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O novo papel do que não se imprime: por que o bitcoin tem o cenário mais favorável de sua existência

Até que ponto os governos conseguirão sustentar níveis de endividamento cada vez maiores sem provocar uma crise sistêmica?

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 21 de setembro de 2025 às 10h00.

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Por Guilherme Sacamone*

Nos últimos meses, o debate econômico internacional tem girado em torno de uma questão fundamental: até que ponto os governos conseguirão sustentar níveis de endividamento cada vez maiores sem provocar uma crise sistêmica?

O caso dos Estados Unidos é emblemático. O país, que durante décadas foi visto como porto seguro dos investidores globais, enfrenta hoje uma situação em que o serviço da dívida já consome aproximadamente 1 trilhão de dólares por ano apenas em juros.

Além disso, mais de 9 trilhões precisam ser rolados nos próximos anos, o que pressiona ainda mais a necessidade de financiamento. Quando o custo da dívida cresce mais rápido do que a geração de receita, o sistema se aproxima perigosamente de um ponto de ruptura.

Esse dilema se traduz em escolhas difíceis. De um lado, permitir que os juros subam para atrair credores, o que inevitavelmente aumenta o risco de inadimplência em cadeia e sufoca a atividade econômica. Do outro, recorrer à emissão de moeda para financiar os déficits, corroendo o poder de compra do dólar e diminuindo a confiança na própria moeda.

Esse é o estágio típico de maturação de um ciclo de endividamento longo: quando a moeda de reserva global passa a ser questionada como reserva de valor.

Os movimentos recentes do mercado de ouro refletem essa realidade. Na última semana, o metal atingiu quase US$ 3.6 mil por onça, acumulando alta de 37% apenas em 2025, após um ganho de 27% no ano passado.

Estamos diante de uma das valorizações mais expressivas das últimas décadas, sustentada não apenas por investidores individuais, mas também por compras maciças de bancos centrais que buscam diversificar suas reservas. Essa tendência mostra que a preocupação com a solidez do dólar e de outros títulos soberanos deixou de ser marginal e passou a orientar estratégias de longo prazo, inclusive em escala institucional.

A disparada do ouro encontrou novo combustível com os últimos dados do mercado de trabalho norte-americano. A criação de empregos em agosto ficou bem abaixo das expectativas e a taxa de desemprego subiu para 4,3%, confirmando um enfraquecimento da atividade.

Esse dado alterou imediatamente as expectativas para a política monetária: hoje, operadores já precificam quase 90% de chance de corte de 25 pontos-base nos juros em setembro, e até 10% de chance de um corte de 50 pontos. Em outras palavras, a desaceleração do emprego passou a ter mais peso do que a persistência da inflação, e o mercado interpreta que a prioridade será aliviar a economia com juros mais baixos. Em um ambiente como esse, ativos que não pagam juros, mas preservam valor em períodos de instabilidade, como o ouro, tornam-se naturalmente mais atrativos.

Mas a história não termina no ouro. O bitcoin, que nasceu justamente após a crise financeira de 2008 como resposta a um sistema baseado em dívidas crescentes e políticas monetárias expansionistas, encontra agora talvez o cenário mais favorável de sua curta existência. Assim como o ouro, ele é escasso, não depende de governos e não pode ser manipulado por políticas fiscais ou monetárias.

Ao contrário das moedas fiduciárias, cuja quantidade pode aumentar indefinidamente, o bitcoin tem oferta limitada e previsível. Essa característica ganha relevância exatamente no momento em que os grandes bancos centrais do mundo enfrentam a tentação de voltar a imprimir dinheiro para sustentar déficits.

Seu único desafio ainda é a volatilidade elevada, mas, em contrapartida, sua lógica como reserva de valor permanece sólida. Se o ouro, com uma capitalização superior a 24 trilhões de dólares, é capaz de registrar movimentos tão expressivos diante dos sinais macroeconômicos atuais, qual seria então o potencial de um ativo tecnicamente superior e com uma capitalização dez vezes menor? O tempo dirá.

*Guilherme Sacamone é CEO da OKX Brasil.

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