Especialistas discorrem sobre as possibilidades de negócios no metaverso (ipopba/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 9 de março de 2022 às 10h30.
Que o metaverso é uma das principais tendências de 2022 quando falamos de tecnologia, não é novidade para ninguém. O ambiente virtual imersivo já é uma realidade que, aos poucos, está conquistando seu espaço no mundo das novidades tecnológicas.
Gigantes internacionais como Facebook, Nvidia e Nike já apostam nesse mercado por meio de investimentos em plataformas digitais que permitem a criação de avatares 3D, espaços colaborativos para construção de metaversos e novas tecnologias para games, por exemplo.
No território nacional, o Banco do Brasil também lançou uma experiência virtual dentro do servidor do game GTA, por exemplo.
Diante de uma tendência tão latente, é natural que muitas startups se perguntem como acompanhar o novo cenário e manter a relevância de seu negócio em meio a tantas novidades. Especialistas de diferentes áreas comentam a seguir os principais pontos de atenção para as startups brasileiras neste novo momento.
Para Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy, o metaverso é um ecossistema de grande potencial ainda inexplorado, as ações ainda são incipientes com notoriedade do setor de games e da arte. Os grandes players do mercado começam a figurar em metaversos distintos, tendo como diretriz a venda de diversos itens, avatares, e terrenos, por exemplo.
Para o executivo, o que está provado até agora, porém, é a monetização deste mercado, onde se vê necessário a criação de uma carteira para armazenar os ativos, e assim a carteira de custódia própria da Bitfy entra no metaverso como realizadora.
Todas as compras neste mundo de realidade virtual são efetuadas através de uma NFT (moeda que circula no metaverso como meio de pagamento), obtida através de uma criptomoeda (geralmente o Ethereum), que posteriormente se transforma no objeto de desejo do usuário.
Já no mercado da telecomunicação, Jotta Fernandes, CXO da mobtech Veek, entende que o papel das operadoras digitais é conectar o brasileiro de forma simples e acessível, utilizando a tecnologia 5G para tornar esse cenário possível.
“Junto a outras operadoras, a Veek trabalha para preparar o caminho desta tecnologia, já de olhos no futuro, enquanto observamos institutos chineses começarem os testes em redes 6G, alcançando a velocidade fantástica de mais de 200 gigabytes por segundo”, defende.
Assim como muitas indústrias estão agora correndo para ter uma presença no metaverso, a saúde também caminha nessa direção, além do que já é. Formas de terapia que ocorrem usando tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada já são uma prática dentro do conceito de metaverso. Fisioterapia, terapia cognitiva e a própria telemedicina são exemplos desse avanço.
“Mesmo com especialistas dizendo que ainda pode demorar anos para chegarmos a um modelo ideal e completo do metaverso, já temos cenários do que a nova tecnologia pode proporcionar, inclusive alinhada ao 5G, que, por si só, já vai dar um upgrade em nossa navegação”, explica Rafael Almeida, gerente de produto da healthtech Saúde da Gente.
De bancos ao varejo, a migração para o metaverso está acontecendo. Além disso, há aquelas que nasceram especificamente neste cenário, antes mesmo dele ficar “hypado”. É o caso da Code Coast, startup de realidade aumentada que tem como um de seus principais propósitos democratizar o uso da tecnologia no mercado de e-commerce brasileiro.
Para a era do metaverso, a empresa será uma prestadora de serviço e colaboradora para essa construção, pois abrange diversas áreas de atuação, tais como eventos e ações de mídia, varejo, imóveis, construção, dentre outras.
“O mercado de Realidade Aumentada no Brasil ainda é pouco explorado, o que nos deixa em um oceano de oportunidades e crescimento", explica Ismael Nascimento, CTO da startup.
Já Gabriel Figueira, especialista em comunicação digital e head de marketing na Zappts, as empresas de tecnologia estão entre os principais beneficiados deste novo tipo de interação social, visto que podem propor novas maneiras de utilização do metaverso, desde a promoção de um produto até integrar a rotina corporativa, por exemplo.
