Digital generated image of blue and yellow glowing data on black background. (Getty Images/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 20 de abril de 2024 às 10h00.
Ao mesmo tempo em que os contratos inteligentes aparecem como uma poderosa ferramenta de inovação, é importante entender quais são os desafios que acompanham essa tecnologia e como superá-los. É verdade que eles representam um grande avanço para negócios e organizações, e que os benefícios claramente superam os percalços da implementação. Afinal, toda nova tecnologia passa por esse momento, inclusive a Inteligência Artificial que hoje é requisito básico para todas as empresas.
O que gostaria de debater aqui é como superar esses obstáculos para que eles não limitem o poder transformador da tecnologia. Entre os diversos benefícios que a utilização dos contratos inteligentes pode gerar segurança é o principal, já que não é passível de alteração e não há perda de informação.
Também podemos explorar outras vantagens como o ganho de transparência e rastreabilidade de transações, diminuindo fraudes financeiras. Por último, mas não menos importante, eles reduzem custos administrativos ao eliminar os agentes intermediários e acionar automaticamente contratos descentralizados.
Desta forma, tornam-se mais eficientes nos processos de negócios, como na cadeia de abastecimento, onde a liquidação financeira é feita automaticamente após condições predefinidas serem atendidas, reduzindo significativamente o tempo de resposta.
Mas os desafios já aparecem na implementação, com o alto custo de desenvolvimento e complexidade de elaboração.
A criação de contratos inteligentes exige profissionais especializados e investimentos significativos. Como a maturidade das linguagens de programação é limitada e apresenta propensão a erros, a falta de mão-de-obra qualificada se torna um desafio ainda mais significativo.
Por isso, é praticamente impossível dizer que há um único entrave nesta ferramenta. Há vários pontos que tornam os projetos de contratos inteligentes caros, demorados, de alto risco e suscetíveis ao fracasso antes mesmo do lançamento.
Se comparamos com sistemas de informação convencionais, os contratos inteligentes podem apresentar maior vulnerabilidade a riscos de segurança. Por terem código imutável, a correção de vulnerabilidades após implementação não é possível.
Ainda, a transparência do blockchain expõe os contratos inteligentes a hackers, e, caso sejam atacados, é praticamente impossível estancar esse processo. Agora, talvez o maior grau de vulnerabilidade da ferramenta seja a necessidade de confiança mútua entre os usuários e desenvolvedores para evitar backdoors que possam ser explorados no futuro. Ou seja, as maiores vantagens dos contratos inteligentes, também podem ser suas maiores dores.
A vulnerabilidade em um sistema off-chain já possui diversas formas de contenção, como por exemplo a desativação do ambiente. Contudo, essa abordagem é inviável nos contratos inteligentes convencionais, que uma vez implantados no blockchain se tornam imutáveis. Isso reforça a necessidade de garantir que o código-fonte esteja livre das violações de segurança.
A auditoria de contratos inteligentes também pode ser vista como um outro grande desafio. Para começar, há pouquíssimas empresas capazes de realizá-las, considerando o alto custo da atividade e a complexidade do código-fonte. Ao invés de contribuir, o processo de auditoria acaba se tornando uma limitação para os interessados. Mais uma vez a segurança está em jogo.
Do ponto de vista operacional, o processamento dos contratos inteligentes pode ser lento. A dificuldade de executá-los nas redes blockchain, especialmente pela limitação da capacidade computacional do hardware, restringe a sua utilidade em casos de uso de alto volume e frequência.
Isso acaba gerando gargalos que afetam diretamente a escalabilidade dos processos e o custo operacional, podendo inviabilizar economicamente alguns projetos.
Segurança é primordial em uma tecnologia que trabalha com dados sensíveis, assim, estamos diante de uma grande dualidade. Por um lado, o inegável avanço tecnológico que facilita diversas operações. Por outro, a insegurança contra falhas.
A solução mais lógica para as empresas mais conservadoras é, então, não utilizar? Lógico que não. Soluções novas estão sendo criadas para atender essas dores e conseguir facilitar a adoção massiva da tecnologia.
A minha visão é que demos um passo tecnológico importante com a criação dos contratos inteligentes. E os imensuráveis impactos que essa tecnologia pode proporcionar apontam para um um caminho sem retorno. Entretanto, como com qualquer nova tecnologia, ainda há uma longa jornada a ser percorrida e com muitos ajustes de rota pela frente.
* Diego Guareschi é CMO da Hathor Labs, tecnologia blockchain usada e certificada dentro do Sandbox da CVM.
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