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O bitcoin vai acabar? Saiba tudo sobre a proposta que criou 'guerra' entre usuários da rede

Atualização proposta para o blockchain do bitcoin dividiu usuários e desenvolvedores, e especialista explica se há riscos concretos para o projeto

Bitcoin: proposta de atualização divide usuários da rede (Reprodução/Reprodução)

Bitcoin: proposta de atualização divide usuários da rede (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 16h27.

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O bitcoin se consolidou no mercado e é, atualmente, um dos 10 ativos mais valiosos do mundo, com uma capitalização de mais de US$ 2 trilhões e uma capacidade crescente de atrair investidores, empresas e até governos. Como qualquer criptomoeda, ele se baseia em um blockchain. Mas será que a sua rede corre o risco de acabar?

O questionamento surgiu nos últimos dias, em meio a uma intensa discussão nas redes sociais entre usuários e desenvolvedores do projeto. No centro da disputa, os "Ordinals", espécie de NFTs próprios da rede do Bitcoin e que surgiram em 2023. À época, eles tiveram um crescimento acelerado e atraíram milhões em negociações. Hoje, têm pouco espaço na rede e não foram capazes de ir além de um momento de hype no mercado.

Assim como qualquer rede blockchain, o Bitcoin passa periodicamente por atualizações que buscam aprimorar o projeto.

A próxima atualização está prevista para outubro, mas o seu objetivo tem dividido a comunidade do projeto. De um lado, há quem defenda mudanças para expandir os casos de uso do blockchain, atrair usuários e recursos. Do outro, críticos apontam um desvio de função da rede. Mas afinal, qual é o risco concreto para o bitcoin?

O passado e o presente do bitcoin

João Galhardo, analista da Mynt, a plataforma cripto do BTG Pactual, explica que a atualização proposta basicamente aumentaria a capacidade de armazenar arquivos de vídeos, imagens e sons nos "blocos" que formam a rede da criptomoeda. Na prática, isso impulsionaria projetos como o Ordinals, que envolve exatamente a criação de tokens a partir dessas mídias.

A lógica é semelhante à dos NFTs, permitindo criar colecionáveis digitais que retratam qualquer assunto, de momentos importantes até coleções temáticas de zumbis, macacos ou famosos. E é aí que mora o problema.

Enquanto outros blockchains, como a Ethereum e a Solana, historicamente usam esses ativos para atrair usuários, crescer e valorizar suas criptomoedas, o Bitcoin adotou um caminho contrário. Desde a origem, a rede nunca teve as condições técnicas para abarcar esses projetos. Até que o protocolo Ordinals surgiu como a solução para o problema.

Desde então, há uma batalha entre aqueles que defendem uma expansão desses recursos, aproximando o Bitcoin de outros blockchains, e os que acreditam que a rede estaria se desviando do seu propósito inicial, e que tem sido bem-sucedido até o momento, de ser uma alternativa de reserva de valor para a população.

Nesse sentido, o debate em torno da próxima atualização da rede é apenas mais um capítulo na disputa. Os críticos da atualização defendem inclusive que ela deveria ser alterada para reduzir, e não ampliar, a capacidade de processamento de mídias. E os usuários ligados ao Ordinals veem isso como um movimento para matar o projeto.

O embate envolve ainda outros elementos, como a boa lucratividade que o sucesso dos Ordinals deu às mineradoras de bitcoin ao fazer as taxas na rede dispararem. Por isso, defensores do Ordinals têm ganhado o apoio de algumas mineradoras.

Qual o futuro do blockchain?

Galhardo ressalta que "antes de qualquer pânico, é importante dizer que a mudança em discussão não altera regras de consenso do protocolo e não deleta Ordinals. Trata-se de um ajuste de política de retransmissão no software Bitcoin Core v30, previsto para outubro". Ou seja, as características básicas da rede não mudariam.

"Críticos caracterizam a atualização como 'remover o filtro de spam'. Defensores dizem que o limite antigo empurra usuários para soluções piores. Mas não há mudança em emissão, tamanho de bloco ou regras que invalidem transações", diz. O analista ressalta que, mesmo se a atualização for alterada, não há riscos dos Ordinals acabarem.

Ele pontua que os dois lados têm trazido argumentos válidos para a discussão: "Há receios de 'spam'e custo de operação de nós da rede. Do outro lado, o argumento é de que uma política de censura de aplicações contradiz a neutralidade do Bitcoin, e que mineradores aceitam validar o que paga mais taxas."

"O debate é barulhento, mas o núcleo do Bitcoin permanece intacto: regras de consenso estáveis, incentivos alinhados a quem provê segurança e um mercado que arbitra utilidades via taxas. Atualizações de política podem, e devem, ser discutidas. Mas não equivalem a mudar a essência do protocolo. A rede segue robusta, com diversidade de clientes, operadores e mineradores, além de um mecanismo de taxas que prioriza usos dispostos a pagar por espaço em bloco", diz.

Em meio às discussões, alguns defensores do Ordinals levantaram, inclusive, a possibilidade de "separar" o blockchain se a atualização não ocorrer. O movimento, conhecido como "hard fork", na prática poderia gerar uma nova criptomoeda e a disputa pelo "título" do bitcoin, como já ocorreu no passado com o Bitcoin Cash.

Entretanto, Galhardo ressalta que "a rede Bitcoin não vai acabar. E a 'atualização polêmica' é, tecnicamente, um ajuste de política de retransmissão, não um ataque aos pilares do protocolo". Com isso, mesmo que a briga se intensifique, é improvável que a criptomoeda esteja ameaçada.

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