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Nova queda do bitcoin reforça correlação com ações de tecnologia ao invés do ouro?

Desempenho da criptomoeda nos últimos dias está mais próximas das ações de tecnologia do que do ouro, apesar de teses de investidores

Mercado de criptomoedas voltou a cair em 2024 (Reprodução/Reprodução)

Mercado de criptomoedas voltou a cair em 2024 (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 09h30.

Uma das importantes teses de investimento por trás do bitcoin é o seu potencial para ser o "ouro digital", ou seja, o equivalente na era da internet à reserva de valor mais conhecida e usada por investidores. A consolidação dessa tese depende, porém, da capacidade da criptomoeda para mostrar um comportamento de preço semelhante ao do ativo físico.

Nos últimos dois anos, essa capacidade foi cada vez mais defendida por investidores favoráveis à moeda digital, citando a valorização do ativo junto com o ouro durante as quebras de bancos regionais nos Estados Unidos em 2023 e o crescente interesse de investidores institucionais com foco em longo prazo, simbolizado pelo lançamento de ETFs no mercado norte-americano.

Mas, ao longo dos últimos dias, o comportamento do bitcoin ficou aquém do esperado para justificar essa tese. Dados da plataforma CoinGecko apontam que, no acumulado dos últimos sete dias, o bitcoin acumula queda de 14,1%. A desvalorização chegou a ser ainda maior entre o domingo e a segunda-feira, 5, de mais de 20%.

O movimento refletiu a queda das próprias ações de tecnologia, com as sete maiores dos Estados Unidos perdendo US$ 1 trilhão em valor de mercado e com quedas de mais de 10%. O principal índice da Bolsa de Nasdaq - que concentra ações de tecnologia nos Estados Unidos - perdeu mais de 3% na segunda-feira e acumula perda de 12% desde o seu pico em julho deste ano.

O ouro, por outro lado, teve um comportamento diferente desses ativos, registrando queda mais leve, de menos de 2%, na segunda-feira. E, no acumulado de agosto, ele tem um saldo positivo, e não negativo, com alta de pouco mais de 1%, em linha com tendências de valorização dessa reserva em momentos de aversão a riscos no cenário mundial, como o atual.

Bitcoin e ouro

Mas isso significa que o bitcoin ainda tem sua maior correlação com ações de tecnologia, e não com o ouro?  Para Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset "é comum em momentos de pânico do mercado vermos aumento da correlação entre diferentes classes de ativo, inclusive as que supõem uma correlação historicamente baixa".

Ele avalia que o cenário não foi diferente neste início da semana, com quedas mais intensas das ações de tecnologia e do bitcoin e menos intensa do ouro. Para ele, porém, "o importante é observar a reação em um segundo momento, quando o cenário começa a acalmar".

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"Historicamente, depois de ciclo de aperto monetário mais intenso como o que tivemos em 2022 e 2023, é normal vermos quedas expressivas nos índices de bolsa americanos, pois o movimento de queda de juros costuma coincidir com a chegada de uma recessão, o que acaba afetando o resultado das empresas.", avalia.

Para Fleury, "um percentual importante dos principais índices é composto por empresas de tecnologia. Já o ouro costuma performar relativamente bem nesse cenário. Acredito que só veremos mesmo quem o bitcoin vai acompanhar quando as taxas de juros nos EUA efetivamente começarem a cair".

Na mesma linha, a gestora Hashdex afirmou à EXAME que não acredita que "essa queda de preço de curto prazo enfraqueça a tese de investimento de médio a longo prazo para o bitcoin ou outros criptoativos. O bitcoin continua cerca de 40% acima de seu mínimo de janeiro de 2024 e crescendo mais de 100% no último ano".

"Apesar dos enormes avanços em termos de aceitação institucional este ano, o mercado de cripto ainda é um mercado nascente, relativamente menor e com muita atividade especulativa. Portanto, esses tipos de movimentos de mercado, por mais dolorosos que possam ser, não são eventos inesperados", ressalta.

A gestora comenta ainda que "cada grande queda de mercado é um teste de resistência para o sistema, e o bitcoin continuou a se fortalecer após esses eventos".

"Se você olhar o que aconteceu em março de 2020, a crise da Covid-19, quando aconteceu uma queda muito mais significativa, o bitcoin levou cerca de 45 dias para se recuperar — um lembrete de que esses são os momentos em que a disciplina e um horizonte de investimento de longo prazo podem beneficiar muito os investidores em cripto", pontua.

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