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Não é mais loucura pesquisar sobre IA geral, diz cientista-chefe de aliança para 'superinteligência'

Em entrevista à EXAME, Matt Ikle falou sobre futuro da inteligência artificial e "tensão" entre projetos centralizados e descentralizados

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 29 de abril de 2025 às 12h03.

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A humanidade ainda não chegou na tão falada inteligência artificial geral, que teria capacidades semelhantes à de uma pessoa, mas ela está caminhando para essa direção. É o que afirma Matt Ikle, conselheiro científico-chefe da Aliança de Superinteligência Artificial, projeto que reúne diversas iniciativas para chegar à próxima etapa da IA.

Em entrevista à EXAME durante o Web Summit Rio 2025, Ikle comentou que pesquisa o tema de IA geral (AGI, em inglês) desde a década de 1990. Naquela época, "se você falasse que pesquisava AGI, você seria um motivo de piada. E foram décadas desse jeito, mas acho que, lentamente, a AGI começou a ganhar espaço até que, de repente, não é mais loucura pesquisar sobre".

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A análise de Ikle converge com posicionamentos recentes de grandes executivos do mercado, em especial o CEO da OpenAI, Sam Altman, sobre uma possível iminência da chegada da IA geral a partir dos avanços em torno da IA generativa. Nesse sentido, o cientista diz que "eu não me movi em direção ao mercado, o mercado que se moveu na nossa direção".

Por outro lado, Ikle pontua que a definição do que seria exatamente uma IA geral "pode envolver questões filosóficos bem profundas". Para ele, a ideia envolveria um modelo de inteligência artificial capaz de trabalhar com uma "adaptabilidade completa", entendendo quais perspectivas e caminhos adotar ao ser confrontado com problemas.

O cientista considera que, no fim, a questão central é o "determinismo e não determinismo". "Falar sobre agência e independência da IA é mais difícil. Não temos uma resposta para isso, do quanto ela conseguiria fazer algo de forma independente e do quanto ela apenas está cumprindo com a sua programação".

Ikle diz que a humanidade ainda não chegou à inteligência artificial geral, mas que "está otimista". "Nossas criações envolvem um processo de coevolução. É uma adaptação das IAs que construímos, nós mudamos e também as mudamos em contrapartida, é um ciclo", resume.

Ele não descarta ainda que "em algum ponto [da evolução da IA] nós, enquanto seres imperfeitos que somos, não teremos respostas para algumas dessas perguntas profundas" sobre o que, exatamente, diferenciaria uma inteligência artificial futura de uma inteligência humana.

Ikle lembra que, na década de 2010, chegou a dizer que a humanidade atingiria a AGI antes de 2020. A previsão não se confirmou, e ele diz que não faz mais projeções para o futuro. A Aliança de Superinteligência Artificial, porém, aponta que a AGI pode ser atingida nos próximos três anos.

IA e blockchain

Anunciada em 2024, a Aliança de Superinteligência Artificial é resultado de uma fusão de diferentes projetos de inteligência artificial que já usavam a tecnologia blockchain e as criptomoedas em alguma medida. Hoje, ela reúne a SingularityNet, que tem a AGI como foco, a FETCH.AI, focada nos agentes de IA, a Ocean Protocol, que é uma provedora de dados, e a Cudos, que fornece poder computacional para as IAs.

A lógica do movimento é combinar a descentralização dos seus projetos com a tecnologia blockchain. Ikle explica que, em sua visão, a tecnologia em si é mais vantajosa que o uso de criptomoedas. "A maior vantagem está no blockchain, porque aí tem a questão da origem dos dados, a garantia de que não foram corrompidos, que vieram de boas fontes, e consegue rastrear e verificar tudo".

Ikle resume as vantagens em uma palavra: "Transparência". "Nada é perfeito, mas é uma capacidade de ter um autoconhecimento, identificar vieses, permitir mitigação, rastreamento e transparência".

No caso das criptomoedas - hoje, a aliança conta com a cripto FET -, Ikle comenta que a forte volatilidade desses ativos ainda limita as possíveis vantagens para os projetos descentralizados, como na área de financiamento para projetos. Ele pontua, porém, que "isso não é uma culpa da tecnologia em si, mas sim dos humanos, uma falta de maturidade no mercado".

Ao mesmo tempo, ele vê como natural a "tensão" entre modelos centralizados e descentralizados de IA. "Eu prefiro os descentralizados. A centralizada pode ser mais eficiente, mas é como um governo autoritário. Ela consegue fazer as coisas rapidamente, mas pode ser mais brutal em diversas formas. A descentralizada tem mais dificuldade em chegar a consenso, tomar decisões rapidamente, e às vezes isso é necessário".

"Sempre vai existir essa tensão, e o mercado pode ir se movimentando para uma direção com mais força que a outra. É algo da própria história, esse pêndulo, mas não é fácil fazer esse movimento. Provavelmente, é algo da própria natureza humana. Em termos de IA, no momento, se ver os dados, é um momento de maior força das centralizadas. Existe essa tensão", avalia.

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