Tênis virtual está entre os NFTs oficiais da Nike, que já movimentaram bilhões de dólares (Nike/RTFKT/Divulgação)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 22 de agosto de 2022 às 13h53.
Desde que o mercado de NFTs começou a se popularizar e tomar proporções que o levaram a romper a "bolha" dos entusiastas de cripto e blockchain, no ano passado, diversas grandes marcas globais tentaram se aproveitar do "hype", a ponto de até incomodar as pessoas que não se interessam pela tecnologia. Mas apesar de recorrente, o movimento se mostrou bem sucedido para a maioria delas, com lucros multimilionários - ou bilionário, como no caso da Nike.
De acordo com um levantamento do site Dune Analytics, que reúne dados on-chain, a iniciativa da Nike no mercado de NFT é caso de maior sucesso entre empresas que não são nativas em blockchain e apostaram neste setor. A empresa norte-americana recebeu US$ 93,1 milhões em vendas, que geraram outros US$ 92,2 milhões royalties, totalizando um lucro direto de US$ 185,3 milhões - quase R$ 1 bilhão.
Os royalties milionários que a empresa recebeu vêm das vendas dos tokens no mercado secundário, onde os investidores compram e vendem os NFTs e a criadora do projeto ganha uma comissão a cada negociação. Ao todo, os NFTs da Nike foram responsáveis por 67.250 transações e movimentaram US$ 1,3 bilhão nos mercados secundários - o maior deles é a plataforma OpenSea.
Outras grandes marcas também tiveram lucro milionário com a aposta nos tokens não fungíveis. A Dolce & Gabbana, por exemplo, captou US$ 23,14 milhões com a venda dos seus NFTs, valor que se soma aos mais de US$ 2,5 milhões que a marca já recebeu em royalties pelas mais de 9 mil negociações no mercado secundário, levando o lucro total para mais de US$ 25 milhões (R$ 130 milhões).
A terceira e a quarta posições da lista de empresas "tradicionais" com maior lucro gerado por NFTs também vêm de marcas ligadas ao mercado de luxo: a Tiffany, que recentemente lançou joias inspiradas nos CryptoPunks e já lucrou US$ 12,62 milhões, e a Gucci, que arrecadou US$ 11,56 milhões com seus NFTs.
Maior concorrente da Nike e uma das primeiras marcas não nativas a apostar nos NFTs, no metaverso e na Web3 de forma geral, a Adidas fecha o top 5, com US$ 10,94 milhões de lucro com seus tokens não fungíveis, sendo US$ 6,2 milhões em vendas e US$ 4,74 milhões em royalties.
Também aparecem com lucro na casa dos milhões de dólares a Budweiser (US% 5,88 milhões), a revista Time (US$ 4,6 milhões), a Bud Light (US$ 4 milhões), o Australian Open (US$ 1,7 milhão) e a Lacoste (US$ 1,11 milhão). A Nickelodeon e a McLaren obtiveram cifras mais modestas até o momento, de US$ 582 mil e de US$ 333 mil, respectivamente.
Apesar das iniciativas altamente rentáveis, os NFTs dessas grandes marcas não escaparam do "inverno cripto" que afeta o setor em 2022. O índice de preços dos tokens da Nike, por exemplo, que chegou a passar da marca de US$ 200 mil, hoje está em US$ 23.985. O número de transações com esses tokens também despencou, de mais de 10 mil por mês em dezembro de 2021 para 1.461 neste mês de agosto.
Na disputa entre as duas marcas concorrente nos mercados de moda e artigos esportivos, a Nike leva ampla vantagem da Adidas não apenas no lucro obtido com os NFTs, mas também de adoção dos tokens: enquanto a empresa dos EUA já viu 30.447 usuários diferentes adquirirem os seus NFTs, a empresa alemã atingiu 13.498 carteiras diferentes.
Mesmo com o momento negativo do mercado cripto, os resultados das iniciativas com NFTs pode indicar uma nova tendência não apenas para as marcas, mas também para os consumidores, cada vez mais interessados e imersos no ambiente digital.
Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok