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Mercado futuro de cripto: tudo o que você precisa saber

Aprenda sobre mercados que negocia cerca de US$ 100 bilhões por dia com André Portilho, responsável pela área de ativos digitais do BTG Pactual

Os futuros de cripto fizeram sua estreia no mercado em 2017, quando a CME começou as operações com futuros de bitcoin (EDUARD MUZHEVSKYI / SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Os futuros de cripto fizeram sua estreia no mercado em 2017, quando a CME começou as operações com futuros de bitcoin (EDUARD MUZHEVSKYI / SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2022 às 09h14.

Última atualização em 13 de abril de 2022 às 15h50.

Por André Portilho

@anportilho

Você sabia que o mercado de futuros de cripto é muito maior que o mercado à vista? É sobre isso que vamos falar no Crypto Insights desta semana.

Os futuros de cripto fizeram sua estreia no mercado em 2017, quando a CME – a maior bolsa regulada de futuros do mundo – começou as operações com futuros de bitcoin. Hoje a negociação desses instrumentos se espalhou pelas exchanges do mundo todo e negocia em média US$ 100 bilhões por dia.

Mas vamos voltar um pouco para entender antes o que é um contrato futuro e por que esse instrumento é de fundamental importância para o bom funcionamento dos mercados. Um futuro é tipo de instrumento derivativo que como o próprio nome diz, é um contrato que representa um acordo para um dado momento futuro. Esses contratos surgiram da necessidade de duas partes envolvidas em uma transação, comprador e vendedor, mitigarem os riscos de preço para frente.

https://www.youtube.com/watch?v=1aRctP8-dUA

Para ilustrar isso, imagine o seguinte exemplo: um produtor de soja faz todo investimento no plantio e produção da safra - sementes, fertilizantes, mão de obra, insumos, etc. Mas só vai receber por isso no momento da colheita. Se o preço da soja despenca antes disso o faturamento com a venda da safra pode ser menor que o investimento e o produtor ficar no prejuízo.

A mesma coisa pode acontecer com o dono da fábrica de óleo de soja, por exemplo, mas na ponta contrária. Se o preço da soja explode para cima ele vai ter que pagar muito mais caro e nem sempre vai conseguir repassar o preço para o consumidor.

Os contratos futuros foram inventados para isso. Mitigar os riscos de variação de preço nessas transações, travando um valor para o futuro. Esse tipo de instrumento já é utilizado há milhares de anos com essa finalidade.

Voltando agora para o nosso foco, esses instrumentos se sofisticaram nas últimas décadas e hoje são os mais líquidos, tanto nos mercados tradicionais como nos de criptoativos. O ponto central é que quando você compra um futuro, não tem que desembolsar o valor total dele como aconteceria se você comprasse o ativo normal. A liquidação de fato só vai acontecer no vencimento do contrato, e antes disso é preciso apenas depositar uma margem de garantia que é menor que o valor total do ativo. Isso acontece para garantir que existam recursos para liquidar a operação no vencimento.

Outra coisa importante é que da mesma forma que se pode comprar um futuro é possível vender também. Isso faz com que os mercados futuros sejam uma ferramenta de ajuste e controle de preços muito mais eficiente que qualquer outra. É o mercado dizendo o quanto deve custar cada ativo pelo simples balanceamento entre oferta de demanda, ou seja, quem está vendendo e quem está comprando. Adam Smith ia ficar orgulhoso com esse mecanismo.

Trazendo agora para o mundo dos criptoativos: à medida que as exchanges foram incluindo os futuros nas suas plataformas, eles foram ganhando liquidez. Isso motivou a evolução dos contratos por parte das exchanges, com a criação de novos tipos que não existem nos mercados tradicionais, onde tudo se originou. Os futuros perpétuos, por exemplo, concentram grande parte da liquidez de bitcoin e ether e permitem muito mais facilidade e flexibilidade de operação e liquidação.

O resultado disso tudo é que o volume dos futuros de cripto é muito maior do que o do mercado à vista. Pra dar o exemplo do bitcoin, se a média atual de volume no mercado à vista é de US$ 15 bilhões por dia a dos futuros é de US$ 100 bilhões por dia, os movimentos de preço na maioria das vezes são ditados pelos futuros.

Outro ponto importante é que como o mercado cripto funciona de forma ininterrupta, os seja, não para nunca, a forma como acontece a liquidação desses contratos também teve que evoluir e hoje o mercado cripto tem mecanismos de liquidação muito mais avançados que os do mercado tradicional. A minha visão é que essa evolução vai migrar para os mercados tradicionais também, pelo simples fato de ser mais eficiente.

Esse desenvolvimento que está acontecendo no mercado cripto é só um dos exemplos que mostram como essa nova tecnologia e classe de ativos vai transformar a indústria financeira daqui pra frente, mudando a forma como ganhamos, gastamos e investimos nosso dinheiro. Quem ainda não percebeu isso vai ficar pelo caminho.

Um abraço e até o próximo Crypto Insights.

*André Portilho é o head de Digital Assets do banco BTG Pactual

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