Stablecoins surgiram como alternativa simples para ter exposição ao dólar (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 28 de setembro de 2023 às 11h43.
O banco JPMorgan divulgou nesta semana um relatório em que afirma que as stablecoins, criptomoedas pareadas a outros ativos, representam um risco de "disrupção" no mercado de fundos de investimento e vão precisar se adaptar a novas regras no mercado.
O JPMorgan falou sobre o tema ao comentar uma decisão recente do Federal Reserve, que proibiu a criação de fundos de investimento com o único objetivo de servir como um repositório de reservas. Na prática, as stablecoins não poderão usar essa modalidade para ter liquidez em suas operações.
Na visão do banco, isso fará com que essas criptomoedas precisem "competir" com a indústria de fundos de investimento por ativos como títulos do Tesouro, que são um dos recursos usados para garantir a paridade entre a stablecoin e um ativo. A expectativa é que a demanda maior eleve as taxas desses títulos.
"Embora proibir o acesso a fundos não padronizados do mercado monetário faça sentido do ponto de vista da estabilidade financeira, corre o risco de perturbar o piso já fraco para as taxas do mercado monetário que o ON RRP da Fed fornece atualmente", explicou o JPMorgan.
Os analistas do banco avaliaram ainda que uma tendência de crescimento no mercado de stablecoins pode gerar novos compradores e demanda por títulos do Tesouro dos Estados Unidos, criando um desequilíbrio entre oferta e demanda ainda mais intenso e afetando as taxas.
Ao mesmo tempo, isso pode resultar em uma exposição maior do mercado tradicional às "turbulências" do mercado de criptomoedas, já que problemas internos desse segmento podem reverberar nas dinâmicas de oferta e demanda pelos títulos do Tesouro.
O JPMorgan avalia que liquidações massivas de investidores em stablecoins impactariam o mercado de títulos do Tesouro, algo que é natural no mundo dos investimentos. Entretanto, ele avalia que o mercado de criptomoedas "parece estar mais propenso a isso".
"Além disso, qualquer liquidação massiva seria provavelmente limitada pelos balanços dos revendedores e pela sua capacidade limitada de intermediação, o que também poderia impactar outros emissores de stablecoins e outros detentores de liquidez", destacou o banco.
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