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País que pode desaparecer com mudanças climáticas vai criar cópia no metaverso

Tuvalu, um arquipélago que reúne nove ilhas no Oceano Pacífico, pretende se tornar a primeira "nação digital" do mundo

Especialistas esperam que Tuvalu fique totalmente submerso até o final do século 21 (Divulgação/Divulgação)

Especialistas esperam que Tuvalu fique totalmente submerso até o final do século 21 (Divulgação/Divulgação)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 22 de novembro de 2022 às 10h58.

Tuvalu é um arquipélago composto por noves ilhas localizadas no Oceano Pacífico, no meio do caminho entre a Austrália e o Havaí, que corre o risco de desaparecer devido ao gradual aumento do nível do mar causado pelas mudanças climáticas.

Para enfrentar a ameaça, o país vai recriar seu território no metaverso como forma de preservar o Estado, a cultura, o conhecimento e a história de Tuvalu em um espaço digital, revelou o ministro de Relações Exteriores do país, Simon Kofe, em um discurso gravado que foi apresentado na COP 27 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

"Com nosso território desaparecendo, nós não temos outra escolha a não ser nos tornarmos a primeira nação digital do mundo", relatou Kofe.

(Mynt)

Embora as autoridades da ilha ainda estejam tentando deter o avanço do mar, o projeto de criação de Tuvalu no metaverso é uma iniciativa independente. A versão digital da ilha de Teafualiku já está em construção. Caso o objetivo maior seja alcançado, as versões real e virtual existirão em paralelo, declarou o ministro.

"Nossa terra, nosso oceano, nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo, e para mantê-los protegidos contra danos, não importa o que aconteça no mundo físico, nós os moveremos para a nuvem. A ideia é continuar a funcionar como um Estado e, além disso, preservar a nossa cultura, conhecimento e história num espaço digital", explicou.

Um dos objetivos da réplica do arquipélago no metaverso é garantir que o país continue a ser reconhecido como uma nação autônoma e que as suas fronteiras marítimas continuem a ser mantidas mesmo que as nove ilhas que o compõem acabem ficando submersas.

Atualmente, até 40% da capital de Tuvalu, Funafuti, fica inundada durante períodos de maré alta, e a previsão é que todo o país fique submerso até o final deste século. Tuvalu tem uma extensão de cerca de 25 quilômetros quadrados e uma população de 12 mil habitantes.

Ao revelar os planos para a criação de uma versão virtual do país, Kofe ressaltou que as nações mais poderosas do planeta não estão agindo para barrar o avanço das mudanças climáticas, conforme acordado em conferências anteriores: "Temos visto projeções de aumento da temperatura global bem acima de 1,5ºC, indicando o iminente desparecimento de ilhotas como esta".

Não foi a primeira vez que Kofe ganhou destaque por sua participação em conferências do clima. Na COP 26, o ministro de Tuvalu montou um palanque em uma região submersa da cidade e fez seu discurso com a água do mar na altura dos joelhos.

A concretização dos planos anunciados por Kofe em seu discurso faria de Tuvalu a primeira nação a ter uma réplica fidedigna no metaverso.

Outras iniciativas semelhantes

No ano passado, o governo de Barbados anunciou a disposição para a abertura de uma embaixada no metaverso Decentraland, cujos custos de implantação foram estimados em US$ 50.000. Em um primeiro momento, o espaço vai servir para oferecimento de serviços diplomáticos a pessoas de qualquer lugar do mundo.

Já na Indonésia, o plano diretor da capital Jacarta agora inclui uma réplica virtual a ser construída nos próximos quatro meses. O governo da Coreia do Sul, cujo país tem a quarta maior população gamer do mundo, estabeleceu uma aliança para o metaverso que inclui o Ministério da Ciência e da Tecnologia e a iniciativa privada.

Na Europa, o governo da Catalunha, região autônoma que inlcui as províncias de Girona, Lérida e Tarragona, inaugurou sua "República Digital" com o objetivo de "promover a cultura e a língua catalãs" em uma plataforma intitulada CatVers.

O projeto, que teria custado US$ 450 mil, sofreu inúmeras críticas por parte dos usuários por apresentar comandos em inglês e se restringir a um único espaço: uma sala virtual simples com uma disposição arquitetônica que remete a um museu de arte contemporânea no meio das montanhas de Montserrat, o símbolo mais tradicional da Catalunha. Além disso, há opções reduzidas de avatares para que os usuários possam interagir no espaço virtual oficial da Catalunha.

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