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O futuro da tecnologia blockchain é sustentável

Bitcoin está na mira de ambientalistas há anos, mas realmente prejudica o meio ambiente? Entenda

 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

(Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 10 de dezembro de 2023 às 10h00.

Por Eduardo Carvalho*

Desde que foi oficialmente lançado, com o surgimento do bitcoin em 2008, o mercado cripto nutre uma série de sentimentos mistos. Enquanto uma enorme parcela da comunidade internacional reconhece o seu potencial disruptivo, outros questionam, por exemplo, a pouca regulamentação em torno dos ativos.

Apesar desse cenário ambíguo, uma das questões consensuais envolvendo os dois lados, até pouco tempo, era sobre o impacto ambiental provocado pelo setor, já que o processo de mineração dos ativos acontece por meio de computadores de alta potência e que, por sua vez, demandaria um alto consumo energético.

Inclusive, esse discurso foi sustentado por alguns estudos, dentre eles o respeitado Bitcoin Electricity Consumption Index (CBECI), publicado pela Universidade de Cambridge em 2019.

No entanto, recentemente a história mudou, e, curiosamente, justamente por quem a começou. Após uma revisão na metodologia, uma versão atualizada da pesquisa foi divulgada no último mês de agosto, contrariando a percepção anterior ao afirmar que as criptomoedas consomem significativamente menos energia do que se presumia.

De acordo com o novo material, a utilização de energia pela tecnologia blockchain representa apenas 0,38% da capacidade de produção global de eletricidade - índice de consumo semelhante a todos os secadores de roupa nos Estados Unidos.

Fator ambiental como foco

Ainda que a revisão do material da universidade britânica represente um importante passo para a gradativa e, porquê não, natural mudança de imagem sobre os criptoativos, seria extremamente injusto também não mencionar que o próprio mercado vem se empenhando nos últimos anos para alterar esse viés.

A maior prova disso são os inúmeros projetos e iniciativas que surgem tendo a preocupação ambiental como um dos focos centrais de atuação. A Algorand, por exemplo, já atua hoje em dia com uma emissão negativa de carbono. Já a The Merge, que é considerada uma das atualizações de blockchain mais significativas na Ethereum, reduziu o consumo de energia da rede em impressionantes 99,9%.

Indo mais a fundo, podemos ressaltar ainda que existe um movimento orgânico executado pelos players do ecossistema na expectativa de contribuir no processo de alinhamento entre a tecnologia e a questão ambiental.

Tanto é que o próprio estudo divulgado pela Cambridge mostra que houve um leve, porém promissor, avanço no uso de energias limpas e renováveis na mineração dos ativos. Se em 2019 tais fontes representavam cerca de 7,25%, hoje elas já alimentam 11% das produções.

Novos métodos

Aliás, a preocupação é tamanha que até mesmo novas práticas de mineração estão se popularizando no mercado. Anteriormente, o principal método utilizado era a prova de trabalho (PoW), processo no qual os mineradores ganham uma recompensa com base na prova do trabalho que foi realizado. Ou seja, quanto mais ‘trabalhar’, mais ativos serão enviados como recompensa.

No entanto, como tal mecanismo demanda computadores de alta performance e é algo que leva muito tempo e energia, uma alternativa recente tem chamado a atenção do mercado: a chamada prova de participação (PoS).

Nesta modalidade, as moedas digitais são disponibilizadas com base na participação em determinada atividade, como o processamento de transações, o armazenamento de informações ou a adição de blocos.

A partir do artifício, os stakers, nomenclatura que vem sendo utilizada para os usuários da técnica, são recompensados a partir dos juros assegurados durante o processo. Assim, o método consegue conciliar o melhor dos dois mundos.

Isso porque, além de reduzir o consumo de energia em até 99%, o modelo permite um aumento na capacidade de processamento, tornando o sistema mais rápido e reduzindo o custo do registro no blockchain. Tal mecanismo é tão promissor que já vem sendo utilizado em sete das dez maiores criptomoedas do mercado.

Diante de todo esse cenário, podemos afirmar claramente que a tecnologia blockchain está longe de merecer a reputação, por vezes injusta, que lhe foi atribuída no mercado. Os criptoativos vieram para trazer inovação ao setor financeiro e isso não há mais como voltar atrás. E nem precisa.

Até porque, assim como ocorreu em diversos outros segmentos, a questão ambiental se tornou uma prioridade e o caminho que vem sendo estruturado no ecossistema sugere que os esforços estão só começando.

*Eduardo Carvalho é CEO e cofundador da Dynasty Global AG, empresa de criptoativos que usa o mercado imobiliário como referência para emissão de tokens de pagamento. Com vasta experiência nos setores imobiliário e de tecnologia, é um dos principais especialistas em criptoativos na Europa.

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