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Novo chip quântico da Microsoft vai destruir o bitcoin? Entenda os riscos

Microsoft anunciou lançamento do Majorana 1, acelerando avanços na computação quântica e riscos para bitcoin e outras criptomoedas

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 11h34.

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A Microsoft anunciou na última quarta-feira, 19, o lançamento do Majorana 1, um novo tipo de chip da gigante de tecnologia que tem como foco a computação quântica. O projeto promete acelerar o desenvolvimento desse setor em décadas, assim como os seus efeitos para diferentes setores da economia. E o bitcoin e outras criptomoedas podem ter sérios riscos com essa novidade.

O anúncio da Microsoft reforçou temores entre usuários do ecossistema cripto que, na verdade, tiveram início em dezembro do ano passado. Naquele momento, foi o Google que divulgou avanços na computação quântica, também anunciando uma nova geração de chips para o segmento, com um salto na capacidade de processamento.

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Entretanto, a Microsoft conseguiu ir além. A empresa afirma que seu novo chip será capaz de conter 1 milhão de qubits, unidades de informação da computação quântica, até 2028. Na prática, isso significa que máquinas equipadas com esses chips serão capazes de realizar uma série de tarefas complexas que, hoje, demorariam décadas ou séculos para serem concluídas, e com custos inviáveis. E é aí que mora o problema para o bitcoin.

Quebrando blockchains?

O grande risco para o setor envolve a tecnologia blockchain, que estabelece a lógica de funcionamento de todas as criptomoedas ao gerar uma espécie de banco de dados descentralizado para registro de informações. As redes blockchain funcionam por meio de algoritmos que garantem a sua imutabilidade e segurança.

Hoje, para quebrar esses algoritmos, seria necessário um poder computacional tão grande que a operação se torna inviável tanto do ponto de visto financeiro quanto temporal. Mas a computação quântica pode avançar para um nível em que seria possível quebrar esses algoritmos em questão de dias, ou até horas.

No caso do bitcoin, o seu blockchain usa o algoritmo do tipo SHA-256 para organizar seu processo de mineração e do tipo ECDSA para a parte de assinatura de transferências. Para especialistas, ambos estariam vulneráveis à quebra pela computação quântica.

O Majorana 1, novo chip da Microsoft, poderia chegar a 1 milhão de qubits e, com isso, quebrar os algoritmos do blockchain em um intervalo de algumas semanas, ou até dias. Quanto mais qubits, mais rápida a quebra ocorreria.

Com a quebra dos algoritmos, os donos dessas máquinas poderiam alterar informações registradas em blockchains e, principalmente, invadir carteiras digitais de usuários e transferir unidades de bitcoin para onde quisessem. Na prática, portanto, toda a segurança do ativo estaria perdida, com um mercado de bilhões vulnerável a manipulações e roubos.

A realidade

Mas, no momento, ainda não há o que temer. Especialistas avaliam que a computação quântica seria um risco para o bitcoin e outras criptomoedas a partir de um acúmulo de 1 milhão de qubits. O novo chip da Microsoft conta com 8 unidades até agora, e outras empresas não conseguiram passar de mil qubits.

A distância entre os números significa, na prática, que as criptomoedas terão tempo para se proteger dessa ameaça. O próprio criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, já previa que a computação quântica poderia quebrar os algoritmos do bitcoin, mas deu orientações de como resolver esse problema.

Segundo Nakamoto, se os avanços na computação quântica ocorrerem de forma gradual, os desenvolvedores do projeto teriam tempo para criar novos algoritmos resistentes às quebras por máquinas de computação quântica. O blockchain Solana, por exemplo, afirmou recentemente que já implementou esses algoritmos.

Em um cenário mais pessimista, em que a computação quântica avançaria mais rápido que a capacidade dos desenvolvedores de proteger o blockchain do bitcoin, Nakamoto disse que seria preciso definir em consenso o último bloco não manipulado por um ataque e recomeçar a rede a partir dele, com um novo algoritmo resistente.

Esse cenário parece estar distante no momento, por mais que a computação quântica esteja avançando mais rápido que o esperado. E a criptomoeda não é a única ameaçada. Em entrevista à EXAME em julho, o CTO da IBM destacou que a adaptação à computação quântica envolverá todos os setores da economia, já que ela também poderá quebrar, por exemplo, a criptografia de segurança de bancos.

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