Vladimir Putin é o atual presidente da Rússia (NATALIA KOLESNIKOVA/AFP)
Redação Exame
Publicado em 10 de maio de 2024 às 15h17.
Última atualização em 10 de maio de 2024 às 15h28.
Um dos líderes da oposição ao presidente Vladimir Putin anunciou nesta sexta-feira, 10, que vai usar a tecnologia blockchain para criar um referendo sobre a legitimidade da reeleição do político para mais um mandato no comando da Rússia, buscando garantir a segurança de críticos ao governo.
A iniciativa foi idealizada por Mark Feygin, que atualmente vive exilado após ser perseguido pelo governo da Rússia. A ideia surgiu após uma vitória de Putin na eleição para presidente deste ano. O político obteve 87% dos votos e deve chegar a 24 anos no poder ao final do seu novo mandato.
As eleições, porém, foram alvo de críticas de organizações internacionais, grupos de oposição locais e outros países, que apontaram uma série de irregularidades e sinais de fraude no pleito. A ideia de Feygin é usar o blockchain para realizar uma consulta junto à população.
O projeto não tem nenhuma força legal na Rússia e não deverá ter um impacto prático imediato para Putin, mas a ideia do opositor é chamar a atenção do público para a questão e incentivar o apoio aos grupos de oposição ao presidente russo. Ao mesmo tempo, o referendo busca dar voz à população do país.
O voto ocorrerá por meio do aplicativo Russia2024, que foi criado a partir de uma ferramenta que tem como base o blockchain Arbitrum. A ferramenta permite que usuários sejam autenticados mas não tenham suas identidades rastreáveis por agentes externos, garantindo o anonimato.
Em um comunicado sobre o referendo, Feygin explicou que "é fundamental que proporcionemos vias confiáveis e à prova de vigilância para protestos e eleições. O Russia2024 e a sua tecnologia subjacente permitem isso".
O critério para a participação no referendo será a posse de um passaporte russo válido. As estimativas são de que 34,6 milhões de russos possuem passaportes atualmente. O aplicativo vai escanear os passaportes, mas os dados não serão armazenados ou divulgados posteriormente, segundo os organizadores da iniciativa.