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Investimento milionário de El Salvador em bitcoin já perdeu 26% do valor

Governo de Nayib Bukele comprou 1.801 bitcoins a um preço médio de US$ 49,1 mil, mas criptomoeda é negociada atualmente a pouco mais de US$ 36 mil

El Salvador foi o primeiro país a adotar o bitcoin como moeda de curso legal (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)

El Salvador foi o primeiro país a adotar o bitcoin como moeda de curso legal (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 17h41.

Última atualização em 24 de janeiro de 2022 às 19h09.

No último fim de semana, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou a compra de mais 410 unidades de bitcoin com as reservas do país, por cerca de 15 milhões de dólares, chegando a um toal de 1.801 bitcoin no tesouro nacional. O ousado movimento, entretanto, apesar de ainda pode se provar uma boa ideia no futuro, até o momento acumula queda de mais de um quarto do valor — e prejuízo milionário.

Com a queda recente no preço da principal criptomoeda do mundo, atualmente negociada a US$ 36 mil, o investimento do governo salvadorenho acumula perda de 26,4% do seu valor — os 1.801 bitcoins que El Salvador comprou por US$ 88,4 milhões, atualmente valem cerca de US$ 65 milhões.

A perda, claro, ainda é virtual, já que o governo salvadorenho não vendeu nenhum bitcoin e continua com a mesma quantidade do ativo em caixa. Mesmo considerando que as perspectivas de valorização da criptomoeda no longo prazo continuem e que as teses de investimento em bitcoin não foram afetadas nem estão ligadas à queda recente de preço, a situação é preocupante, especialmente por se tratar de um país cuja economia enfrenta problemas.

O contexto de crise econômica, aliás, é uma das principais razões para o país centro-americano ter decidido adotar o bitcoin como uma moeda de curso forçado em setembro de 2021. A medida, bastante polêmica, visa aumentar o interesse de investidores no país e oferecer aos salvadorenhos uma maneira mais eficiente de realizar remessas internacionais. Cidadãos salvadorenhos que vivem em outros países e enviam dinheiro para familiares em El Salvador respondem por mais de 20% do PIB.

Desde que adotou a criptomoeda, El Salvador prometeu criar uma operação de mineração de bitcoin utilizando energia produzida pelas usinas geotérmicas do país, além de ter investido pesado na compra da criptomoeda.

Inicialmente foram gastos cerca de US$ 35 milhões em 700 bitcoins, em setembro. Em outubro, Bukele anunciou que o país havia adquirido mais 420 bitcoins a um preço médio de US$ 59 mil cada um. No final de novembro, logo após o bitcoin atingir seu maior preço de todos os tempos, de 69 mil dólares, ele comprou outras 100 unidades da criptomoeda por cerca de US$ 54 mil cada um.

A alocação mensal de El Salvador continuou em dezembro, quando foram adicionadas outras 171 moedas, fazendo com que o país encerrasse 2021 com 1.391 BTC em suas reservas. A queda do bitcoin em janeiro de 2022 motivou o governo Bukele a realizar novo aporte: no último sábado, foram mais 410 bitcoins a cerca de US$ 15 milhões.

Apesar da queda de preço e do prejuízo virtual acumulado, é bastante improvável que Nayib Bukele venda qualquer quantidade de bitcoin das reservas salvadorenhas. Recentemente, ele fez uma previsão de que o preço da criptomoeda vai "atingir seis dígitos" ainda em 2022. Ele também trabalha no projeto de desenvolvimento da "Cidade Bitcoin" no país.

No começo desta semana, o presidente de El Salvador fez piada sobre a queda de preços no mercado cripto, quando postou uma foto vestido com uniforme de funcionários do McDonald's, fazendo referência a um meme que brinca sobre investidores de criptoativos precisarem buscar um emprego em momentos de baixa nos preços dos ativos digitais.

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