"Considerado um centro de inovação, o metaverso ajudou a promover o mercado de games. Grandes marcas como Nike, Itaú e Vans já desenvolveram ações com o ambiente virtual com o intuito de atingir um novo nicho, e consequentemente, se posicionar neste novo espaço", disse
A Nike criou no ano passado a Nikeland dentro do jogo Roblox - os jogadores conseguem criar os próprios mundos virtuais, além de outros participantes do game poderem interagir com a experiência construída dentro da plataforma.
Além disso, a marca esportiva anunciou a compra da empresa Artifact Studios, que é especialista no desenvolvimento de tênis e artigos digitais. O foco da empresa está em crescer no metaverso e se conectar com pessoas que amam moda e jogos.
Já o Itaú criou a campanha #2022EmUmaPalavra, com o intuito de ganhar a atenção do público gamer para a empresa. Inserindo a campanha em outdoors da chamada Cidade Alta, do servidor RolePlay da OutPlay, nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.
Por último, após a Nike, a Vans entrou também no Roblox, e criou o Vans World, local que é possível realizar compras e personalizar vários estilos de customização de tênis durante o jogo. A empresa também visa aumentar os esforços no mundo digital entre os esportes online e a moda.
Ainda segundo o especialista, por mais que o metaverso chame a atenção positivamente, os desafios nos “bastidores” rodeiam quem deseja implantar o ambiente virtual na rotina corporativa, abaixo, confira dois deles:
Segurança de dados: as empresas se preocupam cada vez mais com segurança dos dados, desta forma, não é à toa que há uma revolução na área de T.I constantemente. O metaverso exige um novo nível para a proteção das informações de identidade e daquilo que for conquistado no ambiente virtual, considerada as posses.
Tempo e espaço: quando comparamos a realidade física da virtual, a percepção de tempo e espaço pode ser diferente, visto que a consciência sobre nosso corpo é menor no metaverso. A conexão entre tempo e espaço deve demonstrar conforto e consciência enquanto os usuários estão dentro do ambiente virtual.
Além disso, quanto à experiência que o metaverso pode proporcionar, é possível observar por duas óticas:
1) Experiência imersiva: onde se tem um óculos de realidade virtual que possibilita a imersão no ambiente tridimensional do metaverso, construindo avatares e conectando pessoas em qualquer parte do mundo;
2) Experiência através de telas: seja pelo computador ou smartphone, como é o caso do Gather, que permite um universo onde os usuários possam realizar atividades em conjunto.
Já Saulo Camelo, CEO da Camelo Digital, agência de marketing que está há mais de dez anos no mercado, com o metaverso, as novas tendências de trabalho remoto e consumo irão dinamizar as compras on-line e as relações humanas, oferecendo uma possibilidade de crescer cada vez mais nas redes.
Segundo ele, desta forma, tudo será feito de forma conjunta: trabalho, assistir a filmes, acessar plataformas de streaming e compartilhar conteúdos da web. De acordo com Saulo Camelo, levando em consideração esses ideais propostos pelo Metaverso.
Ele também aponta que as aplicações do Metaverso são praticamente infinitas porque elas podem promover a interação entre os seres humanos sem a necessidade de compartilhar um espaço físico. Dessa forma, os escritórios virtuais, as visitas 3D, as exposições e as feiras serão cada vez mais populares.
"O metaverso será uma grande jogada para qualquer empresa de marketing. A nova tecnologia deve aumentar ainda mais o número de pessoas em trabalho remoto após a pandemia. Além disso, outra tendência muito cotada é a do aumento de pagamentos por meio da internet, utilizando apenas moedas virtuais. Iremos levar a experiência do usuário final a um próximo nível e consequentemente crescer neste nicho. Ao unir tecnologia com a possibilidade do trabalho remoto, as palavras ‘inovação’ e ‘rentabilidade’ não poderiam estar mais unidas”, afirma.
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