mas que está atuando no mercado de security tokens, através do blockchain, e lançará seu produto no início de 2021. Acredito que eles vão ter um grande impacto no mercado com um potencial de inovação enorme, que vai ser a globalização e o acesso a tipos de investimentos que hoje são inacessíveis para boa parte dos investidores ao redor do mundo. Através do security tokens você abre essas classes de investimentos para todo e qualquer tipo de investidor, que pode comprar ou investir com um ticket baixo em projeto de security token.

FoM: O que passou despercebido para a maioria no mercado cripto em 2020?
DC:
Algo pouco comentado e que não chamou tanta a atenção em 2020, foi o surgimento de produtos financeiros que já existem no mercado tradicional, como empréstimos, poupanças e derivativos, ofertados por grandes bancos e empresas financeiras, e que estão sendo replicados no mercado cripto, de maneira mais eficiente para os investidores ou para quem está usando esse produto. A tecnologia torna esses produtos mais eficientes e acredito que vão crescer muito em 2021. Isso passou despercebido, pois muito se falou do valor do Bitcoin, da alta das criptomoedas durante a crise, mas pouco se falou de como as empresas criptos começaram a criar produtos para competir com esse mercado. Inclusive, é legal comentar que uma corretora americana conseguiu esse ano uma licença de banco e isso é super interessante para o mercado. 

FoM: Qual será o preço do bitcoin em dezembro de 2021?
DC:
É muito difícil cravar um preço. Eu acredito que o ativo vai estar acima do preço atual, portanto teremos uma alta em relação a esse ano. Depois de ultrapassar os 20 mil dólares, deve continuar se valorizando, mas se ele vai estar em 30 mil ou 50 mil dólares, eu não tenho como prever o valor exato. O que eu acredito é que em dezembro de 2021, a gente vai ter o preço do bitcoin mais caro do que o preço em 31 de dezembro de 2020.

A série de entrevistas "Perspectivas 2021", publicada pelo Future of Money, da EXAME, pretende mostrar as opiniões de nomes relevantes do mercado, do Brasil e de outros países, para ajudar a traçar um panorama sobre o que esperar do mercado de criptoativos no ano que vem. Para ver todas as entrevistas já publicadas, clique aqui.

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