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Opinião: o bear market está entre nós

O doloroso ‘bear market’ chegou e, para enfrentá-lo, vamos precisar de estratégia e muita paciência, mas a recompensa vem a seguir

 (Reprodução/Unsplash)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2022 às 10h58.

Última atualização em 16 de maio de 2022 às 10h10.

*Por Felippe Percigo

Sinais de alerta vêm luzindo feito neon desde o início do ano, mas agora ele chegou mesmo, o inverno cripto está entre nós. Os investidores assistiram esta semana ao nosso querido "ouro digital" chegar ao nível mais modesto do ano, batendo lá nos US$ 28 mil. No gráfico mensal, a moeda criptográfica mais popular do mundo começou a corrigir, ou seja, engatar uma descendente, o que decreta oficialmente a temporada gelada.

A tão temida estação ártica nada mais é do que uma tendência de baixa no preço do bitcoin, que acaba se estendendo por mais tempo do que gostaríamos. No viés de alta, o gráfico se comporta em geral com topos e fundos ascendentes, enquanto na direção contrária, o que estamos vivendo agora, existe um revezamento entre descidas e lateralizações. Isso significa que o preço pode ir engatando quedas e se movendo lentamente de lado, sem oferecer fortes emoções, durante meses e, às vezes, anos.

A pergunta que mais recebo desde o fim da euforia das máximas históricas no ano passado é se o inverno cripto chegou. Eu costumo sempre dizer que “a gente só sabe quando está no inverno cripto quando o inverno chega”. E é isso. São sequências longas de queda, de “mais do mesmo”, sem perspectiva de reversão, é dolorido e impossível ignorar que estamos no meio dele. Fica bastante evidente. É um verdadeiro teste de paciência.

Existe uma expressão típica do mercado global para essas eras do gelo, “bear market”, que é onde os “ursos” dominam. Para começar a comandar, essas imponentes criaturas tiveram, antes, que vencer os touros e instalar o seu reinado. Esse império “ursiânico” (não tem no dicionário) pode ser interrompido mais cedo ou mais tarde, mas nunca vai deixar de ser dolorido.

Só por curiosidade, para quem ainda não ouviu falar do termo, a fase chama-se “bear market” não porque dá vontade de hibernar e acordar só quando os preços saltarem, mas por conta do movimento de ataque do urso: ele se ergue e, com as patas, golpeia de cima para baixo. Ou seja, o mercado desce. Enquanto isso, os touros, para o combate, fazem um movimento com os chifres de baixo para cima, empurrando os preços para o alto.

Como a queda é lenta e o BTC pode chegar a perder muito do seu valor - caiu mais de 60% nos últimos dois meses -, os cavaleiros do apocalipse não demoram para aparecer com as suas trombetas. “O Bitcoin morreu”, dizem esses seres do subterrâneo, que em cada ciclo de baixa saem de seus porões para decretar o falecimento do mercado cripto. Isso mesmo, de todo o mercado, porque o BTC, sem dúvida, seria o último defunto da fila, porque o inverno certamente vai ceifar antes a vida de todas as altcoins.

É aí que se dá as boas vindas ao pânico. Com a falta de adrenalina dos repiques nas veias, muitos dos que se intitulam investidores começam a jogar a toalha. Este é o momento-teste, quando fica claro se o sujeito está em dia com o trabalho de casa ou não. Já passei por muitas “safras”, vi e vejo muitas pessoas no desespero se desfazendo dos investimentos com prejuízo para procurar algum outro abrigo para o inverno. Senhoras e senhores, a máxima está aí e não fui eu que inventei: “Compre no pânico e venda na euforia”.

Estou preparado para entrar pesado se o BTC descer um pouco mais. Para mim, essa é uma oportunidade única, uma promoção daquelas que é até covardia recusar. Os investidores raiz, aqueles que entendem o mecanismo do mercado e estão seguros dos fundamentos do BTC, muito sólidos a despeito da queda, vão se aproveitar do medo dos que vendem em busca de liquidez e de caixa para acumular mais.

Quem tem um plano de investimento certamente tem uma reserva de oportunidade, portanto basta acompanhar a queda e investir periodicamente. Uma estratégia simples e comprovadamente eficiente (por diversos estudos) é o Dollar-cost Averaging, ou seja, aportes em intervalos regulares, que podem ser mensais, por exemplo. Foi nessa linha que eu consegui construir um patrimônio em criptomoedas. Tenho bitcoin comprado a US$ 5 mil e ether a US$ 120, US$ 100, US$ 80 e por aí vai. Usufruí bastante dos ciclos de baixa. Como diria o bravo Rousseau ainda lá no século 18: “A paciência é amarga, mas seu fruto é doce”. Nunca sai de moda.

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