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Agência de notícias
Publicado em 12 de outubro de 2023 às 09h30.
O metaverso, atualmente, não ocupa o mesmo lugar nos holofotes que ocupava durante o primeiro semestre de 2022. As mudanças causadas pela sua popularização, porém, seguem reverberando. Durante o Rio Innovation Week, os professores André Paz e André Aquino apontaram o papel transformador que o metaverso pode desempenhar no futuro das universidades brasileiras.
Na sexta-feira, 6, durante o painel “Metaversos e o Futuro das Universidades”, realizado na trilha “RIW & Meta Mundo”, o professor André Paz comentou sobre o uso do metaverso nas universidades usando como exemplo a instituição na qual é professor adjunto, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Desde julho deste ano, a Unirio conta com uma versão virtual do Empreende, projeto dedicado a fomentar conexões e colaborações que possibilitem testar os limites e possibilidades do metaverso. Além disso, Paz comenta que o espaço também surgiu para modernizar laboratórios e encubar empresas, contando com professores e pesquisadores de diferentes áreas do saber.
“A ideia por trás de iniciativas como essa é acolher um público que não é do game com o metaverso, adequando a tecnologia para necessidades e interesses de outros grupos sociais”, conta Paz durante sua apresentação.
Para atrair novos usuários para o metaverso criado, Paz conta que o Empreende reúne real e surreal. Na linha realista, o espaço Empreende foi criado na versão virtual da Urca, mesmo lugar onde se situa a Unirio.
Já na parte surreal, o professor adjunto da Unirio conta que o modelo do prédio do Empreende no metaverso é inspirado no Museu de Arte de São Paulo, mas sem as pilastras. "Não é necessário ter pilastra segurando, pois não existem as limitações físicas. A ideia é trabalhar o realismo para acolher novas pessoas, mas inserir elementos surreais do metaverso”, explica Paz.
Além disso, a relação entre metaverso e universidades é uma via de mão dupla, na avaliação de Paz. “Esse ambiente virtual deve captar coisas que já estão acontecendo dentro da universidade e tentar melhorá-las, e a própria universidade deve propor mudanças no metaverso”, aponta.
A universidade é mais que ensino, destaca André Aquino, professor Titular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de uma composição de processos que, além do ensino, inclui pilares como pesquisa e gestão.
A popularização dos universos virtuais é capaz de causar alterações nessas dinâmicas, diz Aquino. “Questões como presença, papel do docente e didática precisam ser revistos com a chegada do metaverso”, avalia.
Aquino é também um dos coordenadores do Metalab, que é um grupo de pesquisa e inovação da USP dedicado ao estudo dos impactos e oportunidades da adoção de Mundos Virtuais e Metaverso nas organizações e na sociedade como um todo.
O professor da USP salienta que a ideia de um único universo virtual conectando pessoas é uma utopia. As universidades precisam estar preparadas para aceitar que existem diversos mundos virtuais, com tipos diferentes de tecnologia, inclusão e abertura. É necessário, então, aceitar a ideia de interoperabilidade.
Apesar das transformações em curso no ensino superior, causadas pelo metaverso, Aquino ressalta que essa relação ainda está em fase de experimentação. “Ainda estamos no período do chamado hype, que conta com pouca reflexão de quais são as melhores formas para aplicar a tecnologia”, destaca o professor da USP.
Nessa fase, um dos maiores desafios para criar experiências imersivas é a geração de conteúdo, na avaliação de Aquino. O objetivo é superar essa barreira e chegar em uma fase mais madura de engajamento..
“Ainda é necessário chegar em outras formas de distribuir os conteúdos coletivamente, possivelmente com soluções 3D, e distribuir o conteúdo para docentes de outras áreas além de tecnologia, como ciências sociais e humanidades”, acrescenta Aquino.
Além disso, Aquino defende que os metaversos não devem replicar a realidade atual, que apresenta amplas lacunas de desigualdade. O universo virtual deve criar abertura, com novos espaços de interação, gerando oportunidades.
“Por exemplo, as pessoas que têm óculos de realidade aumentada e aquelas que não têm já replicam uma dinâmica de desigualdade do mundo real. A camada virtual deve servir para construirmos algo melhor, mais inclusivo”, conclui o professor da USP.
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