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O futuro do trabalho não é corporativo: DAOs e redes de cooperação distribuídas serão protagonistas

De acordo com especialista, perspectiva incerta pode acelerar a chegada de uma nova fase no mercado de trabalho, e ela envolve a tecnologia blockchain

DAOs e redes de cooperação distribuídas podem protagonizar mercado de trabalho no futuro (ipopba/Getty Images)

DAOs e redes de cooperação distribuídas podem protagonizar mercado de trabalho no futuro (ipopba/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2022 às 11h12.

Por Taynaah Reis*

Os desafios induzidos pela pandemia do Covid-19 e a recessão global relacionada de 2020 criaram uma perspectiva altamente incerta para o mercado de trabalho e aceleraram a chegada do futuro do trabalho. À medida que a estabilidade entra em cena, mais pessoas do que nunca estão considerando o auto-emprego e o compartilhamento de empregos como opções viáveis para seu desenvolvimento pessoal e carreira.

Estima-se que mais de 20% dos trabalhadores nos EUA, Reino Unido, França e Alemanha são agora contratados independentes, em comparação com cerca de 8% a 10% há apenas alguns anos. No Brasil, a taxa de informalidade no mercado de trabalho subiu para 40%.

Esse tipo de mudança na forma como trabalhamos não é incomum ou inesperada, a ideia de que a maioria das pessoas seria empregada por grandes corporações teria parecido loucura para alguém no ano de 1500. Em vez disso, as pessoas ganharão renda de maneiras não tradicionais, realizando ações como jogar, aprender novas habilidades, criar arte ou selecionar conteúdo.

Espera-se que o ritmo de adoção da tecnologia permaneça inabalável e possa acelerar em algumas áreas. A adoção de computação em nuvem, big data e ecommerce continuam sendo as principais prioridades dos líderes empresariais, seguindo uma tendência estabelecida em anos anteriores. No entanto, também houve um aumento significativo no interesse por blockchain, ecossistemas digitais, robôs não humanóides e inteligência artificial.

Esse futuro do trabalho é possibilitado pelas redes que se formam em torno de protocolos de criptografia, que estão surgindo como novas formas de coordenar, medir e recompensar contribuições para ecossistemas complexos. Essa mudança já está começando a liberar um novo potencial de ganhos para indivíduos e está levando a uma crescente transferência de captura de valor de organizações para pessoas que participam como indivíduos em redes criptográficas.

A maneira tradicional de ganhar dinheiro era “trabalhar para ganhar”, mas o futuro da renda é “x-para-ganhar” – jogar para ganhar, aprender para ganhar, criar para ganhar e cooperar para ganhar.

No entanto, isso não acontecerá magicamente, exigirá organizações autônomas descentralizadas (DAOs) que possam coordenar toda essa nova atividade fora do contexto dos sistemas corporativos.

Primeiro, é importante explicar as deficiências dos modelos de ganhos existentes. O emprego corporativo tradicional está rapidamente se tornando obsoleto como meio de coordenação de atividades na era da informação, já notamos isso no surgimento de formas alternativas de ganho, como influenciadores, contratados, criadores, participantes da meta-economia e muito mais.

Essas formas de ganhar não parecem necessariamente “trabalho”, mas são todos exemplos de pessoas que participam como provedores de valor individual em redes complexas e ganham renda por suas contribuições.

No entanto, essas oportunidades não tradicionais são limitadas em número e, quando disponíveis, muitas vezes compensam o valor de um colaborador. Isso porque esses trabalhos ainda são baseados em um paradigma web2 em que as corporações continuam a controlar o modelo de negócios.

O modelo de empresa com fronteiras rígidas entre interno e externo pode ter feito sentido na era industrial, mas na era da informação esse modelo leva a incentivos desalinhados e insustentáveis.

As redes criptográficas criam um melhor alinhamento entre os participantes e os DAOs serão a camada de coordenação para este novo mundo.

As DAOs eventualmente substituirão o modelo tradicional. Uma DAO é uma organização nativa da internet com funções centrais que são automatizadas por contratos inteligentes e com pessoas que fazem coisas que a automação não pode (por exemplo, desenvolvimento de software).

Na prática, nem todos as DAOs são descentralizados ou autônomos, portanto, é melhor pensar nos DAOs como organizações baseadas na Internet que são de propriedade coletiva e controladas por seus membros como as cooperativas no Brasil.

Embora ainda esteja no início da evolução das DAOs, elas não são mais apenas um conceito esperançoso. São organizações reais que administram bilhões de dólares de capital, fornecem produtos e serviços reais a milhões de pessoas e criam novas maneiras de gerar renda.

DAOs vêm em muitas formas e tamanhos diferentes: existem DAOs que governam protocolos de criptografia (DAOs de protocolo), DAOs que fazem investimentos de risco (DAOs de investimento), DAOs que fornecem serviços a outros DAOs (DAOs de serviço), DAOs que compram NFTs (DAOs de colecionadores), e muitos mais.

Esses elementos que distinguem os DAOs das organizações tradicionais são, na verdade, o que permite que os DAOs tenham um relacionamento mais simbiótico com seus stakeholders e participantes. As DAOs funcionam como economias abertas, incentivando o valor a ser acumulado onde quer que seja fornecido, não com base em uma fronteira legal arbitrária.

À medida que as empresas planejam sua jornada de transformação digital aproveitando as tecnologias da nova era, elas precisam atrair e engajar especialistas em tecnologia qualificados para executar esses planos. Esses novos modelos de incentivos em rede serão fundamentais na adaptabilidade de indústrias inteiras e muitas empresas precisarão compreender essas novas dinâmicas e se reinventar para sobreviver nesta era de incertezas e surfar com velocidade no mar de novas oportunidades.

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