Future of Money

Mesmo após roubo bilionário, criptomoedas de DeFi sobem até 52% na semana

Tokens das redes Solana e Terra superam o clima de medo e incerteza do mercado e atingem a maior cotação de sua história

“Nativos do mundo das criptomoedas se provaram bastante resilientes”, diz analista (Somyot Techapuwapat / EyeEm/Getty Images)

“Nativos do mundo das criptomoedas se provaram bastante resilientes”, diz analista (Somyot Techapuwapat / EyeEm/Getty Images)

Coindesk

Coindesk

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 11h09.

Os tokens Solana (SOL) e Terra (LUNA) atingiram a maior cotação de sua história nesta terça-feira, 17, com a capitalização total do mercado de criptoativos superando os 2 trilhões de dólares pela primeira vez desde maio deste ano.

A alta nos preços dos tokens que representam dois projetos construídos para o setor DeFi demonstra que investidores continuam confiantes em relação às finanças descentralizadas, especialmente quanto aos protocolos de primeira camada, apesar dos riscos de segurança que foram expostos pelo maior ataque cibernético da história do setor, ocorrido na última semana.

Solana (SOL), o token nativo da rede Solana, um blockchain público que tem o apoio de Sam Bankman-Fried, CEO da FTX, uma grande corretora de criptoativos, bateu recordes nos preços nesta terça-feira, 17. Sendo cotado a 75 dólares, de acordo com dados da FTX e do TradingView.

Enquanto isso, dados da Messari demonstram que os preços do criptoativo Luna (LUNA), token da rede Terra, um sistema de balanceamento responsável por garantir que as stablecoins mantenham a paridade com moedas fiduciária, como o dólar, atingiu o patamar de 25,90 dólares nesta terça-feira, atingindo a maior cotação de sua história.

Ambos os projetos são alternativas de primeira camada para a rede Ethereum, o blockchain do ether, a segunda maior criptomoeda do mundo em capitalização de mercado.

A ascensão da Solana e da Terra, de acordo com analistas, reflete a crescente demanda do mercado por uma maior escalabilidade nos blockchains, principalmente por conta do frenesi dos NFTs, que fizeram com que os criptoativos se aproximassem ainda mais do mercado convencional e muitos investidores e operadores continuam apostando que a iminente migração do mecanismo de consenso da rede Ethereum para proof-of-stake (PoS) será adiada.

No momento, o ether é negociado a 3.235,45 dólares, uma alta de 2,85% de acordo com o TradingView. A SOL, em comparação, obteve alta de 27,36% no mesmo dia e de 52% durante a semana.

“A mania liderada pelos NFTs no ecossistema da rede Ethereum está começando a respingar em seus protocolos concorrentes de primeira camada”, diz Adam James, analista sênior na OKEx Insights. “Porque nem todas as soluções alternativas de primeira camada tiveram notícias positivas em relação ao seu desenvolvimento neste intervalo de tempo, portanto, pode-se afirmar que a especulação é o principal motivo por direcionar investimentos aos protocolos menos desenvolvidos”.

Particularmente, o impulso agressivo da Solana em seu último lançamento, o Wormhole (ou buraco de minhoca, em inglês), um protocolo de comunicação entre os blockchains Ethereum e Solana, pode não ter acontecido no momento mais oportuno, segundo o head de pesquisa na Synergia Capital, Denis Vinokourov.

“A necessidade por uma rede escalável é necessária no momento, em oposição a casos como o da rede Ethereum e sua transição para o proof-of-stake”, disse Vinokourov.

O lançamento da rede principal do Wormhole também ocorreu ao passo que novos protocolos que permitem a transferência de tokens digitais entre múltiplos blockchains se tornaram particularmente vulneráveis à ataques cibernéticos. Na última semana, a plataforma de finanças descentralizadas Poly Network foi atacada, e teve aproximadamente 600 milhões de dólares roubados, assumindo o pódio como o maior ataque hacker ao setor DeFi da história.

O "hype" em volta do Wormhole demonstra que investidores e operadores continuam confiantes nos protocolos que oferecem soluções entre blockchains a medida que os riscos de segurança são minimizados.

Ataques cibernéticos “não são bons, é claro, mas acredito que os usuários de criptoativos demonstraram muita resiliência”, disse Vinokourov.

A alta nos preços da LUNA, por outro lado, pode ser atribuída à sua atualização antecipada, chamada “Columbus-5” que deve ser iniciada nas próximas semanas, assim como o fato de que usuários agora podem utilizar o ether como garantia no protocolo Ancor, uma plataforma de empréstimos descentralizados dentro do ecossistema Terra.

A atualização Columbus-5 “irá fazer com que todas as taxas de troca sejam direcionadas aos stakers da rede, ao invés de serem queimadas como eram no passado”, disse Justin Barlow, analista de pesquisa na The Tie. “Muitos aplicativos na rede Terra também estão programados para serem lançados depois da Columbus-5, então veremos um grande fluxo de entrada de novos projetos na rede”.

“À medida que cada projeto vai ao ar, os participantes da rede Terra receberão seus respectivos tokens, por conta de seus esforços de participação”, adicionou Barlow.

Em contrapartida, as notícias da Anchor fizeram com que o valor total bloqueado na rede chegasse próximo de 2,2 bilhões de dólares em apenas três dias, segundo dados da DeFi Llama. Anteriormente, os números eram de 1,75 bilhões.

A criptomoeda LUNA é parte de um sistema de algoritmos de balanceamento que faz com que stablecoins na rede Terra mantenham suas paridades com as moedas fiduciárias. Por exemplo, quando a TerraUSD (UST) é negociada por um valor acima de um dólar, os usuários podem enviar unidades de LUNA que correspondam ao valor de um dólar para o sistema, e receber um UST em retorno – uma negociação que ajuda a trazer o preço das stablecoins de volta ao normal.

O crescimento do valor total bloqueado na Anchor reflete a demanda por UST, porque os empréstimos na Anchor são subsidiados pelo liquidity mining da rede, disse Jeremy Ong, vice-presidente de oportunidades de negócio na empresa de pesquisa Delphi Digital. E, à medida que a demanda por UST cresce, mais tokens LUNA são queimados, o que naturalmente eleva os preços do token nativo da rede Terra.

Também é possível que tenha ocorrido um “efeito Coinbase”, quando um token digital tem uma alta em seu preço após ser listado na corretora. Nesta última semana, a Coinbase listou a Wrapped Luna (WLUNA), um token ERC-20 feito para rastrear o valor da LUNA, e a TerraUSD (UST), uma stablecoin descentralizada desenvolvida no ecossistema da Terra.

De acordo com Jeremy Ong, o momento em que a Coinbase listou a UST também teve papel importante no a propulsão dos preços da LUNA.

“A listagem da UST pela Coinbase provavelmente deu à criptomoeda muito mais credibilidade e demanda em meio ao clima de incerteza quanto à regulação das stablecoins”, disse Ong. “É a primeira vez que uma corretora respeitável como a Coinbase listou uma stablecoin como a UST”.

Texto traduzido e republicado com autorização da Coindesk
Acompanhe tudo sobre:BlockchainCriptomoedasFinançasHackersMercado financeiro

Mais de Future of Money

A disparada do bitcoin, regulação cripto ao redor do mundo e as perspectivas para 2025

Mulheres nas finanças e na tecnologia: paridade de gênero não pode esperar até 2155

Shaquille O'Neal vai pagar R$ 63 milhões para encerrar processo sobre NFTs

Coreia do Norte é acusada de roubar US$ 1 bilhão em ether com ataque hacker