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Méliuz quer criar 'onda de adoção institucional' do bitcoin no Brasil após anunciar reserva

Em entrevista exclusiva à EXAME, fundador da Méliuz explicou objetivos por trás de nova reserva em bitcoin e citou eleição de Trump como fator "determinante"

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de março de 2025 às 16h23.

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Com a decisão de criar uma reserva de bitcoin e investir mais de R$ 23 milhões na criptomoeda, a Méliuz quer dar início a uma "onda de adoção institucional" do ativo entre empresas brasileiras. É o que afirma Israel Salmen, presidente do Conselho de Administração e fundador da Méliuz, em entrevista exclusiva à EXAME.

Junto com Marcio Loures Penna, diretor de Relações com Investidores da empresa, Salmen explicou quais são os objetivos da companhia com a criação da reserva e o que motivou o movimento, o primeiro do tipo por uma empresa brasileira com ações negociadas na Bolsa de Valores.

Os executivos pontuam que uma valorização das ações da companhia com a medida não é um objetivo da ideia, por mais que ela seja bem-vinda se ocorrer. Além disso, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 e o sucesso de empresas com medidas semelhantes são apontadas como as grandes razões por trás da decisão.

Bitcoin e Méliuz

O fundador da Méliuz explica que a empresa "começou a namorar" o bitcoin em 2021. Desde então, a companhia de cashbacks já permite que alguns dos seus clientes optem por obter o retorno por compras em bitcoin graças à aquisição da empresa Alter em 2021. Agora, ela quer ir além.

"A gente tem um dever moral a partir de agora de continuar melhorando esses produtos relacionados ao bitcoin no nosso ecossistema. Queremos expandir funcionalidades com criptomoedas para toda a base. E com certeza oportunidades serão criadas relacionadas ao bitcoin", diz Salmen.

O executivo ressalta esperar que a criação de uma reserva da criptomoeda pela empresa seja o "o início de uma onda de adoção institucional no Brasil. Espero que a gente tenha aberto a porteira para outras empresas estudarem o tema. E me coloco à disposição para conversar sobre".

Mesmo assim, ele pontua que a Méliuz "continua sendo a Méliuz". "A compra de bitcoins é só uma estratégia de tesouraria, então isso não vai ser o principal fator que leva à decisão do investidor [de comprar ou não ações da empresa".

Já Penna avalia que "quem acredita no bitcoin vai querer uma exposição via Méliuz, mas isso é consequência. O ponto central é que acreditamos na moeda como reserva de valor. O que acontece com a ação é consequência, não é relevante no curto prazo. Mas a gente puxou uma discussão".

O diretor de Relações com Investidores explica que as discussões sobre a adoção da criptomoeda foram iniciadas a partir de uma proposta de Salmen. A partir disso, estudos e discussões internas na empresa chegaram à conclusão que o investimento fazia sentido.

"A companhia está indo super bem no core. O mercado mudou muito, principalmente taxa de juros, e aí precisamos mudar a estratégia focando em rentabilidade. Hoje, geramos mais de R$ 360 milhões de receita, com 35 milhões de usuários. É um modelo robusto, gerador de caixa, com zero de dívida", comenta.

Penna afirma que a Méliuz encerrou 2024 com cerca de R$ 600 milhões em caixa, o que gerou discussões sobre a destinação do valor. Uma parte retornou para os acionistas via debêntures, mas ainda havia um valor restante. Com isso, a empresa decidiu destinar parte dessa fatia para a aplicação em bitcoin, respeitando um limite de 10% das suas reservas.

Salmen pontua que a estratégia da empresa não leva em conta as variações de curto prazo no preço do bitcoin: "A gente não tem preço-alvo. O foco está no longo prazo. A gente comprou para ter e carregar, e aí o preço acaba sendo um detalhe. A volatilidade existe, e é o motivo para termos uma alocação minoritária. A gente quis colocar uma parcela no ativo que não colocasse a empresa em risco".

"A alocação de 10% indica que queremos sim correr o risco de investir no bitcoin, mas em um montante que não gere impacto no curto prazo", diz. Salmen, que conheceu a criptomoeda há mais de dez anos, destacou que, hoje, "a maior parte da minha liquidez está em bitcoin. Não tem nada igual no mercado. Mesmo então as outras criptos, nenhuma é tão descentralizada, segura e valiosa".

O presidente do conselho da Méliuz classifica o bitcoin como uma "versão melhorada do ouro". Já a adoção do ativo envolveu dois grandes fatores. De um lado, está a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro, o que fez "todo mundo começar a enxergar o valor do ativo".

Do outro, está o sucesso de empresas que adotaram a criptomoeda como ativo de reserva, com destaque para a Strategy - pioneira na estratégia - e na japonesa Metaplanet - que viu suas ações saltarem 4.800% desde então. Salmen pontua ainda que as aquisições do ativo são diretas, e não via ETFs, e que não foi feita via emissão de dívida, como ocorre com essas empresas.

"Para o que a gente fez agora, acho que estamos longe de ter um retorno e impacto como a Strategy e a Metaplanet. Os 10% não deixam o mesmo nível de volatilidade. Em um primeiro momento, não acho que isso vai gerar uma valorização no papel no curto prazo", avalia.

Penna, o diretor de Relações com Investidores da Méliuz, pontua ainda que a empresa "não quer ser uma trader, vendendo e tentando ganhar dinheiro com valorização e desvalorização do bitcoin. Esperamos ser um precursor aqui no Brasil, levantar a bandeira que todo mundo vai ter uma alocação por acreditar na moeda".

"A turma da Faria Lima, muitos são mais céticos ao bitcoin. Eu escutei de tudo, gente que acha que ainda é novo, muito volátil pra uma empresa, mas surpreendentemente, a maior parte dos analistas gostou da alocação, porque o valor da moeda está no sentido de estar exposto a algo que não seja o real e o dólar. A viabilidade de ampliar adoção depende de um estudo, mas vai ser interessante ver como vai ficar a base de acionistas com esse plano", avalia.

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