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JPMorgan: recuperação do mercado cripto depende de expansão das stablecoins

Banco acredita que criptomoedas não vão ter recuperação maior enquanto stablecoins estiverem perdendo mercado

Stablecoins surgiram como alternativa simples para ter exposição ao dólar (Reprodução/Reprodução)

Stablecoins surgiram como alternativa simples para ter exposição ao dólar (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 19 de maio de 2023 às 11h43.

O mercado de criptomoedas teve uma recuperação em 2023, mas o banco JPMorgan, um dos maiores do mundo, avalia que esse movimento não deve se intensificar sem o crescimento de um segmento importante: o de stablecoins. Analistas da instituição falaram sobre o tema em um relatório divulgado na última quinta-feira, 18.

No relatório, o JPMorgan destaca que as stablecoins - criptomoedas pareadas com outros ativos, em geral o dólar - tiveram uma redução no número de investidores nos últimos meses. Na visão dos analistas, enquanto essa perda não for revertida, a recuperação no mercado cripto é "improvável".

"Os ventos contrários da repressão regulatória dos EUA às criptomoedas, a instabilidade das redes bancárias para o ecossistema cripto e as reverberações do colapso do FTX no ano passado estão pesando no universo das stablecoins, que continua encolhendo", afirmam os analistas.

A principal stablecoin prejudicada pelas ações de reguladores dos Estados Unidos é a Binance USD, ou BUSD. O ativo, que é pareado ao dólar, teve a sua emissão suspensa pela Paxos após uma ameaça de processo pela Comissão de Valores Mobiliários do país, a SEC.

Ao mesmo tempo, a USDC - também pareada ao dólar - foi prejudicada pela falência de bancos nos EUA. Um deles, o Silicon Valley Bank, fazia a custódia de uma parte das reservas da stablecoin, usadas para garantir que 1 unidade dela equivale a US$ 1. A quebra do banco gerou medo entre investidores, que começaram a se desfazer do ativo. Por alguns dias, ela chegou a perder a paridade, que foi recuperada após o resgate das reservas.

Como consequências desses movimentos, o JPMorgan detectou um aumento da expansão da fatia do Tether, a USDT, no mercado de stablecoins. Entretanto, o banco ressaltou que isso não ocorreu por um aumento de usuários, mas sim pela atração de investidores das duas stablecoins concorrentes.

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Dívida nos EUA e stablecoins

Ao mesmo tempo, o atual impasse nos Estados Unidos em torno do aumento necessário no teto da dívida do governo para evitar um calote nas próximas semanas "chamou atenção para as reservas das principais stablecoins", na visão do banco. O principal ponto é que boa parte dessas reservas são em títulos do Tesouro do país. Em geral, as aplicações estão entre as mais seguras do mercado, mas o risco de calote gerou incertezas entre investidores.

Para o JPMorgan, um calote por parte do governo dos EUA teria forte impacto no mercado cripto como um todo, mas com efeitos ainda piores para as stablecoins. Outro segmento que seria mais afetado é o de finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), já que as stablecoins são frequentemente usadas como garantia em operações.

Nesse cenário, o relatório do banco destacou o movimento da emissora da USDT para diversificar suas reservas de garantia de paridade. Na visão do JPMorgan, o movimento reflete um esforço para se proteger de problemas em torno do debate de aumento do teto de dívida nos EUA. Entretanto, a escolha do bitcoin como ativo para essa diversificação também possui riscos, avaliou um analista em entrevista à EXAME.

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