Bitcoin e outras criptomoedas acumulam perdas na semana (reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 18 de agosto de 2023 às 17h55.
O mercado de criptomoedas tem enfrentado um forte movimento de queda desde a última quinta-feira, 17. O próprio bitcoin, maior ativo do setor, é um destaque nesse movimento, acumulando uma perda de 6,3% nas últimas 24 horas e 11,2% nos últimos sete dias. Com isso, seu preço chegou aos US$ 26 mil, pior nível desde o fim de junho deste ano.
Por ser responsável por mais da metade de toda a capitalização do mercado, o desempenho negativo do ativo acabou reverberando pelo setor. Dados do Coingecko mostram que a capitalização de todo o mercado cripto acumula uma queda de 5,3% nas últimas 24 horas.
Por outro lado, o desempenho no acumulado do ano continua positivo. O bitcoin ainda tem uma valorização acima dos 60% e o mercado mantém uma capitalização acima dos US$ 1 trilhão. Entretanto, especialistas apontam que o quadro ainda pode piorar.
Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, pontua que o bitcoin e outras criptomoedas já vinham caindo desde o início da semana, refletindo a perspectiva de novas altas nos juros dos Estados Unidos e os ganhos nos títulos do Tesouro do país com vencimento em 10 anos.
Com isso, o cenário estava "afetando ativos de risco como um todo", incluindo as criptomoedas. Na visão dele, a piora na quinta-feira ocorreu após o anúncio de recuperação judicial da Evergrande, uma importante incorporadora chinesa, o que "mexeu bastante com o mercado".
"Isso, somado à alta dos juros americanos, é um risco grande pairando sobre o mercado", comenta o especialista. Além disso, o mercado de criptomoedas enfrentou problemas próprias, em especial os rumores em torno da venda de bitcoins pela SpaceX e a alta alavancagem entre investidores.
Por isso, ele estava mais vulnerável para quedas. Já Antonio Bertuccio, head of Strategies iVi Technologies, avalia que "a semana foi bastante negativa para o mercado cripto como um todo, o período foi marcado por uma continuação da correção no mercado". Na visão dele, as informações sobre a SpaceX e a aversão a risco são os grandes culpados.
Em relação aos juros, ele diz que "as últimas expectativas são de um início de corte da taxa de juros somente em maio de 2024. Isso deixaria os juros altos por muito tempo, o que poderia levar a uma recessão ou desaceleração econômica. O mercado cripto, que estava sofrendo menos que os índices acionários, acentuou sua queda ao longo da semana, entregando performance negativa em todas as criptomoedas".
"O único ponto positivo da semana é o fato de mesmo o mercado cair de forma correlacionada, a dominância do bitcoin caiu 2%, ou seja, o bitcoin acabou se desvalorizando mais acentuadamente que algumas altcoins [criptomoedas alternativas], o que pode significar um mercado mais favorável para altcoins no curto prazo", comenta.
Para Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, o mercado de criptomoedas está sendo prejudicado por uma convergência de notícias negativas, que pioraram um cenário já "delicado para as bolsas americanas em função de alta de juros e expectativa de recessão".
Entre esses fatores estariam o pedido de recuperação judicial da Evergrande, reforçando temores sobre a economia da China, e o caso da SpaceX, ainda não esclarecido. "Essas duas notícias trouxeram um impacto forte, o que ocasionou uma liquidação de quase US$ 1 bilhão em um período de duas horas", comenta.
"Esse foi o movimento de liquidação mais forte desde a quebra da FTX. Então, isso foi uma consequência das notícias e acabou também dando margem para algum tipo de manipulação", afirma.
Ou seja, uma reversão do quadro atual depende de notícias positivas para o mercado, seja um alívio quanto ao ciclo de juros nos EUA, um possível cenário mais positivo para a China ou novidades sobre a análise dos pedidos de ETF de preço à vista de bitcoin pela SEC.
Enquanto isso não ocorrer, porém, Felipe Pereira, gerente de conteúdo da Bitget, acredita que seria "perfeitamente natural" que o bitcoin desvalorize ainda mais, podendo chegar à casa dos US$ 25,6 mil e, "no pior dos casos", até em US$ 22 mil.
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