(Waitforlight/Getty Images)
Repórter do Future of Money
Publicado em 16 de novembro de 2023 às 17h04.
No Brasil, o Open Finance foi implementado pelo Banco Central há mais de dois anos. Desde então, o setor passou por grandes evoluções em adoção e tecnologia a fim de melhorar o compartilhamento de dados entre instituições financeiras.
Além do Open Finance, o Pix se destacou em adoção e o Banco Central agora desenvolve até mesmo a sua própria moeda digital. Apesar disso, o Open Finance ainda é “um mar aberto de oportunidades”, segundo especialistas.
O Global Open Finance Index, que tem como objetivo avaliar o grau de avanço de 27 países na pauta do Open Finance, coloca o Brasil como um dos líderes nessa categoria.
"Grandes fintechs brasileiras têm desempenhado um papel central no crescimento do ecossistema, pois disponibilizaram rapidamente em seus aplicativos funcionalidades de agregação de contas e aprovação de limites de crédito, o que ajudou milhões de brasileiros a desbloquear o Open Finance”, disse Murilo Rabusky, diretor de negócios da startup Lina Open X, que desenvolve soluções tecnológicas para apoiar as instituições financeiras a aderirem ao Open Finance.
“Já são 40 milhões de consentimentos ativos, o que significa que estas instituições que saíram na frente detêm um nível informacional e um grau de conhecimento sobre seus clientes que lhes possibilita inovar em sua oferta de produtos e serviços, e assim, gerar valor a partir do uso inteligente desses dados", acrescentou.
Além disso, de acordo com a pesquisa Open Finance Brasil, em 2021, 45,8% das pessoas se mostravam preocupadas em como seus dados financeiros seriam utilizados. Em 2023, esse percentual caiu para 34%. O estudo também mostra que a preocupação sobre falta de proteção dos dados reduziu de 41% para 28%.
Recentemente, o Banco Central inaugurou uma nova fase do Open Finance, que permite às instituições compartilhar dados de investimentos para o desenvolvimento de ofertas de investimento mais direcionadas.
“O mercado amadurecerá em um entendimento mais profundo das funcionalidades e benefícios do compartilhamento de dados e da personalização de produtos no setor. Além disso, reconheceremos o papel fundamental desempenhado por SPOCs, seguradoras e corretores neste ambiente. Nos próximos anos, também presenciaremos a harmonização e interoperabilidade entre os ecossistemas de Open Finance e Insurance, o que possibilitará jornadas mais completas e sem atritos no compartilhamento de dados e na oferta de serviços financeiros e de seguros”, disse Alan Mareines, CEO da Lina Open X.
O Open Insurance faz parte do ecossistema do Open Finance, mas é focado em um sistema de seguros aberto. No entanto, o compartilhamento de dados e serviços de seguros ainda está em desenvolvimento ao redor do mundo.
“Primeiro, cabe destacar o pioneirismo da iniciativa em âmbito global. Mesmo na Inglaterra, onde o Open Finance se iniciou, não se vislumbra a entrada do Open Insurance no curto prazo e no Brasil já estamos caminhando para a fase final de processamento de ordem do cliente”, disse Ícaro Demarchi Araujo Leite, superintendente de produtos da B3.
“Do nosso lado, eu espero que o Open Insurance seja uma grande oportunidade de negócios em que seguradoras, corretores e os mais diversos prestadores de serviço de tecnologia possam se conectar, aperfeiçoando e desenvolvendo cada vez mais o mercado securitário. Particularmente, espero que tenhamos oportunidade de realizar negócios cada vez mais personalizados e aderentes a uma experiência fluida e única para o cliente. Especialmente na percepção de valor das razões de se contratar um produto de seguro”, acrescentou o superintendente da B3.
Mesmo após mais de dois anos de sua implementação, o Open Finance ainda possui muito espaço para crescer no Brasil e no mundo, principalmente a partir da interação entre suas subdivisões, como o Open Banking e o Open Insurance.
Segundo Ícaro, “teremos um mar aberto de oportunidade para as instituições que identificarem que o Open é uma possibilidade enorme de ampliar seus horizontes de atuação. Teremos a possibilidade, via interoperabilidade entre esses mundos, de criar novos produtos aderentes ao universo financeiro e vice-versa”.
O superintendente de produtos da B3 ainda mencionou as Sociedades Processadoras de Ordem de Clientes (SPOCs).
“Essas entidades terão a capacidade de dar a segurança necessária para que o corretor tenha ainda mais acesso à informação dos clientes, ofertando ainda mais produtos para uma gama de riscos que ficarão mais evidentes. O ecossistema terá a capacidade de prover um ambiente de ganha-ganha que pode gerar ainda mais inclusão de pessoas e empresas sob a proteção do mercado securitário”, concluiu.
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